Reclamar o troféu – Conto

Numa noite comum, acertar com a fechadura seria fácil para ela. Agora, no seu estado inebriado, estava muito longe de ser fácil. Estava, também, muito longe de ser silenciosa o que a fez questionar-se porque é que ainda ninguém tinha aberto a porta. O seu companheiro de apartamento sempre foi bastante vigilante. Talvez ela devesse apenas tocar à campainha, mas assim perderia o elemento de surpresa. Finalmente conseguiu encaixar a chave, mas antes de abrir a porta encostou-se um pouco à parede para ter certeza que estava estável antes de fazer a sua entrada. Era hora de ir reclamar o seu homem, reclamar o troféu. Ao entrar, ouviu vozes suaves. Caminhou cuidadosamente, com uma mão nas paredes para a manter segura, até ao quarto de onde vinham as vozes. Se ela não estivesse bêbada ou ouvisse mais cuidadosamente os sons, saberia exactamente o que representavam. Ao invés disso, Jane abriu violentamente a porta do quarto e encontrou David e outra mulher numa posição comprometedora no sofá. Eles ainda não tinham notado a sua presença e David estava quase coberto pela desconhecida que poisava no seu colo. O seu vestido amarrotado estava subido até à sua cintura, as suas mãos masculinas no seu traseiro e, até onde ela conseguia ver, ela tentava desapertar os botões da sua camisa enquanto se beijavam de forma faminta.

“Afffastta-te dele!” Jane disse coma fala ligeiramente arrastada, mas nenhum parece a ter ouvido. Então caminhou até eles, colocou a sua mão no ombro desnudado da desconhecida e puxou-a com toda a sua força para a afastar do David. Como Jane estava desequilibrada devido ao seu estado, escorregou e conseguiu arrancar a desconhecida do colo de David, que, com a boca ligeiramente aberta, observava o que se passava à sua frente. Jane estava agora praticamente sentada sobre o seu colo e a desconhecida ficou apenas com uma das suas mãos no peito de David, mas já sentada sobre o sofá. Para ele, esta cena era tudo menos expectável.

“Quem és tu?” Gritou a desconhecida, empurrando Jane para que pudesse ocupar de novo o seu anterior lugar.

“Eu…” Jane parecia confusa por uns momentos, já se tinha esquecido de algumas palavras. “…sssou a sssua mulher.” Terminou a frase. Estava de pé novamente, olhando fixamente a mulher que estava de volta ao colo de David.

“Desculpa? Tu és o quê?”

Jane olhou para a mulher que continuava sem a necessidade aparente de se cobrir. O que fazia David com esta bimba loira? Era este o tipo de mulher que ele queria? Ela abanou a cabeça. Baixando-se vagarosamente, Jane pegou nos sapatos da desconhecida e com a outra mão agarrou o seu braço. Não foi fácil puxa-la do colo de David, mas conseguiu.

“O que é que estás a fazer?” A loira gritou mais uma vez, deixando a dor de cabeça de Jane em mau estado, enquanto a empurrava até junto da porta. Enquanto bêbada, tinha surpreendentemente mais força do que o que aparentava.

“Ele nãooo é teu para puderes brincar.” Terminou enquanto colocava a bimba lá fora, fechando a porta violentamente na sua cara. Só para estar segura, trancou a porta.

David Simmons já tinha visto muita coisa, mas esta foi extremamente inesperada. “Minha cara Jane, que exibição!” Ele estava agradado e surpreso por vê-la a si e ao seu estado também.

Ela blindou os seus olhos com os dele e deu-lhe um sorriso torto. Aproximou-se, tentando balançar a sua anca de forma sedutora. Não correu exactamente como estava à espera e a sua caminhada tornou-se mais um evitar que caísse no chão de forma desamparada. Apesar de tudo, sentiu-se segura de si mesma, até porque conseguiu uma vitória ao expulsar a loira, agora ela tinha-o só para si. Ela tentou graciosamente sentar-se sobre o seu colo, mas ao invés disso caiu sobre ele. Recompondo-se, apontou o dedo no seu peito. “Não podes evitar-me agora, pois não?” Ela sorriu orgulhosamente para ele. Olhou para a sua camisa parcialmente aberta e deslizou um dedo desde o seu desnudado pescoço até encontrar os botões que ficaram por abrir.

Antes que pudesse avançar, David agarrou-lhe a mão. “O que é que estás a fazer?”

Jane olhou-o de forma inocente. “Nada”. Sentou-se de forma mais confortável no seu colo e mexeu as suas ancas ligeiramente. Sorriu novamente. Aproximou-se e sussurrou ao seu ouvido. “Tttens uma arma contigo ou estás contente por me ver, Simmons?”

David fechou os olhos por um momento. Ele tinha que ganhar novamente o controlo da situação, mas isso estava longe de ser possível enquanto Jane sorria para ele daquela forma, no seu colo. Mais tarde, o estado dela iria passar e ela iria lembrar-se de cada momento. “Não faças isto, Jane.” Ele reclamou, mesmo não querendo. Rapidamente colocou as mãos sobre as suas ancas para parar o seu movimento.

Ambos fizeram silêncio durante um momento. Com as suas mãos ainda nas suas ancas, ele sentiu a tensão no corpo de Jane. Ele sabia que deveria culpar o seu estado, mas ela magoou-o. Era quase como que um mecanismo de defesa. No entanto, ali estava ela nos seus braços e ele sabia sem qualquer dúvida, que iria até ao fim do mundo para ser o homem que ela precisaria na sua vida. Sem ela, ele era apenas a metade de um todo. O seu coração batia por ela, a sua alma pertencia-lhe, ele seria dela por quanto tempo ela quisesse.

Quando ela ficou em silêncio por bastante tempo, ele inclinou a cabeça para tentar olhar para ela. A sua cabeça estava afundada no seu pescoço. Ela aninhou-se junto à sua bochecha.

“Sinto a tua falta.” Ela sussurrou antes de lhe dar um pequeno beijo no pescoço.

Ele gentilmente acariciou as suas costas e sentiu-a a relaxar. Imaginou se ela iria dizer algo mais. Talvez no seu estado fosse mais fácil que ela respondesse a algumas questões. “O que estás aqui a fazer?”

“A reclamar o meu troféu.”

“Desculpa? Reclamar o troféu?”

Ela voltou a apontar-lhe o dedo no peito, enquanto a sua cabeça continuava aninhada no seu pescoço. Estava difícil recordar-se das palavras. “Tu és meu.”

David realmente não consegui entende-la. Principalmente porque ela estava a balbuciar mas também porque as coisas não faziam sentido. Antes que ele pudesse perguntar algo mais, ela continuou.

“Cheiras bem.” Ela colocou o seu nariz junto ao seu maxilar, roçando-o na sua barba curtinha. “E a tua voz…” Entrelaçou os seus braços á volta do seu pescoço. “Voz sexy.” Ela sussurrou. Deu uma pequena risada e voltou a mexer a sua anca.

Ele sorriu da sua pequena risada. Como era bela. Ele pensou que a iria encontrar numa forma mais tumultuosa, mas ao invés disso, tem nos seus braços uma doce e sorridente mulher.

Jane bocejou. Estava quase a adormecer. Sentia-se bem, quente e relaxada. Ia só fechar os olhos por um pouquinho. Aproximou-se e colocou a sua cabeça mais pertinho do seu pescoço, murmurando contente “Amo-te.”

As suas mãos na sua esbelta cintura tencionaram-se quando ouviu a sua declaração. Ele tem quase a certeza de que o seu coração avançou uma batida. Ele estava incerto de como agir, mas Jane resolveu esse problema por ele, quando entretanto a ouviu ligeiramente a ressonar. Ele soltou uma pequena risada. Moveu a sua cabeça ligeiramente e beijou o seu cabelo. “Bons sonhos, querida.”

Fim.