Qual é a maneira correcta de rezar? – Gil Oliveira

No outro dia fui à Igreja – sim, espante-se à vontade, eu fui à Igreja!! – e atenção, não fui lá para visitar e tirar fotos à sua beleza. Fui mesmo para assistir a uma missa! É certo que era a cerimónia da primeira comunhão do meu sobrinho mas, ainda assim, têm que me dar valor! Eu estive lá, assisti à missa e inclusive não me ri nem quando o tipo fanhoso, ou a velha gá-gá foram ler umas passagens da Bíblia! Ah, pois é! Foi um elevado esforço da minha parte mas consegui! E nem sequer me zanguei com o padre quando ele parou de dar a missa para refilar comigo por estar a tirar fotos ao puto durante a eucaristia! Palmas para mim! Mas visto que o facto de eu ter ido à missa – apesar de quase inédito – não ser motivo suficiente para eu escrever um texto para o +oPinião, vou-lhe contar o que se passou lá dentro…

Estava eu armado em paparazzi, em plena celebração da missa, quando ouço uma senhora tão velha, mas tão velha – que acredito que tenha estado presente na altura da crucificação de Jesus – a ralhar com uma pobre criança de 5 anos: “Não é assim que se reza! Estou farta de te dizer!” E de seguida prega-lhe um valente puxão de orelhas. (Alguém me sabe dizer se puxar orelhas dentro da missa não é um pecado qualquer?! Se não é, devia ser!).

A minha imaginação, fértil por natureza, começou logo a deambular… Qual será a maneira correcta de rezar? Será como os Budistas fazem? Em frente a um relicário com a imagem de Buda, cercado de velas, incenso e flores, como se estivéssemos numa loja da Natura?! Ou será como os Hindus, sentadinho numa almofada, na famosa posição de lótus, agarrado a um colar de pérolas? Certamente esta posição é bem mais confortável para rezar, do que a dos muçulmanos. Pobres “desgraçados”, têm que se ajoelhar no seu do tapetinho, virados para Meca, enquanto se inclinam para a frente e para trás até que a testa toque no chão. Vida difícil!
Não! Certamente também não será esta a maneira certa de rezar. A maneira certa de rezar não pode obrigar um tipo a parar de trabalhar quatro vezes ao dia (5:00, 12:30, 16:00, 18:30 e 20:00) sacar um tapete da mochila, estendê-lo no chão e depois tentar achar Meca com uma bússola, ou um telemóvel que tenha a App “Where’s my Meca”, instalada. Que grande canseira que seria…

«Maomé, deixa-me que te diga que tu és um patife! Estou-te mesmo a imaginar no Céu a rir dos pobres fiéis: “AH AH AH Olha para aquele tipo barbudo, ali, fechado na casa de banho a rezar com a testa colada ao seu tapetezinho ridículo!! E olha aquele no meio do Martim Moniz cheio de rosas nas mãos a orar! AHAHAH” – Não se faz Sô Maomé! Se a tua mãe fosse viva aposto que te dava com o Alcorão nos costados para aprenderes a não gozar com as pessoas!!»

Então, mas qual será a maneira correcta de rezar?! Qual? Será a dos Judeus? Aqueles tipos humildes, um tanto ou quanto forretas, sempre agarrados ao seu livro de orações com o solidéu na cabeça? Ná… Também não pode ser! Tipos que cortam parte da genitália dos rapazes não podem ser os detentores da maneira certa de rezar! Seria injusto para com os prepúcios das criancinhas judaicas!
De repente fez-se luz na minha linda cabecinha oca! Tudo ficou claro. Até parecia que tinha tido uma epifania! A avozinha que estava a repreender o neto era uma senhora católica dentro de uma igreja, logo, não podia estar a apregoar outra religião! Ela simplesmente ralhou à criancinha, porque ela começou a falar com Deus sem se ter benzido! Tudo que é beata, sabe que se não nos benzermos antes de falar com Deus ele não nos liga. É como alguém ligar para nós e começar a debitar informação sem sequer dizer o habitual «Olá» ou um «Estou. Tudo bem?…». É normal que Deus fique chateado, não é?! Se você fica, acha que ele não ficaria? Ao fim ao cabo nós fomos feitos à imagem dele…

Por isso, amigo leitor, se é católico e costuma falar com Deus, não se esqueça nunca de se benzer, senão arrisca-se a que Deus não lhe «atenda a chamada». Ou pior, arrisca-se a que alguma velhinha se zangue consigo e lhe puxe as orelhas…

GilOliveiraLogo

Crónica de Gil Oliveira
Graças a Dois
Visite o blog do autor: aqui