Proibido a Animais – Teresa Isabel Silva

A cada dia que passa torna-se cada vez mais visível uma nova tendência no nosso modesto mundo. Estou a falar da tendência dos jovens casais atribuírem nomes “fofinhos” entre si. Esta nova tendência faz com que cada vez se ouça mais coisas como “Oh meu gatinho” e “minha querida coelhinha”, porém, como a sociedade é mutável, o que acontece uma grande parte das vezes é que essas paixões fofinhas acabam por se tornar em paixões perigosas e depois em vez de gatinho e coelhinha, ouvimos expressões do género: “aquele burro” ou então a famosa e já tradicional “Sua vaca”.
Mas o mundo dos insultos não acaba por aqui, temos ainda a famosa galinha e o galo, o boi e a cabra… E depois deparamo-nos com uma tendência também ela irónica que acontece quando o nome do animal deixa de um insulto para passar a alcunha.
Outro facto que muitos de nós desconhecemos é que a sociedade é cada vez mais como uma tribo de índios, e então justifica-se a personificação destes insultos. Para isso o nome do animal torna-se nome tribal de um indivíduo. Desse modo temos o “Grande Pele Vermelha”, o “Olho de Falcão”, o “Pêlo de Rato”, o “Coice de Cavalo” e ainda mas não menos importante a “Grande Vaca” ou a “Cabrita do Monte”.
Depois vimos que tal como os índios que ao fim de algum tempo interiorizam os seus animais, a nossa sociedade faz o mesmo, e passados alguns meses ou anos, vimos alguns jovem tão relacionados com os seus nomes de animais que a máxima deles se torna a famosa “já que tenho a fama vou tirar o proveito”.
A sociedade transforma-se assim num autêntico jardim zoológico, ou campo de pastagens de animais racionais que se apoderam de nomes dos animais irracionais…
Contudo, enquanto o Boby, o Snoppy e o Scooby-Doo tem que ficar á porta do bar porque a entrada é proibida a animais, os outros, galos, burros, cabras e vacas continuam os seus desfiles de personalidades alteradas que visto bem acabam sempre por arranjar mais problemas (e depois, associado a isso mais nomes de animais) do que os verdadeiros animais.

Crónica de Teresa Isabel Silva
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