Publicidade – Bruno Neves

Esta semana trago-vos um tema que ou se ama ou se odeia: publicidade. A publicidade faz parte da vida de todos nós, quer queiramos, quer não. É praticamente impossível de quantificar a quantidade de publicidade a que somos expostos diariamente: desde as televisões, jornais e rádios, passando pelo maravilhoso e interminável mundo da internet e sem nunca esquecer aquela que é a publicidade mais eficiente de todas….aquela que nós próprios fazemos perante familiares e amigos.

Mas obviamente que como em tudo na vida existe o lado bom e o lado mau, ou seja, existe boa e má publicidade. Ninguém gosta verdadeiramente de assistir a publicidade, contudo quando precisamos de algum produto que foi anunciado na televisão e queremos efectivamente rever o anúncio tal tarefa pode revelar-se extremamente complicada.

Se colocarmos num prato da balança a quantidade de publicidade a que somos sujeitos diariamente e no outro prato da balança os anúncios de que efectivamente nos recordamos percebemos a enorme disparidade que existe entre um lado e o outro. E não interessa apenas perceber de quantos anúncios nos recordamos, mas também a razão para tal acontecer, pois não raras vezes lembramo-nos de alguns anúncios mas pelas piores razões.

Dos anúncios que actualmente passam na televisão portuguesa eu acho particular graça a um que envolve um atleta olímpico português, um chocolate e uma vizinha. Sem referir o nome da marca ou do atleta em questão deveria de ser fácil de reconhecer o anúncio em questão. Contudo, aposto que uma parte significativa só se vai lembrar do anúncio quando eu disser a marca: Kinder Bueno.

Ao assistir a este anúncio ficamos a saber várias coisas. Primeiro: o Nélson Évora tem por hábito treinar em casa para as suas competições, mais concretamente ali entre a sala e a cozinha. Segundo: o Nélson Évora tem um sistema de som bastante realista porque eu ia jurar que ele está mesmo num estágio com uma multidão a torcer por ele. Terceiro: é bastante fácil entrar na casa do atleta português, basta tocar à campainha e se ele tiver em casa é garantido que nos deixa entrar. “Ah, então e se for alguém que ele não conhece, como uma vizinha nova por exemplo?” Muito gostam vocês de complicar não é? Pois fiquem a saber que curiosamente acertaram em cheio no cenário apresentado no anúncio e embora pareça pouco provável o que é certo é que a referida vizinha não tem muitos problemas para entrar dentro da casa do atleta. Quarto: ele é um falso altruísta, pois embora no fim partilhe com a vizinha o seu último Kinder Bueno, instantes antes estava a esconde-lo atrás das costas na esperança de que ela não o visse.

Ou então sou apenas eu que reparo em todos estes pequenos-grandes detalhes enquanto que o comum dos consumidores apenas nota a presença do atleta português e do referido chocolate.

Mas a melhor publicidade de todas continua a ser feita por todos nós quando recomendamos um produto a outra pessoa. Não o faremos a qualquer pessoa, logo será alguém da nossa confiança e alguém que confia em nós. Esse alguém vai quase de certeza seguir o nosso concelho e comprar o referido produto.

E assim a marca consegue promover o seu produto sem o menor esforço porque quem o fez verdadeiramente fomos nós e não eles. Parece simples, contudo o número de marcas que o consegue é muito reduzido.

Mas num aspecto penso que estamos todos de acordo: embora eles sejam necessários, os intervalos são a pior invenção de sempre.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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