Que perspetivas para 2015: continuidade e talvez mudança…

Após uma crónica sobre a palavra do ano impõe-se uma sobre as perspetivas que tenho para 2015 na área da Política Ambiental. Não se trata de “imaginar” apenas “perspetivar”, no puro sentido da palavra conjugada de “prever” ou em termos de substantivos de “ter em perspetiva”, ou seja de, “ter como provável” que se verifiquem determinados pressupostos, estes baseados apenas naquilo que aconteceu no ano em que findou e no que provavelmente poderá acontecer se determinados cenários políticos/resultados eleitorais se verificarem, ou se quisermos analisar filosoficamente o que irei fazer, poderemos referir que irei usar uma perspetiva cognitiva e/ou ponto de vista.

Pré eleições legislativas

Até provavelmente Setembro de 2015, e digo provavelmente pois não acredito que o atual Presidente da República marque as eleições legislativas antes desse mês nem após esse mês o que irá continuar é o mesmo de sempre e que nos habituou este Ministro, Jorge Moreira da Silva, desde que tomou posse em Julho de 2014.

Desde ao greenwashing político ambiental permanente até à discussão fútil e vazia de documentos condenados ao fracasso de que o “Compromisso para o Crescimento Verde” é um exemplo. Mas irei no decurso doutras crónicas futuras revelar outros documentos que após o Orçamento de Estado de 2015 ter sido publicado (tal como as Grandes Opções do Plano que o acompanham) tiveram um fim ainda mais triste que a Fiscalidade Verde, pelo menos essa, gostemos ou não da mesma, resultou em algo. Mesmo que seja um algo bem negativo!!!

Também teremos até mais ou menos Julho, um alardear de publicidade de aspetos tão caricatos como a compra por parte do estado de carros híbridos e/ou elétricos, como se nos três governos do PS anteriores tal não fosse uma prática normal e comum, mas veremos com certeza esses passes de magia publicitária, aguardo também que o consórcio Ventivest anuncie mais uns lançamentos de obra (têm cinco programadas) com pompa e circunstancia e a presença de alguns ministros do CDS–PP, veremos é se conseguem financiamento ou passar por algum crivo judicial por estarem a destruir habitat natural do lobo ibérico. Recordo-vos que este negócio foi o tal que serviu para que o CDS–PP (com a colaboração ativa do PPD–PSD) perdoasse 555 milhões de contrapartidas à Ferrostaal, aliás como é interessante que o tal partido comemore na entrada do Ano Bom esse facto!!! Justiça quanta imparcialidade partidária popular tens!!!

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Campanha eleitoral

Na campanha prevejo algumas mudanças de figurino, com a intervenção do Ministro como um grande guru económico da fiscalidade e do capitalismo verde, apoiado pelos mesmos de sempre a BCSD – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (de que irei falar num artigo mais à frente) e outras organizações tão ecológicas como a AEP – Associação Empresarial de Portugal e a CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal!!!

É verdade se o PS tem o seu guru, o meu líder de partido António Costa que é descendente – com muita honra para mim e para os meus camaradas – de goeses, esta coligação terá que promover um guru qualquer para contrapor com o nosso líder e cheira-me que o escolhido será este Ministro, o tal do Ministério do Greenwashing, Desordenamento do Território e do Aumento dos custos energéticos até porque a grande maioria dos outros anda-se a queimar por tudo e por nada!!!

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Programas eleitorais

Não falarei dos programas eleitorais de forma muito extensa, apenas se adivinha que o PS não andará longe do que foi proposto na sua Agenda para a Década detalhando e especificando os pontos que nesta são generalistas (e há vários como já analisei). A coligação PPD–PSD/CDS–PP não deixará a sua toada de serem muito bonzinhos no seu capitalismo verde e no greenwashing que promoveram e que continuaram a tentar promover. O PCP – com o tal partido satélite PEV – que se diz ecologista e verde, e tributário de um eco-socialismo, mas que todos sabemos que não é nada disso, ou seja, é apenas uma associação política sectária que serve os interesses de um partido profundamente reacionário e patriótico e defensor da implementação de uma ditadura socialista popular de extrema-esquerda. Que o BE irá tal como até agora apresentar umas pinceladas de programa neste aspeto mas que pouco diferirão do partido e seu partido satélite atrás descrito. E que a coligação com o nome provisório Tempo de Avançar (que integra o LIVRE, a Fórum Manifesto – dissidentes do BE, Renovação Comunista, e alguns Movimentos moderados de centro esquerda de cidadãos independentes como o MIC-Porto) – mas liderada pelo LIVRE – que irá apresentar um ecologismo moderno entre o eco-socialismo e a social-democracia verde não me irá desapontar substituindo-se a um B.E. que nunca soube o ser nem sequer se inserir dentro de uma mundivisão mais moderna devido ao seu sectarismo maoista e trotskista muito forte que detinha e detém; E que o PAN – Pessoas–Animais–Natureza será igual a si mesmo e o seu programa irá girar em volta das causas humanistas, animais e ecológicas e na promoção e construção de uma sociedade que reconheça o valor intrínseco do mundo natural e da vida que o constitui no seguimento do programa de governo apresentado em 2011. Já o PDR – Partido Democrático Republicano é um mistério nesse âmbito e na sua declaração de princípios a omissão sobre estes assuntos é regra. E apenas falei destes partidos/coligações pois as acho nas únicas forças políticas com possibilidades de eleger deputados, mas eis um assunto a que voltarei mais tarde e com mais pormenor quando o tempo chegar.

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Após as eleições e os três cenários

Após as eleições legislativas, os três cenários que prevejo, são:

O PS ganha as eleições, com maioria simples e tem um resultado bem longe da maioria absoluta e não consegue com nenhum partido para além da coligação de direita formar governo. Neste cenário sou defensor interno que não devemos governar nem formar governo, até porque a experiência que tivemos com o governo de 2009 nos deu a experiência necessária de que acordos pontuais com a direita são de todo a evitar e que o PCP. nunca estaria disponível para ser um partido que apoiasse quer na Assembleia da República, quer até no governo uma coligação abrangente e diversa (pois se ficar muito longe nem os deputados deste chegarão) pois para este partido quanto pior estiver o país e os trabalhadores que diz representar, melhor estará ele e a sua camarilha dirigente!!! Neste caso o PS deve esperar que as eleições presidenciais se realizem e apresentando um governo de gestão composto por independentes de vários quadrantes políticos viabilizar o mesmo por um prazo de seis meses (com tarefas claras e precisas não negociáveis) e apresentar a demissão na Assembleia República em Março de 2016 e deve ser claro na apresentação desse cenário.

O PS ganha as eleições com maioria absoluta e temos a aplicação do seu programa de governo nesta área, é algo claro que tal deverá ser efetuado em diálogo permanente com a sociedade civil, mas a verdadeira sociedade civil e não associações capciosas ou de greenwashing empresarial como a BCSD – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável e outras similares!!!

O PS ganha as eleições sem maioria absoluta, mas fica muito próximo (com por exemplo 110 deputados em 116 possíveis) e em minoria faz governo tendo forças eleitorais com a qual pode estabelecer acordos pontuais e/ou mais estáveis em termos parlamentares, tal será um facto se partidos como (a coligação futura agora denominada provisoriamente) Tempo de Avançar, o PAN e/ou o PDR elegerem deputados como acho que o irão conseguir. Se bem que gostaria de fazer a ressalva que considero o PDR muito pouco confiável para que haja sequer algum ponto de aproximação entre este partido e o PS, esse partido fruto do seu líder, insere-se mais num movimento populista de centro que terá tal como o que restar do BE (e veremos se conseguiram eleger mais do que 4 deputados) e como o PCP (também suspeito que o Alentejo já não vai ser assim tão fácil de ser deles) uma visão de terra queimada no qual quanto pior o país estiver melhor, pois podem promover todas as alarvidades e mais algumas que a sua não participação na governação é a sua maneira de provarem que têm sempre razão!!! Também gostaria de referir que tenho cada vez mais pena, que o BE seja vitima, com essas atitudes de colagem na práxis ao estilo do PCP, da sua própria extinção natural. Neste caso o ecologismo moderno entre o eco-socialista e a social-democracia verde promovido pelo LIVRE (dentro da tal coligação agora denominada provisoriamente Tempo de Avançar) irá ser benéfico para o PS, bem como algumas das bandeiras que o PAN preconiza não serão de todo mal aceites pela sociedade civil e por arrasto pela maioria do PS.

Parece estranho eu ter apresentado os cenários por esta ordem, mas julgo que embora o segundo cenário seja o que a maioria dos militantes do PS quer que aconteça (e nessa maioria eu posso não me inserir), o que provavelmente acontecerá será o terceiro cenário. Não vejo diante da diversidade de opções e do desencanto geral pela política e mesmo que haja um esmagamento da coligação de direita – que prevejo que não chegará nem aos 30% – que haja condições para que o PS tenha maioria absoluta, julgo que o terceiro cenário será o mais previsível e que – e agora vou fazer de adivinho – os 1/2 deputados eleitos pelo PAN, 2/3 eleitos pela coligação – com o nome atual provisório – Tempo de Avançar e os 2/3 deputados eleitos pelo PDR, serão úteis para que o PS de vez em quando refreie os seus ímpetos centristas e recupere o seu lado social-democrata e socialista de que espero que não saia.