Quando se zangam os compadres…

O meu pai sempre me ensinou que “meias, só nos pés”! Por que, quando se zangam os compadres ou as comadres… o caldo está entornado!

Refiro-me obviamente às sociedades comerciais, principalmente quando as mesmas são formadas por pessoas da mesma família: irmãos, primos, incluindo pais, tios, avôs… etc.

O meu pai, ele próprio, pertenceu em jovem a uma sociedade comercial criada pelo seu pai, juntamente com os seus irmãos. Apenas teve alguma paz e tranquilidade, quando a sociedade se dissolveu e os irmãos ficaram por sua conta e risco, com os seus negócios individuais. Uns tiveram mais sucesso, outros menos, mas uma coisa é certa: nunca mais houve conflitos nem “diz-que-disse” e “fez-que-não-fez”.

Esta pequena introdução porque muita vezes, para entender (ou resolver) um problema grande é necessário partir de pequenos problemas, mais ao nível da nossa perceção sensorial e do senso do comum dos mortais.

O problema que estamos a vivenciar pelas notícias que nos chegam BES, um dos maiores bancos comerciais portugueses e com interesses em muitas outras grandes empresas nacionais – caso da PT, por exemplo – surge pelo que se nos é dado a entender devido a divergências no seio da família Espírito Santo, que controla o Banco desde a sua reprivatização e que já controlava antes da sua nacionalização pós 1975. A sede de poder dos seus mais influentes atores, levou o banco nas últimas semanas a perder cerca de metade do seu valor em bolsa, poucos meses após um processo de aumento de capital, cujo valor injetado na instituição já foi totalmente “absorvido” e até ultrapassado pela desvalorização.

Ora, recorda-se que este foi um dos únicos bancos principais do país a não pedir dinheiro emprestado ao Estado – previsto pelo plano da Troika – e vê-se agora numa situação que poderá vir a ser complicada, se a situação diretiva e executiva não for resolvida o quanto antes. Esta situação no BES poderá até provocar revisões em alta dos juros da dívida pública do país, para futuros empréstimos internacionais.

Resumindo e voltando às contas lá de casa, de papel e lápis: todo ou parte do esforço que os portugueses têm feito durante estes três anos, para cumpri o memorando da Troika, pode vir a ser posto em causa por causa de uma birrinha entre primos “in”, que falam de milhões como nós falamos de cêntimos e que mexem no nosso dinheiro como nós mexemos no pão que comemos todos os dias.

Por isso, meus senhores, tenham vergonha, ponham-se finos, porque o povo não aguenta mais um caso do tipo BPN ou BPP, que desta vez, sendo que o BES tem muito mais poder financeiro, a pancada seria 10 vezes maior do que a daqueles.

Cuidado! O povo está atento e esperemos que os políticos também! Está na hora de vermos se quem manda é o Estado (Governo) ou se não os seus credores… fragilizados…