Ressaca de Natal

Dia 26 de Dezembro. Aquele dia depois do Natal. Este ano para ajudar à coisa é um sábado.

Levamos, nestes dias que passaram, com familiares que só encontramos nesta altura, a entregar prendas a quem não se lembra de nós, comida, comida e mais comida.

Se por um lado gostamos de juntar a família toda (pelo menos aquela de quem gostamos) por outro ter de fazer o frete de levar com a tia que quer saber tudo da nossa vida, mas que ninguém tem a coragem de a deixar sozinha em casa. Natal é família contudo e como ficamos depois? Depois do dia 25? Hoje… Uma casa que volta a ficar vazia, uma mesa cheia de restos para comer nos próximos dias. O coração estará quente por uns tempos, a questão é se aguentará mais um ano?

Por mais uns dias andaremos a comer roupa velha, os restos do peru que ainda dão para umas três ou quatro refeições. Para sobremesa temos ainda pão-de-ló, bolo-rei, aletrias, sonhos e afins. Limpamos novamente tudo como se tivesse passado um terramoto lá por casa.

Voltamos, agora que o Natal passou, a esquecer o amor e a ajuda ao próximo. A solidariedade que tanto impera há uns dias atrás parece que fugiu a passos largos. A paciência esgota-se tão facilmente que parece que nunca a tivemos, e no entanto há dois dias atrás esperamos, pacientemente, na fila para comprar uma prenda.

Ficam os sacos do lixo, ficam os restos de comida, ficam as prendas que muitas vezes nem dão jeito nenhum…vai o melhor do Natal. Porque não fazemos uma troca nisto do que vai e do que fica? Os abraços e beijos, a casa cheia, a cumplicidade, a alegria, os sorrisos e os risos. Tudo isto devia ficar, mais uns dias, mais uns meses, mais um ano…até ser reforçada a dose no Natal seguinte. Mas não. Isto acaba logo no dia seguinte e a vida volta ao que era, antes do Natal.

Entretanto…entretanto mais um Natal que passou…