«R.I.P » – Maria João

Assusta-me, levo as mãos à cabeça e fico a falar sozinha quando vejo como as pessoas lidam com a morte nas redes sociais. Como é que conseguem partilhar, comentar, fazer «like» num assunto que merece tudo menos «gostos»? Como é que se consegue ser tão impessoal? Escrevo a propósito da morte do ator Paul Walker e do pai do Fábio Coentrão, no passado sábado. O meu feed foi inundado com «R.I.P», e arrisco a dizer que muitos não sabem o significado do que escreveram, mas é assim que se dá as condolências nas redes sociais; ainda há os grupos com mais 10.000 likes com o nome «R.I.P Paul Walker», partilha de fotografias e notícias de jornais internacionais, posts com smiles tristes, com lágrimas, e estados «a sentir-se triste». Isto assusta-me, desculpem, mas não consigo perceber.

Sim, eu sei, é o futuro. Quando morre um colega da faculdade também se partilha nas redes sociais que a Academia está de luto; quando os pais de um melhor amigo morre, vamos para página dele mostrar o nosso apoio e pedir desculpa por não ter estado presente no funeral; é mais fácil, é quase como deixar um post de «Feliz aniversário», «Eu dou os parabéns no face, é igual, e assim não me esqueço!». Não, não é igual.

Já não se vive de afeto, de abraços, de lágrimas? Ser amigo é adicionar alguém no facebook? Dar atenção a alguém é fazer um post com uma frase de Oscar Wild? Vamos começar a chamar o 112 pelo facebook? Desculpem se estou a cair no ridículo, mas não há nada mais ridículo do que ir para as redes sociais demonstrar a dor pela morte de alguém. Talvez a dor não seja assim tão grande …mas quem sou eu para julgar?  Vou ficar por aqui, é o melhor!

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!