Que queres para o aniversário? Uma demissão!

Desde cedo que no nosso aniversário estamos habituados a receber presentes. O nosso cd preferido, o brinquedo que mais queríamos, o relógio sem o qual não poderíamos viver, o perfume que cheira melhor que todos os outros ou o pijama que a tia insiste em oferecer. Todos estes objectos sempre foram os mais desejados por todos e, geralmente, oferecidos. Porém, no dia 5 de Março, Paulo Fonseca recebeu um presente que vem revolucionar toda a história dos aniversários, a demissão.

O ditado português diz que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, o que acaba por ser verdade, pelo menos no caso do, agora ex, treinador do Porto. Paulo Fonseca vinha pedindo a demissão há semanas, esforçando-se mesmo a sério para obter o devido bónus, empatando com o Estoril, com o Vitória de Guimarães e com o Estu… Frankfurt. A sua dedicação e empenho foram tais que o Presidente do clube acedeu ao seu pedido.

Se há coisa pela qual o F.C.Porto sempre foi conhecido foi pela estabilidade da sua estrutura, pelo menos o que transparece cá para fora. Jorge Nuno Pinto da Costa tentou adiar ao máximo o que deveria ter feito há meses atrás, despedir Paulo Fonseca. O ex-treinador do Paços de Ferreira, não se adaptou à nova realidade e logo se percebeu que as mudanças que trouxe – ou pretendeu trazer – em nada iriam resultar. Pinto da Costa, enconstado à parede, viu-se “obrigado” a agir. Tarde de mais.

Recuando um pouco, conseguimos ver que tudo começou pela forma como o F.C.Porto se reforçou. Após um ano em que venceu no sprint e a mentalidade vencedora ganhou um novo ânimo, Paulo Fonseca deveria saber que a solução, nunca seria ir buscar Herrera, Licá, bem como Ghilas que aquece mais o banco que os cobertores, visto que desde o ínicio se sabia que tinha tudo para correr mal. Isso e a sua tentativa, falhada, diga-se, de mudar o estilo de jogo e de adoptar uma nova estratégia táctica. Tudo falhou redondamente, nem conseguiu resultados, nem imprimiu o seu cunho pessoal no clube. Em equipa que ganha não se mexe, dizem.

Um treinador que se baralha repetidamente sobre a equipa com a qual vai jogar, que procura camuflar cada fracasso com intervenientes externos, que não reconhece os próprios erros, pior, que não os retifica, não pode ser o timoneiro da equipa tri-campeã nacional. Pelo menos assim pensam os seus adeptos. O trabalho que fez no Paços foi óptimo, contudo, não se poderá continuar a escudar nos feitos do passado para desculpar os erros do presente. Quando se espatifa um Ferrari, o melhor é voltar a conduzir um Fiat. Uma (des)ilusão. Os meus parabéns atrasados, Paulo.

AntónioBarradasLogoCrónica de António Barradas
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