Rallycross: a alternativa singular ao WRC!

Bom dia caro Leitor

Hoje venho falar de uma modalidade desportiva que tem vindo a ganhar algum destaque, ao contrário do Speedway, que apresentei no mês passado. Antes de mais deixe-me dizer que a modalidade em questão tem um dos principais nomes do rally: Peter Solberg. Não, estimado leitor, não estou a falar do Campeonato do Mundo de Rally. É algo um pouco diferente. Este campeonato tem Montalegre como palco da primeira etapa a nível mundial.  Caso o excelentíssimo leitor não tenha chegado à resposta deixe-me dizer que a modalidade que venho falar é o Rallycross.

O Rallycross é um estilo de corridas de automóveis, realizado num circuito fechado com uma diversidade de estilos de superfícies. Aqui os carros são baseados em veículos de produção em massa e de seguida são modificados, semelhantes ao Campeonato do Mundo de Rally, de forma a conseguirem responder à exigência da modalidade em questão. É bastante popular nos países nórdicos, assim como na Holanda, Reino Unido, França e Grã-Bretanha. Ainda, existem duas versões alternativas, através de carros telecomandados e dos famosos buggies.

Rallycross

Apesar de ser algo com algumas décadas de história, o Rallycross tem vindo a ganhar adeptos, inclusive em Portugal. A modalidade começou quando Robert Reed decidiu convidar pilotos de rally para o seu programa de televisão. No entanto a primeira corrida ocorreria no ano de 1967, sendo vencida pelo piloto de Fórmula 1, Vic Elford, ao comando de um Porsche 911. Após a prova inaugural, ainda houve tempo para mais 2 provas-teste antes de se dar início ao World of Sports Rallycross Championship, que seria transmitido no mesmo canal (ABC) onde Robert Reed apareceu com pilotos de rally meses antes. A transmissão das corridas ocorreu ao longo de seis rondas e acabou com o Tony Chappell, com o seu Ford Escort TwinCam, sendo coroado como o primeiro campeão britânico de Rallycross.

A modalidade passa a ser conhecida, em 1973, como Embassy European Rallycross Championship, mas sem nunca ter a aprovação e a regulamentação da FIA. Isso apenas iria acontecer três anos mais tarde, quando é criado o primeiro campeonato europeu oficial. Nesse ano, o campeão é o austríaco Franz Wurz (pai do ex-piloto de Fórmula 1, Alexander Wurz) aos comandos de um monstruoso Lancia Stratos. Em 1978, a FIA introduziu duas classes: Touring Cars (Carros de Turismo) e Grand Touring Cars (Carros de Gran Turismo) e no ano seguinte as regras sofrem alterações. Assim o campeão seria aquele que conseguisse conquistar um maior número de pontos nas duas classes. Em 1982 as classes passaram a ser divididas em duas divisões: a divisão 1 consistia em carros com tração a duas rodas motrizes e a divisão 2 já abrangia carros com tração integral. 1993 é o ano em que se assiste à criação de uma terceira divisão: 1400 Cup. Aqui apenas estão autorizados carros de tração às 2 rodas com motores de 1400 cm3.

Rallycross

A modalidade continua a sofrer alterações e é só em 2011 é que se implementa o formato que é atualmente conhecido com os carros a serem distribuidos nas seguintes categorias: Supercar, Super 1600, Touring Car e RX Lites. Em 2013 a IMG assumiu a promoção do ERC com o objectivo de levar a modalidade a padrões mundiais. A promotora de desporto, moda e meios de comunicação social muda o nome de ERC para RalycrossRX e é apenas no ano seguinte que esta propõe à FIA a criação de um Campeonato do Mundo de Rallycross (WorldRX) com uma extensão do Campeonato Europeu (Euro RX). A proposta é aprovada o novo campeonato teve inicio em 2014.

Como anteriormente escrito, o carros têm como base os mesmo veículos de produção em massa. No entanto as suas parecenças são apenas estéticas. Os carros do WorldRX são veículos com um motor bastante potente e tração AWD (All-Wheel Drive). Possui uma rotação máxima de 8000 rpm e conseguem debitar 608cv de potência. Por fim, atingem uma aceleração até aos 100km/h em apenas 1.9 segundos, sendo mais rápidos que muitos supercarros desportivos. Além de toda esta potência disponível, os pilotos não têm à disposição qualquer tipo de ajuda eletrónica.

O evento ocorre ao longo de 2 dias. Cada evento é constituído por 4 heats; 2 semifinais e uma final. Cada corrida é constituída por 4 voltas (6 na semifinal e na final), incluindo a Joker Lap – uma volta com uma extensão maior. Cada heat é constituído por uma série de corridas onde os pilotos têm que adquirir um maior número de pontos. Aqui cada corrida conta com a participação de 5 carros, onde todos os pilotos correm 4 vezes, contabilizando cerca de 50 corridas ao longo dos 4 heats. Os 12 pilotos que conquistaram mais pontos passam à semifinal, que está dividida em 2 corridas, com 6 carros cada. Os pontos que os pilotos conquistarem nesta fase, são contabilizados para o campeonato. Ao final das 2 corridas, os 6 melhores passam para a final.

Apesar de o Rallycross estar a ganhar visibilidade mundial, é uma modalidade que tem largos anos de história. Num mundo onde o desporto ganha cada vez mais destaque, as mais diversas modalidades motorizadas “lutam” entre si para ganhar um maior leque de fãs. Leque, esse, que o Rallycross está a conquistar aos poucos, graças ao seu ADN.

Posto isto, só me resta desejar boas leituras… e da próxima vez que o caro leitor for acelerar não se esqueça de colocar o capacete!