Portugal e UE – a “união de facto”, etc. coisa e ponto!

Em dia de Eleições Europeias, este vosso camarada cronista optou por fazer uma reflexão retrospectiva – menos técnica e de cariz mais mundano – da nossa “união de facto” com essa entidade amorfa, não-palpável e de carácter omnipresente, denominada de União Europeia (outrora, vulgo CEE).

Portugal é membro da União Europeia desde 1 de janeiro de 1986, após ter apresentado a sua candidatura de adesão a 28 de março de 1977 e haver assinado o acordo de pré-adesão a 3 de dezembro de 1980.

Ora, provindo de França (onde nasci), vim morar para uma pequena vila-subúrbio, próxima do Porto, com todas as características próprias de uma vila-subúrbio dos anos 80:
– A mercearia da esquina; As ruas em pedra assente; Apenas 2 canais televisivos, com horário de abertura e de fecho; Usar a roupa e calçado dos irmãos mais velhos, quando estas deixavam de lhes servir, etc. ponto e coisa…

Isto é dizer, então, que eu sou do tempo desse clímax socioeconômico que fez as delícias da nossa infância e adolescência, em que ser Europeu era, de facto, uma coisa vibrante e exultante…

Sentíamo-nos parte de algo maior e melhor, sentíamo-nos como aldeões acabados de chegar à grande cidade.

A evolução e a modernização das infra-estruturas públicas, os ECU’s, os “Jogos sem Fronteiras”, os Hipermercados, com donuts e Ketchup, etc. ponto e coisa…

Volvidos quase 30 anos, é curioso analisar que a essa sensação desvaneceu, qual brinquedo na mão de uma criança…

A ilusão caiu e instaurou-se uma sensação de banalidade, em muito acrescida ao facto de que os países europeus foram sempre algo relutantes nas suas cedências politico-financeiras, e isto nunca foi de facto uma Federação, como era idealizado inicialmente.
Reconheçamos que ganhamos mais do que perdemos, mas alguns houve que ganharam bem mais! E a realidade da nossa “união de facto” com a UE, é bem distante desse sonho acordado, desse frenesim sociocultural da descoberta, da experimentação, de degustação que durou até finais da década de 90, do século passado…

No fundo, esta recente crise de 2009 foi apenas um solavanco maior, numa estrada com bastantes buracos!

Agora, falta perceber para onde ruma o nosso país e falta perceber para onde ruma esta UE… Como em qualquer casamento, tem de haver um objetivo comum que se sobreponha aos objetivos individuais, mas que estes últimos não sejam descurados nunca, pois não podemos ser unos com outrem, senão formos unos com nós próprios!

pascal_silva_logoCrónica de Pascal Silva