“Portugal: unir esforços”

Os avanços na estabilização da situação financeira do erário público não foram acompanhados por uma retoma vigorosa da economia real. Bem sei que os dados estatísticos mais recentes apontam para um aumento do consumo privado, e a estratégia do IGCP (que tutela a gestão da dívida pública), a meu ver, é inteligente (comprando parte da própria dívida pública) e poderá ser determinante para uma saída “limpa” do programa da Troika; porém, quando mais austeridade vier a ser imposta aos portugueses, todos esses ganhos serão perdidos em muito pouco tempo.

A situação do país é gravíssima, a nível social. A austeridade imposta pelo governo PSD-CDS ao país produz os seus efeitos mais nefastos na qualidade da prestação de serviços públicos, como o Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde se perdem vidas humanas devido à inexistência de cuidados intensivos em hospitais que servem populações na área de dezenas de quilómetros.

O país precisa da criação urgente de emprego. Uma geração, ou até duas gerações perdidas, que emigram, por não terem emprego. Este Portugal não pode continuar assim. Os mais velhos ajudam filhos e netos como podem, e mesmo assim continuam a sofrer cortes atrás de cortes nas suas reformas.

A Educação está num limbo. Não existe rumo definido para a Educação, senão uma política de poupança nos gastos com o ensino público, mesmo que isso signifique o regresso de Portugal à enorme percentagem de crianças e jovens que abandonam a escola, e que muito devem envergonhar o ministro Nuno Crato e restante governo, pois trata-se de um regresso ao passado, um verdadeiro “passo atrás” no caminho que o nosso país está a seguir.

Posto isto, seria de esperar uma alternativa forte por parte da oposição. E onde está ela, pergunto eu?

O PSD, reunido em congresso, desafia António José Seguro, o secretário-geral do PS, a anunciar o “cabeça-de-lista” às Europeias deste ano, e assim Seguro faz: anuncia Francisco Assis como candidato.

E anunciar propostas para o combate ao desemprego? E sugerir melhorias no SNS? Ou até fornecer alternativas credíveis para o rumo do ensino público?

Nada disto tem merecido resposta por parte do PS, que mais parece estar moribundo, de tão frágil que é a sua liderança. Logo agora, que este PSD no poder, aliado ao CDS, constitui o governo mais anti-patriótico que Portugal já conheceu desde 25 de Abril de 1974.

Chegou o tempo de defender ideias impulsionadoras para o país, que criem esperança e motivação ao país; defender o estado social; proteger os mais fracos; premiar o esforço dos mais tenazes; “não deixar ninguém para trás”, pois todos nós somos válidos e preciosos para levantar de novo as boas virtudes do nosso país. E, para que tal seja possível, os políticos não deverão ser sectários, pois é o tempo de unir esforços, e não de ver “quem é o melhor da avenida”.

 

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana