Raça, querer e ambição: os adjectivos deste Benfica Campeão

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Grande é quem se consegue manter no topo, mas forte é aquele que tem a coragem, o espírito, a garra e o coração para se levantar depois de várias quedas e muitos “socos” no estômago. Só assim se consegue ver o carácter de uma equipa e a competência de um treinador que soube reerguer um grupo abatido e visivelmente afectado pelos desaires da última temporada. A famosa frase “mostra a tua raça, o querer e ambição”, tão entoada pelos adeptos encarnados, foi mesmo levada à letra pelos jogadores e o resultado está bem à vista.

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Faço das palavras de Luisão as minhas: “Deus tem coisas maravilhosas preparadas para a equipa”. Esta frase espelha tudo aquilo que se passou no final da última temporada e o que tem sido 2014. Se alguém merecia tudo o que tem vivido este ano é este plantel do Benfica. Soube levantar-se, voltar a lutar e demonstrar que o trabalho realizado até aqui tem sido meritório por parte de Jorge Jesus e pelos seus jogadores. O capitão Luisão é a cara de um exército pronto para qualquer batalha e onde cada jogador está pronto para dar o corpo às balas por um bem comum: o Sport Lisboa e Benfica.

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Seja com 11, com 10, ou até mesmo com 9 jogadores, este Benfica sabe multiplicar-se, sabe contrariar as adversidades e isso só é possível quando cada um dá mais do que cem por cento em campo. A entreajuda tem sido notória e as palavras, muito infelizes de Antonio Conte, revelam o desespero, a frustração e a incapacidade dos adversários em contrariar este Benfica.

Pode parecer injusto destacar alguém no meio deste mar vermelho que vem assolando a Europa, mas mais injusto seria não enaltecer o brilhante trabalho desenvolvido por Jorge Jesus desde que tomou o leme dos “encarnados”. Aprendeu com os seus erros, uniu uma equipa em torno de um único objectivo, fechou um grupo e cerrou os punhos. O Benfica tem sido conquistador, e mais do que isso, tem sido claramente superior a todos os adversários e, mesmo na Champions, demonstrou ser melhor que os seus opositores e arrisco-me a dizer que bem que poderia figurar entre os finalistas de Lisboa. Não foi possível e o destino quis dar ao Benfica a oportunidade de remediar o passado e acertar contas com uma competição que já merecia e devia ter ganho. Será ainda cedo dizer isso, mas como esta equipa joga, seja com quantos elementos for, demonstra uma confiança tal, uma capacidade enorme, uma garra extrema, uma qualidade inegável, mas mais do que isso, demonstra uma vontade gigantesca em superar qualquer obstáculo e, com todo o respeito, tal como dizia Andrea Pirlo, também eu tenho pena…do Sevilha.

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O “colosso” encarnado ressurgiu nos últimos anos e veio para ficar. A Europa está cada vez mais atenta e este Benfica já motivo de temor, de respeito e de admiração pela elite da UEFA. Mantendo esta estrutura não vejo motivos para não se acreditar num Benfica como um gigante, não adormecido, mas bem acordado, capaz de provocar os maiores pesadelos aos chamados “grandes da Europa”, capaz de lutar ombro a ombro pela cadeira de sonho da Liga dos Campeões. Tem equipa para isso, tem treinador, estrutura, e tem adeptos fervorosos, seguidores da equipa para todo o lado, capazes de pintar qualquer cidade de vermelho e de transportarem o inferno da Luz para qualquer estádio. A este Benfica apenas falta o título Europeu, e já não falo deste Liga Europa, porque é uma competição demasiado pequena para uma equipa deste nível.

Os “guerreiros de Turim” analisados um a um

Oblak – Nem parece ter apenas 21 anos. Uma frieza enorme, mesmo nos momentos de maior pressão da Juve, a encaixar remates complicados, ainda mais depois da chuva que caiu. Um verdadeiro “Guardião do Templo”

Maxi Pereira – Incansável como sempre, durinho como sempre, mas mais inteligente e sempre muito consistente. Debateu-se com Pogba e Asamoah, muitas vezes sozinho, mas foi sempre eficaz. Um “Lutador”

Luisão – Muita classe e experiência. Anulou tudo o que lhe apareceu à frente e comandou a equipa. Um exemplo em todo o campo e uma calma incrível nos momentos de aperto. Salvou o golo em cima da linha e manteve a equipa ligada à corrente. Um verdadeiro “Líder”

Garay – Eficaz é a palavra que define Ezequiel Garay. Um dos melhores centrais do Mundo não teve dificuldades em anular Tevez ou Llorente. Deu o corpo às balas e saiu lesionado depois de um lance “assustador” com Pogba. Um “Muro impenetrável”

Siqueira – Mais um jogo a demonstrar o porquê de tantos interessados na sua contratação. Seguro a defender e inteligente a sair para o ataque deu tranquilidade à equipa. Incansável no corredor esquerdo correndo de uma área à outra. Uma  verdadeira “Locomotiva”

Ruben Amorim – Jogo enorme do médio português. Preencheu o meio-campo de forma inteligente, anulou a construção de Pirlo e Vidal e com isso reduziu o jogo da Juventus. A sua eficácia defensiva foi atroz e teve pulmão durante os 90 minutos trabalhando imenso. Uma “Formiga trabalhadora”

Enzo Pérez – Já começa a faltar os adjectivos para classificar este argentino. Forte a defender, rápido a sair para o ataque, qualidade de desarme, boa visão de jogo, corre que se farta e lutador. A expulsão não mancha o seu jogo, mas podia ser evitada. No entanto demonstra um coração enorme. Um “Coração de Leão”

Gaitán – Mais uma vez grande qualidade técnica, conseguiu aguentar a bola na frente e dar oportunidade à equipa para respirar. As suas arrancadas deixavam os “binconeri” sempre bastante apreensivos quando se aproximava da área de Buffon. Um verdadeiro “Artista”

Markovic – Impressionante o seu virtuosismo e a sua capacidade de improviso. Saiu muitas vezes para o ataque e quase sempre com êxito, tendo algumas arrancadas importantes depois da expulsão, permitindo à equipa subir no terreno. Levou a melhor algumas vezes no um para um e desequilibrou com a bola nos pés. Um “ Virtuoso”

Rodrigo – Apesar de ser preterido na segunda parte, foi dos pés do espanhol que surgiram as melhores oportunidades do Benfica. Incansável na pressão à primeira fase de construção da Juventus e perigoso sempre que tinha a bola nos pés, provocando calafrios aos italianos. É a verdadeira “Fúria espanhola”

Lima – O primeiro a defender, apesar de ser avançado. Impediu a saída para o ataque da Juve e obrigou muitas vezes ao jogo directo. Fez os 90 minutos e trabalhou imenso na frente. O seu golo em Lisboa valeu ouro e a final de Turim. Um verdadeiro “Matador”

André Almeida – Entrou para compensar a expulsão de Enzo e reestruturar o meio-campo. Sempre muito assertivo entrou tranquilo e sem vacilar. Cumpriu o que lhe foi pedido e ajudou Ruben Amorim a anular Pirlo. Tanto joga nas laterais como no meio e sempre com a mesma regularidade, sendo um jogador de grande confiança. Um verdadeiro “Todo-o-terreno”

Salvio – Rendeu Gaitán e deu pulmão ao lado esquerdo do Benfica, onde não está habituado a jogar. Ajudou Siqueira a defender e não teve grandes oportunidades para brilhar na frente. Jogou reduzido fisicamente mas não deixou de dar tudo em campo. Viu um amarelo em prol da equipa que o deixa fora da final de Turim. Um “Velocista desequilibrador”

Sulejmani – Substituiu o esgotadíssimo Markovic e não teve tempo para muito. Ajudou a defender e a ocupar o meio-campo. A sua entrada permitiu a Salvio mudar-se para o flanco direito e o sérvio ocupou o lado esquerdo. Serviu, sobretudo, para segurar jogo na frente com a sua qualidade técnica inegável. Um “Jogador de equipa”

Capital espanhola invade Lisboa na final da “Champions”

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O Estádio da Luz vai receber um dérbi de Madrid na final da Champions no dia 24 de Maio. Este parece ser o ano das equipas da capital espanhola, uma vez que ambas ainda lutam pelo título nacional e o Real Madrid já conquistou a Taça do Rei.

No entanto, após o sorteio das meias-finais, Bayern e Chelsea partiam com alguma dose de favoritismo. Os “bávaros” porque são os campeões em título e os “blues” porque são mais experientes na prova e enceram-na há duas épocas atrás. Mas o que decidiu estas eliminatórias foi a eficácia e, nesse aspecto, os espanhóis foram claramente melhores e com todo o mérito e justiça chegam à final de Lisboa com legitimas aspirações de venceram a prova.

Para além de um final história entre duas equipas da mesma cidade, há que registar o incrível record de Cristiano Ronaldo que apontou, até agora, 16 golos em 10 jogos na competição, superando Messi e Altafini, com 14. É mais um marco histórico alcançado pelo português em vésperas de um Mundial que se espera que confirme esta boa forma que tem apresentado ao longo da finaltemporada. Para além de Ronaldo, é de destacar Coentrão e Pepe que vêm fazendo uma ponta final de época de altíssimo nível, deixando boas perspectivas para o Campeonato de Mundo. Outro português na final de Lisboa é Tiago. O médio do Atlético foi capitão em Londres e teve participação em dois golos “colchoneros”, assinalando mais uma exibição de elevado nível.

Seja qual for o desfecho no dia 24 de Maio, Portugal terá mais um jogador a erguer o troféu mais desejado na Europa, no que a clubes diz respeito, ainda para mais no nosso país, num palco que tem sido alvo de grandes momentos esta temporada e de muita festa…pintada de vermelho claro está.

Artigo de André Costa