«A (pretensa) Felicidade: o Santo Graal da nossa Era»

O Santo Graal é uma das lendas de maior relevância e alcance temporal da História da Humanidade.

Proveio do cançoneteiro tradicional celta, da Antiguidade, e a lenda rezava que um determinado cálice sagrado transformava qualquer alimento/bebida, naquele/a que o seu detentor preferisse ou desejasse.

Terá sido esta a lenda pagã que esteve na base da lenda Cristã do Santo Graal, o cálice pelo qual Jesus Cristo bebeu vinho na Última Ceia, e que prometia vida eterna àquele que o descobrisse, sendo o seu coração puro e isento de pecados.

Refleti sobre esta lenda e fui acometido de uma revelação (qual Aparição de Nossa Senhora de Fátima aos Pastorinhos):
Esta lenda migrou para os nossos dias, num contexto historiográfico que se começa a tornar um padrão comportamental tão inequívoco, quanto incontornável: «A Sagaz Busca pela Pretensa Felicidade!»

Hoje, não basta ser feliz… Há que ser feliz a qualquer custo!
Hoje, não se objetiva rodearmo-nos de coisas boas… Há que nos rodearmos de coisas, e muitas!
Hoje, não basta sermos nós próprios… Há que mostrar ao mundo que somos o que quer que seja, mas que somos!
Olho à minha volta e vejo uma multidão de bolhas isoladas umas das outras, que se tocam e amontoam sem nunca arrebentar, sem nunca se imiscuírem no conteúdo de bolha do outro, sem nunca se replicarem em uníssono…

Vejo uma multidão que grita e brada: “EU ESTOU AQUI!”… Mas fá-lo de tal forma desesperadamente histérica, que nem consegue ouvir o grito desesperadamente histérico da bolha do lado…

E, com o passar do tempo, há um vazio que se instala na bolha de cada um… um zunir insistente que escutamos no recanto do nosso subconsciente, o qual não sabemos explicar, mas sabemos sentir…

Esse vazio, esse zunido, é apenas a alma de cada um de nós a gritar-nos desesperadamente e histericamente que paremos com essa Busca Sagaz da Pretensa Felicidade… a nossa alma pede-nos que paremos, para que nos possamos aperceber que a Felicidade que tão desesperadamente e histericamente procuramos, esteve sempre ao nosso alcance…

A Busca pela Pretensa Felicidade cega-nos de tal forma, que só depois de sentirmos esse vazio, esse zunido, só aí entendemos que a Felicidade estava em tudo o que deixamos para trás, para nos lançarmos na Busca da mesma!

A Era em que vivemos é plena de muita coisa… mas tenho saudades quando era feliz com pouca coisa… pouca coisa, mas coisas boas!

pascal_silva_logoCrónica de Pascal Silva