Portugal não é igual à Grécia

Segunda entrevista do mês com políticos da nossa praça. Começámos com Passos Coelho e passámos ao atual líder do CDS-PP, numa conversa conduzida pela já nossa conhecida jornalista que em março entrevistou António Costa, editora deste órgão noticioso que publica à segunda-feir13a.

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JORNALISTA – Obrigada por ter aceitado irrevogavelmente responder às nossas perguntas.

PAULO PORTAS – Irrevogavelmente é como quem diz, vai depender da pertinência das suas perguntas. O perigo maior é cair em contradição. A algumas delas eu já respondi tantas vezes e desde há tanto tempo, que até já me esqueci do que disse da primeira vez. Recuso falar do passado. Se os temas não forem atuais, a entrevista vai por água abaixo.

JORNALISTA – Por água abaixo … é uma excelente deixa para falarmos dos submarinos.

PAULO PORTAS – Só dos submarinos?! Nestes últimos quatro anos houve tantas coisas que infelizmente foram por água abaixo, que tínhamos aqui pano para mangas. Podíamos ficar dois dias à conversa. Quer começar por onde?

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JORNALISTA – Pelo processo da compra dos submarinos a uma empresa alemã.

PAULO PORTAS – Foi tudo legal. Não temos é a culpa de que ela tivesse encerrado. Desde o começo da crise financeira, eram reduzidas as probabilidades de insolvência de uma empresa daquele país, por isso não optámos por uma de um país periférico como a Espanha ou a Grécia, onde o preço até era mais baixo.

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JORNALISTA – Concorda com a saída da Grécia do Euro?

PAULO PORTAS – Sem dúvida, mas não sem antes saírem da Grécia os milhões de euros que investimos na compra de dívida pública. Oiça, eu repito: Portugal não é igual à Grécia. A economia deles está em recessão, a nossa não. Os índices de pobreza deles sobem, os nossos descem. Lá, os políticos mentiram nas estatísticas que enviaram à união Europeia para aderirem ao Euro, por cá, são as estatísticas baseadas em sondagens que mentem quando dizem que os políticos em Portugal são todos iguais. Não se vê logo que não há nenhuma semelhança entre mim e aqueles radicais do Bloco de Esquerda?!

JORNALISTA – Mais um ato irresponsável. À semelhança do que acontece neste momento em Alvalade, com o presidente do Sporting a querer processar os antigos dirigentes, há quem concorde em que os políticos deviam ser penalizados pelos atos que se revelam danosos para a economia e que, nos casos mais graves, deviam ser presos. Concorda?

PAULO PORTAS – Oiça, não estar mais em desacordo, mas só porque não sabemos quem pode querer ir depois visitar-nos à cadeia. Tenho ouvido que aquele preso em Évora já lá teve montes de vezes os doutores António Costa e Mário Soares.

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JORNALISTA – Recentemente a sua ministra Assunção Cristas, revelou que um fundo europeu reservado ao investimento, foi todo usado pelos agricultores portugueses. Considera que estamos a regressar às origens?

PAULO PORTAS – Felizmente sim, mas ao tempo em que de Portugal, quando se ouvia falar, vinham imediatamente à memória os fantásticos golos do Peyroteo

JORNALISTA – Do Peyroteo, avançado dos cinco violinos?! Acho bem, mas quando se recorda o passado, costumam evocar-se os golos de Eusébio. É por ser sportinguista?

PAULO PORTAS – Não, é por nessa época ainda não ter nascido e a minha pobre mãe ainda não recear o começo da guerra colonial onde eu, quando tivesse idade para ser militar, podia ir bater com os costados, se não me valessem as cunhas.

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JORNALISTA – Os Vistos Gold trouxeram investimento ao nosso país?

PAULO PORTAS – Oiça, podem não ter trazido tanto investimento como inicialmente pensámos, mas investidores trouxe com certeza. Por muito pouco dinheiro que eles quisessem investir cá em Portugal, nenhum estrangeiro que viesse para comprar uma casa num empreendimento de luxo ou uma propriedade no Alentejo, deixaria de cá vir para ter a certeza de que não estava a ser burlado por nenhum mediador imobiliário.

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JORNALISTA – Um dos sete pecados capitais de que António Costa acusa este Governo, é o da falta constante de médicos sobretudo no interior do país.

PAULO PORTAS – Oiça, não tinha dado por nada! Sempre pensei que tanta gente a instalar-se no litoral deixando as terras ao abandono, era por causa do encerramento das escolas e dos tribunais, das estações da CP, dos postos dos CTT, das farmácias, das repartições de Finanças, dos locais de atendimento da Segurança Social, obrigando a deslocações de dezenas de quilómetros, e não para virem às consultas. Mas há mais?

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JORNALISTA – Pelo menos seis. Eles são sete. Mas fique descansado, não vamos falar de todos porque o tempo da nossa entrevista aproxima-se do fim e só podemos falar de mais um. O seu Partido tem a pasta da Solidariedade. Se for reeleito, o ministro Mota Soares vai continuar a cortar nos apoios sociais?

PAULO PORTAS – Oiça, vai ser diferente. Vamos aliviar os portugueses, mas temos de ir por partes. Em primeiro lugar, trocamos o ministro por uma figura mais simpática, depois os assessores mais carrancudos, o que já não deixa de ser ótimo. Seguidamente, diminuímos a burocracia, eliminando uns tantos formulários, e lá mais para diante, se o desemprego continuar a aumentar, reabrimos os postos de atendimento que, para cortar nos custos, a Troika nos obrigou a fechar. Diga lá se não é um alívio para todos os portugueses? Mais dinheiro, abonos e aumento dos subsídios, é que só lá para finais de dois mil e dezanove.

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