Prince of Persia – da Lara para o príncipe – Pedro Nascimento

Príncipe da Pérsia, onde estás? Onde se encontram as tuas armas? Estás a salvo, por agora, dos mercenários que ao custo da sua vida defendem vidas que não as deles?

Espero que estejas bem; tão bem conservado quanto o negrume dos teus olhos inquiridores de 23 anos. Escrevo-te do topo da coluna de pedras mais fria das ruínas em Machu Picchu, onde Gael García Bernal fez de Che quando escrevia cartas incertas que lhe expandiam a alma à companhia de Alberto. Desde que te vi que fiquei apaixonada por ti. Aquela leoa tigresa que viste a proteger-te das legiões de assassinos montados a camelo em Katmandu era eu. O mordomo da minha casa-mãe, em Londres, desenvolveu uma engenhoca capaz de teletransportar, por uns tubos estranhos acerca dos quais não me deixou fazer perguntas, os fluxos de energias espaciais de um determinado ponto do tempo e projectá-lo, através de uma infusão esquisita de componentes químicos que ele próprio desenvolveu e aplicou na minha artéria femoral, para outro instante do cosmos, em que eu fui leoa tigresa, por acaso experimental, e defendi um jovem príncipe veloz e suado, de músculo pré-clássico – como aprendi a identificar nas aulas de Anatomia das Civilizações Clássicas e pré-Clássicas.

Tenho esperança que o mordomo consiga trespassar esta mensagem para um papiro em sânscrito para que tu a consigas entender, porque os tempos assim se encarregaram: de que a tua princesa fosse capturada, e se encontrasse à guarda de rebeldes sedentos de poder. Daqui escreve Lara.

Espero que saibas usar as areias do tempo para que alcances tudo o que julgas ser justo. Reconheço-te a ti como o meu viajante do espaço. Quando souberes como me responder conta-me tudo, se tens de subir pelo muro à tua frente de fresta apertada para os dedos ou se preferes antes seguir pelo perfume do degládio dos fantasmas dos injustos, como Eneias, ou Ulisses, e descer pelo canal do esgoto. Esse mundo onde só param os prisioneiros soltos para sempre, para que se apodreçam uns aos outros.

Príncipe, meu príncipe, encontra-me na ponta da tua espada, corre comigo na biqueira dos teus sapatos, tilinteia-me com o reluzir das lantejoulas dos teus azuis calções bermuda de cetim enquanto cortas o vento de vento. Tua para quando me encontrares, Lara Croft

p.s o  L2R2 X-Δ está aqui para vocês!


Crónica de Pedro Nascimento
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