Primeiras impressões

No seguimento da crónica anterior sobre os estranhos desconhecidos, quem é a pessoa que não fica receosa ao conhecer alguém novo? Aquelas primeiras impressões que ninguém quer que sejam más ou erradas sobre a nossa ou a outra pessoa.

Será que a primeira impressão é a que conta? Ou poderemos mudá-la? E o que nos apercebemos dos outros através das primeiras impressões?

Dizem os entendidos (leia-se uma publicação semanal – por vezes até interessante, digo eu) que existem vários estudos que provam que as nossas primeiras impressões podem até ser as correctas e desta forma não andamos a “julgar” mal as pessoas.

O artigo que li fala em 9 suposições que fazemos quando conhecemos alguém novo – o dito desconhecido. E isto tudo nos primeiros segundos (somos mesmo espectaculares que tiramos a pinta a alguém logo em segundos mas na prática é com cada erro de julgamento!).

Passando literalmente à lista de suposições que somos peritos em supor:

  1. Se é de confiança

Nós decidimos se devemos ou não confiar em alguém numa fracção de segundos. Será por isso que às vezes é com cada facada nas costas? Diz que fizeram um estudo para perceber se o tempo condicionava a decisão de confiar ou não confiar na pessoa simplesmente olhando para elas. Os resultados foram semelhantes.

Assim se querem decidir se confiam ou não em alguém não percam muito tempo. Até darem provas em contrário (e por vezes o maior cego é aquele que não quer ver) todos somos dignos de confiança.

  1. Se tem dinheiro

Pelo que li do estudo (um resumo do resumo muito resumido), pessoas que usam “marcas” – é mencionada a roupa – são mais “vistas” do que quem não usa roupa de marca.

Pois bem, gostava de estar na cabeça de alguém com este tipo de pensamento sobre os outros: “Aquele tem a camisola da marca X, por isso deve ter dinheiro e por isso estou a vê-lo”. Desculpem que vos diga mas ter roupa de marca pode não significar dinheiro. Quantos produtos são contrafeitos? E quantos outlets e promoções andam por aí? Ou até podem ter poupado para comprar aquela peça especial que gostaram muito. Não quer dizer que tenham dinheiro (ou muito).

No entanto convém referir que o ter ou não ter roupa de marca não influencia a confiança que poderão ter de nós. (Fico mais descansada…)

  1. Se é homo ou heterossexual

Ora aqui está uma boa forma de ver se devem ou não avançar, especialmente em situações na noite onde podem já não estar a ver bem as pessoas. O estudo fala numa “amostra” de 90 homens – fotografias de homens – em que estudantes (tanto masculinos como femininos) tinham de dizer qual a orientação sexual. O resultado foi que acertaram em 57% dos homens. 57% não é muito, é pouco mais de metade, pelo que não levo este estudo (e mais alguns aqui apresentados) muito a sério.

Tanto homens como mulheres não andam com a orientação sexual estampada na testa. Ninguém terá nada a ver com isso.

  1. Se é inteligente

Diz que falar olhando nos olhos transmite mais inteligência a quem é olhado. E que usar óculos graduados (para quê usar óculos que não graduados?) com armações grossas (o pormenor!) e falar expressivamente também ajuda a ser visto como inteligente.

Isto para mim com uns minutos de conversa e sabe-se logo se é alguém interessante. Inteligente poderá depender. Não precisa de usar óculos e olhar sempre nos olhos (por acaso este olhar nos olhos para mim é mais sinal de confiança) para ser tido como inteligente. E acrescento que a inteligência não se pode apenas aparentar, tem mesmo de ser.

  1. Se é dominante

Isto de saber se é ou não dominante numa primeira imopressão faz-me um pouco de confusão. Dominante em que sentido? E como ver isso simplesmente pelo olhar? É que dizem dominante e depois no estudo, ou no que dizem sobre ele, falam em poder. E que ser careca é sinal de poder! Quanto mais brilhante a careca, mais poder dizem que transmitem numa primeira impressão. Vai ser uma razia nos cabelos!

Que lógica tem isto? O que é que os cabelos (ou falta deles) têm a ver com o poder? E o poder com o ser dominante? E tudo isto com o que se pensa numa primeira impressão? Não entendi.

  1. Se é bem sucedido

O estudo fala em fotografias de um grupo de homens com fatos por medida e fatos de pronto a vestir. (Voltamos um pouco às marcas e não marcas, ao ter dinheiro ou não) Quem usava fatos por medida pareciam, pelo menos, mais bem sucedidos.

Pessoalmente, vendo um homem de fato e a quem o mesmo fica bem (impecável, como dizia alguém), penso que está bem vestido e que tem bom gosto. O ser bem sucedido, ou não, não está relacionado com a roupa que se veste. Até podem andar de calções e chinelos que se forem bem sucedidos continuarão a ser.

  1. Se é agressivo

No Canadá fizeram a experiência de olhar para uma fotografia (estes estudos adoram fotografias!) e em 39 milésimos de segundo perceberam se alguém era agressivo ou não. Isto realmente era bom era! Quantas mulheres conhecem o cordeiro mais manso de sempre numa primeira fase que depois vira um lobo mau? Era bem mais fácil não conhecer certas pessoas.

Ah e o estudo diz que quem tem barba tem um ar mais agressivo. Uma barba fica bem em alguns homens…serão eles agressivos? E só quando têm barba?

  1. Se é religioso

Esta suposição só pode ter a ver com o andar com o terço ao pescoço como andavam muitos há uns anos atrás!

Mas em que planeta é que olhando para alguém pela primeira vez vejo se ele é religioso ou não? O estudo diz que quem é mais sorridente, energético e relaxado (isto tudo através de fotos) era tido como mais religioso. E eu a pensar que o sorriso era sinal de ser bem disposto e simpático. Pelos vistos enganei-me.

  1. Se é extrovertido

Nas fotografias (mais uma vez) quem aparenta ter um ar mais animado é extrovertido. E se no momento da foto a pessoa estiver com uma cara séria? Pergunto eu, simplesmente. A pessoa não deixa de ser extrovertida, só porque não o mostra ser.

Estas são as primeiras impressões nas quais devemos “confiar” porque estão na maioria correctas. São impressões meias totós (algumas delas) mas que provam que por vezes devemos mesmo confiar no primeiro pensamento, no primeiro instinto. No entanto, devemos ter a consciência que as pessoas podem mudar, para melhor ou pior, e que nem sempre o transpareça num primeiro contacto é definidor de como é ou deixa de ser a pessoa.

Primeiras impressões? O que dizem?