Quinta-feira é o melhor dia para fazer amor – Sandra Castro

Li numa revista de qualidade duvidosa, daquelas revistas que tem as fotografias tiradas pelos paparazzi, das celebridades em biquíni cheias de celulite, ou das celebridades com os filhos rodeados de seguranças e amas. Daquelas revistas com consultório intimo, em que as duvidas mais pitorescas sobre sexo aparecem escarrapachadas nas páginas. Daquelas revistas em que lemos o que vai acontecer nos próximos episódios de todas as novelas, de todos os canais, para à noite vermos as novelas e já sabermos o que vai suceder com as personagens.

Aparentemente, vários ( sim, leu bem, vários ) estudos científicos comprovaram o que ninguém sabia, eu pelo menos não sabia, nem sequer desconfiava: Quinta-feira é o melhor dia para fazer amor! Não façam contas aos dias, leitores, os estudos estão feitos e comprovados e não há volta a dar. Supostamente às quintas-feiras nós atingimos os picos do stress e libertamos no organismo uma substancia de nome cortisol que no seu auge também estimula as hormonas sexuais.

O ideal mesmo é fazer amor todos os dias, de manhã e à noite, e quem sabe também pela tardinha para os mais sortudos, e depois logo se vê qual é o dia mais favorável, até porque somos todos diferentes, personalidades distintas e gostos diversos. O que é bom para uns pode ser péssimo para outros. E na falta de ideias ou até de parceiro, o melhor mesmo é consultar a revista em questão, que tem excelentes conselhos (tenho serias dúvidas quanto a este adjectivo) e bem pormenorizados sobre o que fazer nestas situações.

Mas na realidade, eu não vou falar sobre esta treta da quinta-feira, eu só escrevi este titulo para que o leitor, que é naturalmente um pouco malicioso, sinta curiosidade em ler a minha crónica. Não, não é nenhuma maldade é apenas uma brincadeira.

O que eu queria realmente escrever era sobre batatas. Sabiam que existe vários tipos de batatas? Batatas para cozer, para fritar e ainda as pequeninas para assar. Pois…também não vou falar sobre batatas a menos que sejam cozidas com uma bela posta de bacalhau!

Eu vou opinar sobre um assunto sensível e que foi seriamente discutido entre  quatro clientes, de diferentes idades e conceitos, um dia destes no meu local de trabalho. Pelos vistos, a lindíssima e boazona brasileira, sinceramente não sei o nome, está a causar furor no meio do plebe  masculino no Big Brother Vip. Ora, claro que a brasuca já esta na boca (!!!) do povo.

Enquanto uma cliente relatava os imensos casos que conhece de brasileiras que destruíram os lares portugueses, quais tornados sexuais quais quê, outro cliente dizia em tom brusco que elas só vêm para Portugal para esses fins, e ainda outra cliente afirmava que conhece brasileiras de respeito. A primeira cliente  finalizou dando o seu palpite, passo a citar a cliente em questão: “isto foi uma amiga brasileira que me disse. As brasileiras são muito diferentes das portuguesas. As portuguesas estão sempre muito preocupadas com tudo, chegam a casa e vão cuidar dos filhos, fazer o jantar, cuidar da roupa. As brasileiras não. Estas chegam a casa e não fazem nada, só dão atenção ao marido e cuidam dele”.

Com a discussão um pouco acesa, ou não fosse o assunto as brasileiras, eu dei a minha avaliação certeira. Oi gente, vem cá cara, deve ser do sotaque, né? Brasileira tem samba, tem tudo meu amor, cuida do maridão sim. Não gosta, não olha meu bem. Ops…desculpem, isto foi um devaneio meu! Na minha opinião, nós portuguesas temos um pouquinho de inveja do mulherio brasileiro, não concordam leitoras? Gostávamos de ter um pouco daquele ar sexy e despreocupado. Um pouco daquele rabo sempre firme e ainda um pouco daquela barriga tonificada e daquele tom bronzeado.

Acho injusto para com o povo brasileiro termos uma opinião tão negativa. É verdade que os tótós dos portugueses salivam pelas brasileiras. É verdade também que quando uma brasileira entra em algum lugar, todos os olhos se centram nela, elas emanam uma confiança e uma firmeza que falta às mulheres portuguesas. É verdade que elas são boazonas, e é verdade também que o sotaque delas puxa como se fosse um íman. Mas daí até as culparmos pelo devastação dos nossos lares acho que é um exagero. Um lar assolado, se preferirem para não parecer tão dramático, uma relação fracassada só acontece por um motivo: quando um dos parceiros ou mesmo ambos não se sentem felizes e preenchidos.

Concluo, com uma afirmação própria, a  inveja é nossa inimiga, porque obriga-nos a afirmar mais do que aquilo que os nossos olhos vêem e mais do que as orelhas ouvem. Ai inveja, a quanto obrigas, mais vale centrar-nos nas quintas-feiras.

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense