Quem não presta para dormir, não presta para…

Já a minha avozinha dizia: “netinho lindo, quem não presta para dormir, não presta para trabalhar”. E depois acrescentava: “ó filho, devias cortar essa gadelha que isso não tem ponta por que pegue e com a carinha que tens pareces uma menina!”. E eu, armado em puto irreverente, nem dormia e nem cortava o cabelo, só para embirrar. Hoje em dia, sou careca e continuo a dormir mal e porcamente — devia ter dado ouvidos à minha querida avozinha. Desde muito novo que ouço dizer que devemos dormir entre 7 a 8 horas por noite. E que isso traz bastantes benefícios para a saúde, ao contrário de se dormir 4 a 5 horas por noite, como costuma ser paradigma na minha vida desde que me lembro de existir. Nunca fui menino de dormir muito porque, vamos lá a ver uma coisa, só vivemos uma vez e se perdermos tempo a dormir não aproveitamos nada na curta estadia neste mundo.

Os grandes especialistas do sono, bastante mais entendidos na matéria do que um simples leigo como eu, defendem que, ao se dormir 7 a 8 horas por noite, estamos a contribuir para um estilo de vida mais saudável. Segundo esses pelintras do pior, dormir bem reduz o stress, melhora o humor, controla o apetite, activa a memória, estimula o raciocínio e rejuvenesce a pele. Para mim não passam de calúnias! Não acredito numa palavra sequer que provenha desses impostores. E tenho razões bastante válidas e credíveis que comprovam a minha reprovação às ideias desses malfeitores.

Normalmente, durmo apenas 4 a 5 horas por noite. Mas, mais recentemente, cometi uma pequena loucura e ofensa à sanidade mental: dormi 8 horas seguidas. Eu sei, sou completamente louco e não o deveria ter feito, mas, de facto, estava bastante cansado e deixei-me levar pela vontade do corpo. E os resultados foram, de facto, impressionantes. Acordei com uma dor de cabeça monumental. Logo, a ideia de reduzir o stress é errónea, pois acordei ainda mais stressado do que tivesse dormido 5 horas. Por sua vez, ao invés de melhorar o meu humor, ainda o piorou mais porque a dor de cabeça estava a dar conta de mim. Dei por mim a comer dois pequenos-almoços para tentar esquecer a dor de cabeça e, uma vez mais, lá se foi a teoria que dormir 8 horas controla o apetite. A dor de cabeça já não me deixava pensar, quando mais activar a memória como esses energúmenos especialistas do sono defendem. Dei por mim a ter de recorrer à calculadora do telemóvel para fazer uma simples conta de somar, por isso, meus amigos, a questão do estímulo do raciocínio é um embuste. Por fim, esses malfazentes do sono defendem que dormir 8 horas por noite rejuvenesce a pele. É engano! Um verdadeiro logro! Uma vigarice do pior. Eu dormi 8 horas e, de manhã, quando me vi ao espelho assustei-me, pois parecia um zombie com colesterol elevado e falta de açúcar no sangue.

Tenho para mim que estes defensores do sono são controlados pelo governo. Fazem parte de uma sociedade secreta que impinge a ideia da necessidade de dormir 8 horas por noite para sermos mais saudáveis, mas, na verdade, só nos querem dormentes, sem reacção, sem raciocínio e, por fim, mais feios e com uma enorme falta de autoestima, para assim sermos mais “maleáveis” à vontade dos políticos que governam este país. Tudo não passa de um plano maquiavélico para nos dominarem, é o que é. E se o leitor não acredita no que estou a dizer, então diga-me por que raio quanto mais dormimos, mais sono temos? Pense nisso. Só não digo para ir dormir sobre o assunto, porque isso já irá ser perigoso demais nos tempos que correm…