Quando for pequena vou ser assim – Maria João Costa

Quando for pequena (já desisti de sonhar que um dia vou alcançar os queridos 160 centímetros, e depois de uma certa idade a tendência é mesmo para mingar), quando tiver rugas pelo corpo e uma tatuagem atrás das costas com a frase “sempre com 20 anos”, vou fazer de conta que os tenho, mesmo. Vou fazer de conta que as rugas fazem parte da moda da época e vou fazer aquilo que toda a gente faz quando ainda não está em idade de mingar.

Vou com as minhas amigas ao shopping, vamos comer pizza, beber coca-cola e comer sobremesa; vamos competir, em segredo, quem é a mais bonita da mesa; vamos rir e falar alto sem vergonha e vamos continuar a pontuar de 0 a 10, em segredo, os rapazes que se sentam na mesa ao lado. Vamos comer gelados, e apanhar banhos de sol aos sábados; vamos às compras juntas, e vamos mandar mensagens às filhas a avisar que não jantamos em casa, e que dormir também não faz parte dos planos, “Está tudo bem, n te preocupes. Beijinho da tua mãe.”

Para escrever a verdade, eu posso não fazer isto, até porque faço parte de uma geração que vai diminuir, e muito, a esperança média de vida deste país, mas já vi quem o fizesse. Durante o fim de semana assisti a gargalhadas de amigas que podiam ser minhas avós; estive com elas na praia, vi-as no centro comercial no meio do que era bom, enquanto eu me contentava com uma salada; ouvi as conversas, reparei como estavam arranjadas e bonitas, e vim a correr para casa escrever. Merecia uma crónica, a vida daquelas senhoras. Mercia um livro.

Admiro quem não deixa de viver, quem tem mais energia do que a edp (não resisti a este trocadilho), a quem ainda compra maquilhagem e roupa nova só para sair com amigas, a quem aproveita a idade da reforma como deve de ser aproveitada! Para viver e aproveitar os pequenos prazeres da vida – sem esquecer que a segunda-feira deixa de ser uma dor de cabeça!!

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!