Promessa de Natal – Conto

No dia 25 de Dezembro, dia de Natal, a minha campainha tocou e eu fiquei deveras confusa. Nos 5 anos em que ali vivi sozinha, nunca recebi uma visita naquela cidade, para mim ainda desconhecida. Porquê agora?

Abri demoradamente a porta, sem ter a mínima suspeita de quem estaria do outro lado e senti a minha alma a ser sugada por aquele belo homem, vestido de forma irrepreensível e que sorria para mim. Naquele instante, quase que esqueci como respirar e fiquei especada, babando sobre o meu tapete da entrada. Quando tomei consciência de o quanto estava a estarrecer para a robusta figura masculina, senti a minha cara a ruborescer de vergonha.

Ele ergueu as sobrancelhas, olhar recheado de entusiasmo.

“Já terminou?” Perguntou, soltando uma deliciosa gargalhada que me deixou ainda mais embaraçada.

Tentando recompor-me, mas sem muita margem de manobra, clareei a minha garganta algumas vezes, até que consegui pronunciar algo.

“E quem é que é o senhor?”

“James Starling. E no caso de estar a pensar, o que provavelmente está mesmo, estou aqui para manter a promessa do Pai Natal.” Ele riu-se.

“Pai Natal?” Perguntei incrédula. Ok, estava a tomar uns contornos confusos.

E de repente, bateu-me a ideia em que, com 8 anos (ainda eu saltava à macaca), pedi um namorado ao Pai Natal e recebi uma carta sua (pensava eu que não) que futuramente ia cumprir essa promessa. Após alguns anos e uma adolescência conturbada (principalmente pelos óculos de fundo de garrafa de champanhe), perdi a esperança. Agora isto?

“Sim, o Pai Natal é o meu avô.” Murmurou, soltando outra gargalhada aveludada. “Ele faz sempre promessas que nem sempre consegue cumprir.”

Naquele momento, fui eu quem soltou uma risada. “Não me dia que agora é o meu namorado?”

“Se a Anna quiser que eu seja. Quer dizer, eu sou solteiro.”

Como sabia ele o meu nome? Hesitei um pouco, incerta do que pensar, mas ele era tão bonito e charmoso. Após uma longa pausa, trinquei um pouco do meu lábio inferior e perguntei “Quer entrar e tomar um chocolate quente? Está frio cá fora.”

De sorriso rasgado nos lábios, James conseguiu cruzar a porta que ainda ninguém tinha cruzado até agora, desde que ali vivia.

Fim.