Portadores de Deficiência Candidatos à Assembleia da República!

Quem me conhece bem diz que sou um Republicano crónico sem complacências para com os demais regimes. A ponto de dizer que, um estado onde uma criança não possa sonhar com o mais alto cargo da sua nação, é um estado sem essência. E, esta singela crónica vem um pouco nesse mesmo sentido. Não. Não se preocupem, porque não será uma candidatura minha à Presidência Portuguesa. Até porque não tenho idade por questões constitucionais.

Estamos a dois dias das Eleições Legislativas e nestas eleições haverá pela primeira dois candidatos a Deputados à Assembleia da República, portadores de deficiência.

Ana Sofia Antunes (presente na fotografia no topo desta página) formada em advocacia, é cega e recebeu o convite para integrar a lista do PS por António Costa. Encontrando-se na 19ª posição como candidata do Partido Socialista ao Parlamento, por Lisboa. Esta é a primeira vez que uma pessoa com deficiência pode chegar à Assembleia da República. Tendo trabalhado na Câmara Municipal de Lisboa, como assessora durante vários anos do vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, o professor Nunes da Silva. E, por isso esta muito ligada ao movimento das pessoas com deficiência. Defende que a sua principal prioridade será o trabalho em prol das pessoas com deficiência e que esta causa não é de esquerda nem de direita, mas sim de todos os quadrantes políticos e de todas as ideologias!

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Jorge Falcato, Candidato a Deputado pelo Bloco de Esquerda

Igualmente pelo Circulo Eleitoral de Lisboa, candidata-se Jorge Falcato . Ativista do Movimento (d)Eficientes Indignados. Estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. E, é arquiteto na Câmara Municipal de Lisboa. Estando na 5ª posição como candidato pelo Bloco de Esquerda ao Parlamento. E, em 2014 já tinha sido candidato pelo Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, na 16ª posição.

Quatro anos após o 25 de Abril um polícia da PSP disparou sobre uma manifestação anti-fascista causando dois feridos e um morto. Jorge Falcato ficou gravemente ferido na sequência dos disparos, ficando paraplégico desde dia em 1978.

Para mim, talvez seja o inicio de um alerta a população e essencialmente a classe política, no que respeita à discriminação para com as pessoas portadoras de deficiência em relação a uma maior integração dos deficientes na sociedade, no mercado de trabalho. De dizer não à institucionalização ou sensibilizar para o fim das barreiras arquitectónicas existentes no nosso quotidiano.

Pois, todos nós que andamos e percorremos uma qualquer rua, de qualquer cidade, verificamos que a exclusão é real demasiado real até. Contribuindo sem fim à vista para a contínua reclusão das pessoas com deficiência.

Esta LUTA é de todos nós cidadãos do mundo, pelo simples facto de não poder admitir que em pleno Século XXI haja cidadãos de primeira e cidadãos de segunda, apenas no que toca a determinados assuntos.

Sendo eu, igualmente deficiente e tendo direitos e deveres como os demais, tinha de escrever este pequeno artigo.