O problema do “não”

As aulas começaram e as notícias sobre os excessos da praxe começam a vir nos meios de comunicação e a troca de argumentos entre quem é contra ou a favor da praxe corre as redes sociais, acabando também por haver excessos dos dois lados e o problema começa aí, é que se entre os adultos há excessos, imaginem entre os jovens onde só por si a vida é um excesso, no bom sentido. Ainda por cima numa terra sem dono, manda quem pode! E por muito que se argumente, não há voz que tenha a razão absoluta quando se fala de pessoas e não de uma pessoa. Como em tudo na vida eu nunca fico de um lado só, tento compreender ambos os lados e tentar obter um argumento lógico para os dois lados. Devo confessar que nunca fui para o ensino superior, nunca fui praxado e nem tive a oportunidade de poder escolher se queria ou não, se não fazia isto ou fazia aquilo, ou seja, a minha opinião vale quase zero, resta-me a penas o direito à ter opinião.

Entre argumentos, tirei um que me parece a origem de todos os males! O argumento do “não” ou seja, toda a gente pode dizer não, dizer não a praxe ou não a isto e sim a outra coisa, no fundo ter carácter (meu avô chamava-lhe carácter) por parte de quem participa numa sociedade. Falta de educação como muitos lhe chamam! É verdade! Falta muito o dizer não numa sociedade que está muito virada para o sim, não é só na praxe, mas em tudo! Mas isso não quere dizer que o estado deve abandonar a sua sorte,quem é mentalmente frágil, incapaz de dizer não! Assim como não é aceitável de quem faz a praxe não perceber que está a perder o controlo das coisas e aqui o não, está para os dois lados, ou seja o praxado pode dizer não quero fazer isso, como quem faz a praxe pode dizer não, isto já foi longe de mais. A capacidade de o poder do não não está só no lado dos praxados e o estado tem obrigação de proteger quem não é capaz de dizer não, quer de um lado quer do outro.

Tenha eu razão ou não, a verdade é que ninguém suporta mais um Meco nos meios de comunicação e para que estas notícias desapareçam dos meios de comunicação, tem de haver responsabilidades e não ficar impune quem leve a praxe aos excessos, no fundo quem faz a praxe não pode ser quem diz sempre sim, tem de usar o não quando tem de ser e fazer respeitar a dignidade de cada um. Porque se não há carácter de um lado, tem de haver do outro lado e não lavar a mãos, deixar a responsabilidade para quem é sempre o lado mais frágil.