A Restauração da Independência

Faz hoje 377 anos que, a 1 de Dezembro de 1640, Portugal voltou a ser dos portugueses. O dia 1 de Dezembro não é só mais um feriado, é um feriado que serve para nos lembrar o valor da nossa liberdade. Foi a restauração da independência portuguesa.

Quando D. João III de Portugal morreu sucedeu-lhe Henrique I como regente do reino.

Dom Henrique era irmão do falecido rei, mas nunca se esperara que ele pudesse vir alguma vez a subir ao trono. Era o quinto filho de D. Manuel I e da sua segunda esposa, Maria de Aragão. Fora ordenado  aos 14 anos, foi arcebispo de Braga, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa, inquisidor-mor e aquando da morte do seu irmão era já cardeal.

Dom Sebastião
Dom Sebastião, o Desejado

O esperado era que este homem do clero fosse regente do reino apenas por alguns anos, até que o seu sobrinho neto, Sebastião, pudesse governar. Sebastião tinha então 3 anos.

Sebastião era filho de Dom João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal, e de Joana de Aústria. O seu pai, futuro rei, morreu antes de subir ao trono e antes mesmo do seu filho nascer, o que deixou todo o reino em sobressalto pois o herdeiro directo e legitimo de Portugal ainda estava no ventre da mãe. Conta-se que quando as dores de parto começaram e a notícia se espalhou a procissão pela saúde do pequeno príncipe em Lisboa foi tamanha que muitos tiveram de ficar de fora.

Não que não existissem outros pretendentes portugueses ao trono. Existiam vários. Mas tinha sido feito um contrato de casamento para Dona Maria Manuela, irmã de Dom João Manuel, em que constava que caso não existisse um herdeiro legitimo para Portugal, filho do seu irmão, seria o seu filho a subir ao trono deste nosso país à beira mar plantado. Ora Dona Maria Manuela estava casada com Filipe II de Espanha, logo o seu filho seria, primeiro que tudo, o rei de Espanha. Essa ideia em nada agradava aos portugueses que viam a sua independência comprometida.

Dom Sebastião subiu ao trono aos 14 anos. Conta-se que tinha grande fervor militar e religioso. Mas Sebastião, “o Desejado” Dom Sebastião, desapareceu em Alcácer-Quibir em 1578. A batalha foi desastrosa para a coroa portuguesa. Dizia a lenda que o rei menino iria ressurgir numa manhã de nevoeiro e acabar com as sombras que cercavam Portugal, mas tal nunca aconteceu. Assim se deu início à Guerra da Sucessão Portuguesa, que durou de 1580 a 1583.

O principal pretendente português ao trono era então D. António de Portugal, Prior do Crato. António era filho de D. Luís e sobrinho de D. João III, mas o casamento secreto dos seus pais, em Évora, tornava a sua legitimidade de herdeiro ao trono bastante criticável para alguns.

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Filipe I de Portugal

O Cardeal Dom Henrique era um dos que não aceitava a legitimidade de António. Como consequência, após a sua morte em 1580, António acabou mesmo por subir ao trono mas não o conseguiu manter.por muito tempo.

Filipe II, então rei de Espanha, reuniu as tropas e marchou conta o Prior do Crato, que não tinha forças militares suficientes para o vencer.  Filipe II de Espanha (I de Portugal) tornou-se então rei e formou a União Ibérica.

Ao subir ao trono Filipe prometeu aos portugueses várias coisas, entre as quais que os cargos mais importantes (na igreja e no tribunal) estariam nas mãos dos portugueses; que Espanha não iria interferir com o comércio com África, Brasil e Índia; que os símbolos portugueses iriam continuar a ser os mesmos (o escudo, a bandeira e a moeda), etc.

Mas os seus sucessores, Filipe II e Filipe III de Portugal não cumpriam as suas promessas e assim se deu início ao que hoje conhecemos como a guerra da restauração.

Dom João IV
Dom João IV, o restaurador

 

Foi D. João IV, conhecido como o restaurador, que após vários confrontos e batalhas conseguiu devolver a independência a Portugal. D. João era neto de D. Catarina, Infanta de Portugal e trineto de D. Manuel I.

Foi o fim da Dinastia Filipina em Portugal e o início da Dinastia de Avis.