Proteus, uma experiência diferente – Pedro Nascimento

Numa altura em que o mundo dos videojogos aguarda com ansiedade o lançamento de títulos como Tomb RaiderBioschock ou Gears of War: Judgment, Fevereiro tem-se mostrado um mês com algumas surpresas. Se, por um lado, Aliens: Colonial Marines tem sido depenado pela crítica especializada como genérico e frustrante (uma decepção se levarmos em conta o nome da saga, o tempo de desenvolvimento, e a produtora em questão – Gearbox, responsável, nomeadamente, por criar Borderlands), por outro, logo no início do mês, chegou-nos Antichamber. Um título interessante com as suas próprias inovações dentro do mundo dos jogos de puzzles. E enquanto Dead Space 3 se revela um título razoável mas aquém do esperado, previsível e fugaz, surge, pelos mapas da internet daqueles que procuram coisas diferentes, um pequeno jogo chamado Proteus.

É diferente daquilo que já experimentaram. Certamente encontrarão referências a outros artefactos culturais aqui e ali, desde o grafismo à la Minecraft ao método de execução da passagem do tempo à la Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera (2003) de Ki-duk Kim. Ou então sou só eu que faço essas pontes, não sei,… lembrei-me de imensas outras coisas enquanto experimentava este novo brinquedo. Proteus é um jogo que evoca e provoca sensações através da sua simplicidade. Até porque é curto de tal forma que de uma assentada se termina. Chamar-lhe jogo constitui em si um dilema. Não existem propriamente níveis nem desafio mas sem dúvida que são as nossas escolhas que guiam o programa em direcção ao seu final. Talvez experiência interactiva seja uma designação melhor. O que é certo é que Proteus não necessita de explicar nada a ninguém.

Intuitivamente fiz uma primeira playthrough sem sentir dificuldades nem me sentir perdido. O jogo guia-nos através de códigos já assimilados pela comunidade gamer. Luzes brilhantes a percorrer pelos vales embalam-nos a segui-las. Um círculo de pixeis-pirilampo que vai diminuindo de tamanho induz-nos a ir lá para dentro. Porque não? Ou então os esquilos. Que fazem sons quando passamos perto. Qual é o impulso de um novato em Proteus? É perseguir o esquilo, claro está. Ou fitar a coruja. Enfim. De dizer também que o fim é bonito. Proteus procura fazer algo incomum no mundo dos videojogos – despertar ascensão: transcendência espiritual talvez. Filosofar um pouco. É incomum, e talvez por isso possa ser diminuído na apreciação de alguns. Mas topem só, o nome também é curioso. Proteus é o nome de um deus marinho da mitologia grega que transporta consigo o conhecimento da metamorfose. Ora, Proteus começa no meio do mar; e o cenário do jogo é uma ilha. Bom…

O que eu aconselho é experiência própria. Em coisa de uma hora, hora e um quarto, completa-se um Proteus. Porque não experimentar? Podes gostar, achar pretensioso ou então só aborrecido. O que for, mas experimenta. É algo diferente. Pelo menos contribui positivamente para o teu leque de conhecimentos. Ide então à tua vida irmão.

Um L2R2 X-Δ em paz.

 

PedroNascimentoLogo1Crónica de Pedro Nascimento
L2R2 X-Δ