Portugueses? Ui, que malta estranha… – Ricardo Espada

Basta observar, com particular atenção, o título desta crónica durante uns longuíssimos cinco segundos, para se chegar a uma simples conclusão: O texto que se segue, provavelmente, irá ser um misto de excrementos de cavalo, com cagadelas de pombo. Pois que, sendo eu uma pessoa que se preocupa, essencialmente, em não defraudar as baixíssimas espectativas do leitor ao ler esta crónica, quero avisá-lo desde já que, sim, confirma-se: esta crónica é uma verdadeira bosta. Mas, não é uma bosta qualquer. Não é uma daquelas bostas que, sem querer, pisamos na rua e, quase instantaneamente, exclamamos: “Ah, merda!” Não, senhor. Esta é uma bosta de qualidade! Uma bosta que emana um cheiro bastante peculiar – penso que, de facto, é urgente colocar um travão no ambiente puramente excrementício que se está aqui a criar porque, honestamente, já me está a cheirar a qualquer coisa. E não é a rosas, não…

Bom, peço ao leitor para ignorar completamente o primeiro parágrafo deste texto, porque serviu apenas para “encher chouriços”. E porquê? Porque eu vou ser bastante básico no tema que decidi trazer hoje, e achei que deveria presentear o caro leitor com uma dose extra de parvoíce extrema, para que os 60 segundos que irá perder a ler esta crónica, não se venham a revelar demasiado dolorosos.

Eu não queria dar razão aos povos do leste, quando estes afirmam que os portugueses são malta muito estranha. Mas, desta vez, não tenho qualquer argumento para contrariar essa forma de pensar dessa malta que come salsichas com mostarda, como se estivesse a beber água – pensando bem, eu nunca os vi a beber água, mas sim, apenas cerveja. Custa-me afirmar isto, mas eles têm razão: os portugueses são estranhos, e fazem por continuar a sê-lo. E como é que eu cheguei a esta extraordinária e surpreendente conclusão? Bastou-me ter de usar uma casa-de-banho pública para se fazer luz na minha cabeça.

Ora diga-me, esbelto leitor que, teimosamente, continua a ler este texto: Porque razão, é que os simples utilizadores de casas-de-banho públicas, quando se deslocam às mesmas acompanhados por um amigo, colega ou um simples conhecido, ficam em silêncio absoluto quando estão concentrados a fazer o respectivo serviço que os levou até aquele recanto de evacuação, e quando chega à hora de lavar as mãos e as secar, decidem encetar um verdadeiro diálogo digno de ser praticado no Hospital Júlio de Matos? É que, caso não tenha reparado, amigo leitor, eles estão a secar as mãos depois de as lavar, e o raio do secador de mãos faz um barulho de tal forma berrante, que os obriga literalmente a conversar aos berros uns com os outros, para se fazerem entender! O que, para quem acaba de entrar na casa-de-banho, é suficiente para apanhar um valente susto de morte, pensando encontrar-se num hospício. E, o mais absurdo no meio de toda esta estranha atitude por parte dos utilizadores de casas-de-banho públicas, é que o raça do secador raramente fornece ar quente, o que os leva a permanecer durante largos minutos aos berros uns com os outros, para que se consigam entender mutuamente, enquanto esperam que as mãos enxuguem. É uma atitude estranha, mas com cada vez mais praticantes…

Bom, e é apenas e só isto que tenho para partilhar consigo, simpatizante leitor. Não esteja com essa cara, que eu bem avisei que ia ser um misto de excrementos de cavalo, com cagadelas de pombo. Mas não, armado em teimoso, quis ler até ao fim só para confirmar se eu não o estava a induzir em erro. Sinceramente, ó leitor, eu não entendo o povo português… Pfff…

Até para a semana, malta catita…

 


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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