Quadras p’lo S. Pedro

I
Doce tentação,
que me inspira a mim,
a tentar do teu não,
fazer um claro sim.

 

Doce e secreto,
é o meu desejo,
ao qual de concreto
não falta o que em ti vejo.

 

Tentação que vejo
como coisa boa,
o único amor que invejo,
é o que dá a outra pessoa

 

II

 

Estaria à sua altura,
se um palmo mais crescesse,
sem aumentar na largura,
como nesta idade acontece.

 

Chegava da montanha ao topo,
e do alto ficava a ver,
que, assim visto, o mundo é pouco,
para irmos aonde lhe apetecer.

 

Enquanto esperava que chovesse,
e atento a que não caísse,
sonhava que a ver-me estivesse
ansiosa por que eu agisse.

 

III

 

Um beijo dado pela manhã,
à espera de estar à altura,
de vires pedir-me em pés de lã,
pra enlaçar-te pela cintura.

 

Um beijo dado devagar,
como deve ser um beijo
que a meu ver possa figurar
entre os melhores que eu vejo.

 

Se a minha língua enroscasse
a tua, o que eu pedia,
era um abraço em que ficasse
enroscadinho todo o dia.

 

 

 

FIM