Portugueses: um povo, por vezes, demasiado irritante… – Ricardo Espada

Olá, coisinhas sexy. Sim, mesmo tu que estás aí no canto, com a barba por desfazer, calças rasgadas, olheiras, e com o cabelo completamente sedoso. Tu também és sexy. À tua maneira, és sexy. À minha não, mas todos têm o direito de se sentir sexy. Pronto, tu não és sexy. Sai lá do canto, e vai lá lavar esse cabelo e desfazer a barba. As calças rasgadas podes deixar ficar, que ninguém repara nisso. Depois sim, volta que já te enquadras no grupo de leitores sexy que lêem esta rubrica.

Bom, eu possuo um especial repúdio por todos aqueles estrangeiros que falam mal de Portugal, e dos seus habitantes – que, só por mero acaso, diz que são os Portugueses. E esta, hem? Isto há lá coisas… Normalmente, eles falam mal dos nossos hábitos, práticas e manias, sem sequer colocarem cá os pés. Ouvem dizer que somos assim e assado, e comentam com os seus pares, que somos assim um povo muito estranho, burro, estúpido e analfabeto. Mas, esquecem-se completamente dos descobrimentos! Da nossa história e de quem descobriu o caminho marítimo para a India e para o Brasil: obviamente que não pertenço à classe estranha, burra, estúpida e analfabeta do nosso povo, e sei que foi o Zézinho que descobriu o caminho marítimo para a India, assim como, que foi o sacana do Joãozinho que descobriu o Brasil. Estes dois malandros eram danados para navegar. Os patifes.

Mas, por outro lado, eu tenho de reconhecer que, por vezes, somos um povo bastante estranho, burro, estúpido e analfabeto. Eu não queria – e isto faz-me imensa comichão, mas lá terá de ser… –, mas tenho de concordar com os raça dos estrangeiros. Existem pessoas absurdamente estúpidas no nosso povo. Não são facilmente detectáveis a olho nu, mas que elas existem, lá isso existem. E onde é que as podemos encontrar? Nos cafés, meus amigos (e bastante sexy!) leitores. É verdade, eles refugiam-se nos cafés. E não só: eles refugiam-se nos cafés sim, mas é apenas em dias de jogos de futebol que os conseguimos detectar. É nessas alturas que o seu disfarce cai por terra, e a estupidez que impera no seu ser vem à tona.

Falo, obviamente, naquelas pessoas que vão ver os jogos de futebol para o café e, normalmente, surgem munidos não só da sua capacidade de visão (o que faz imensa falta para ver o jogo…), mas, igualmente, de um rádio e os respectivos fones para ouvirem o raio do relato do jogo. Basicamente, estas pessoas confiam mais nos seus ouvidos, do que propriamente na sua visão. Ou seja, eles estão a ver o jogo na televisão, mas confiam mais nos relatos (e berros!) que estão a ouvir através dos fones, do que no que estão a ver.

Ora, isto causa alguma revolta no resto das pessoas que estão, excitadamente a ver o jogo no café, quando de repente ouvem «É GOLO!» vindo do estafermo que está na mesa do canto com os raiosmaparta dos fones nos ouvidos a ouvir o relato. Porque, normalmente, só após 20 segundos é que vemos o golo a acontecer. É que se vê a redondinha a entrar dentro da baliza. E fica tudo sem reacção, e sem vontade de festejar porque, uma besta qualquer, acha que é muito giro saber primeiro que os outros que foi golo. Noto que, estas antas, gostam de sentir um poderzinho especial (E estúpido, pá! Bastante estúpido, pá!), em antecipar-se ao resto das pessoas que estão atentas ao que se passa na televisão. «Ah, e tal: eu prevejo o futuro! Consigo saber primeiro que todos que estão neste café, quando é que vai ser golo. E quando é que vai ser pénalti, e se é verdadeiramente fora-de-jogo, ou não. Ah! Ah! Ah! Eu sou o maior!» Correcção: vós não sois os maiores, sois sim umas enormes bestas! Daquelas que dá vontade de pegar pelo colarinho, colocar em cima de uma das mesas do café em posição de quatro, pegar no respectivo rádio e fones, e os introduzir mesmo no meio do raça do «coise» (Juntamente com um pouco de Betadine, para não infectar. Porque, se há zona do corpo humano onde é aborrecido apanhar uma infecção, penso que o «coise», é um dos piores…), ouvindo depois em eco, os berros dos relatores do jogo a gritar «GOLOOOOOOO!». Isso sim, é o que vocês mereciam… A ver se gostavam.

Deveria existir uma lei contra estas bestas. Deveria ser proibido, em cafés, em dias de jogo, a utilização do rádiozinho e dos fones para ouvir o relato. Nos estádios sim, é lógico visto que, por vezes, é complicado verificar em tempo real se foi realmente fora-de-jogo, se foi falta, ou se a bola realmente ultrapassou por completo a linha de golo. Devido a uma explicação muito óbvia: em tempo real, não existem repetições. Se viste, viste. Se não viste, ora tivesses visto…

E depois, não queremos dar razão para que a gorda alemã nos azucrine o juízo. Com exemplos destes não há dúvida que, de facto, somos assim um povo muito estranho, burro, estúpido e analfabeto…

Até para a semana, malta catita.


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
Visite o blog do autor: aqui