Revista de imprensa – fevereiro/17

A brincar com coisas sérias, eis alguns títulos de notícias que são falsas mas, a serem verdadeiras, seriam sinónimo de um mundo muito mais divertido:

1 – “Abastecer carro elétrico vai pagar contribuição audiovisual”

Por causa de um estudo que aponta a distração dos condutores como fator de causa de acidentes, o Governo legislou no sentido de obrigar os donos de carros elétricos a pagar, como nas faturas do consumo doméstico, um valor relativo à taxa do audiovisual sempre que carregam as suas viaturas. É para que não vejam televisão nos telemóveis quando vão a conduzir.

Esse estudo aponta também o consumo de álcool em excesso a contribuir para a sinistralidade. Por essa razão, o preço das bebidas alcoólicas vai pagar um imposto adicional e 20%. E para prevenir os acidentes causados pelo sono de quem adormece ao volante, vão deixar de ser comparticipados pelo Estado os calmantes, além de passarem para o escalão acima da taxa de IVA.

FIM

2 – “António Costa sugere criação de taxa de turismo em Cabo Verde”

António Costa deslocou-se a Cabo Verde com uma extensa lista de convidados, que incluía ministros, empresários e figuras do jet-set, para o Governo daquele país fazer contas ao que ficaria a ganhar se já tivesse criado para a cidade da Praia, uma taxa turística como existe em Lisboa.

“Parafraseando esse célebre socialista que agora preside à ONU, é só fazer as contas. Multipliquem quantos somos por 10 ou 20 euros e já teriam dinheiro para construir um novo aeroporto nesta bela ilha.”.

Há quem ache uma doença chamada “mania das grandezas”, esta obsessão de António Costa pela construção de um novo aeroporto, mas ele não quer saber disso. Prefere não ser tratado, do que perder a esperança de um dia serem feitos aeroportos em todas as grandes cidades de Portugal, uma dúzia de linhas de TGV e, ainda no mesmo ano, infraestruturas para organizar uns Jogos Olímpicos.

FIM

3 – “Centeno não divulga SMS’s porque esqueceu-se do PIN do telemóvel”

Não tem nada a ver com o querer esconder as mensagens trocadas com António Domingues. Afinal, o que o ministro das Finanças não consegue é ligar o telemóvel porque se esqueceu da senha de acesso. Já garantiu que mal seja possível, apresentará as polémicas mensagens. Só não sabe é quando.

FIM

4 – “E o Óscar de melhores efeitos especiais vai para Mário Centeno”

Poderá ser o mais forte candidato na escolha do futuro prémio Nobel da Economia, caso consiga chegar a novembro e tiver cumprido as metas anunciadas do défice do Estado sem recurso a medidas adicionais de austeridade.

Contudo, aconteça o que acontecer, o prémio que já não parece deixar fugir é o do Óscar da academia de cinema na categoria de Melhores Efeitos Especiais.

Do orçamento para 2017 que levou a Bruxelas e recorrendo à mais moderna técnica, ele tão bem mascarou as imperfeições e os pontos fracos que, segundo o PSD, o caracterizavam, que, iludindo os ministros do euro grupo, chegou a dar-lhes a impressão de que não era de um país como Portugal que ele estava a falar, mas de outro com uma economia muito mais desenvolvida e em acelerado ritmo de crescimento como a alemã.

FIM

5 – “Marcelo sai à rua disfarçado para protestar contra o Governo”

Aproveitando o protesto doa Tuk-Tuk’s e a proximidade com o Carnaval, o Presidente Marcelo saiu à rua mascarado de Zorro e lançou palavras de ordem contra o atual Governo da maioria de esquerda.

A princípio, estava um pouco atrapalhado, como se tivesse uma espinha atravessada na garganta ou um caroço de pêssego que o impedia de respirar livremente, mas aos poucos lá se foi soltando e acabou a ditar palavras de ordem que dariam o mote a novos protestos.

Foi reconhecido pelos populares, quando convidou um grupo de estudantes para tirar umas selfies e convidou outro grupo de reformados para irem almoçar e passar uma tarde consigo nos jardins do palácio de Belém.

FIM

6 – “Nuno Espírito Santo quer escolher onze do Benfica”

Depois de, na conferência de imprensa que antecedeu o jogo, Nuno Espírito Santo ter acertado nos 11 jogadores da Juventus que iam entrar em campo, quase dando a entender que tinham sido escolhidos por si, eis que o treinador azul e branco quer agora escolher os 11 jogadores do Benfica que vai defrontar na partida do campeonato que poderá vir a ser decisiva na atribuição do título de vencedor da Liga.

Não se sabe em quem recairá a escolha final, mas já se comenta que não incluirá nenhum dos jogadores que têm jogado de início, os quais, para Rui Vitória resistir à tentação de pô-los a jogar, nem sequer se deverão sentar no banco dos suplentes, sendo previsível que a maioria sejam jogadores da equipa de juvenis ou iniciados B, podendo recorrer aos menos utilizados na formação da categoria de benjamins.

FIM

7 – “O agravamento do estado do tempo para compensar o agravamento do crescimento do PIB”

Numa altura em que a esmagadora maioria dos portugueses anseia ver no céu os sinais do anúncio da primavera, o Primeiro-ministro António Costa deseja o agravamento do estado do tempo.

“Venha ele!”, Refere o governante, esperando que com o agravamento do estado do tempo deixe de se falar no agravamento do crescimento do PIB, em comparação com o ano passado.

E até deu instruções claras aos seus ministros, no sentido de desviar as atenções das pessoas que assistem à noite aos noticiários. Assim e apesar de se prever calor, alegando a possibilidade de poder chover torrencialmente, o ministro da Economia desmarcou um encontro com empresários, enquanto o da Educação adiou a ida a uma escola temendo a eventualidade de ocorrerem dois ou três tornados.

Só o da Agricultura é que não alterou a sua agenda. Dizem as más-línguas que foi com medo de que, mesmo não tendo acontecido nada, logo um grande número de agricultores se juntasse e numa grande manifestação à porta do ministério por causa dos “prejuízos”, começasse a exigir o pagamento de avultadas indemnizações.

FIM

8 – “Por causa da nuvem de enxofre PSD aconselha Marcelo a ficar em casa”

Fonte ligada ao PSD diz que a preocupação se prende com a saúde do atual presidente e que o melhor é ele não respirar o enxofre libertado pelo incêndio na SAPEC. Porém, dizem as más-línguas que as razões por que não querem que ele saia de casa é outra. É para não se pronunciar sobre a ação do Governo de António Costa, que na qualidade de presidente ele tem elogiado desde que foram conhecidos os números do défice de 2016.

FIM

9 – “Sócrates espeta farpas em Bruno de Carvalho”

O comentador-residente do programa da TVI, Pedro Guerra, conotado com o Benfica, veio dizer que se trata de uma indireta ao presidente leonino Bruno de Carvalho, a afirmação do antigo Primeiro-ministro José Sócrates, dando conta, numa antiga à Antena 1, que estaria indisponível para liderar um Governo em que não houvesse saído claramente como vencedor do ato eleitoral.

No entender do comentador, mais do que a António Costa e do que uma alfinetada, é uma farpa espetada em Bruno de Carvalho, no sentido de que este deveria demitir-se caso o Sporting, orientado por Jesus, não lograsse vencer o campeonato.

Assumidamente benfiquista, Sócrates raramente vem a público falar de futebol ou de algo ligado ao jogo, a não ser quando se queixa de ser um joguete nas mãos do ministério público que até já o deteve e não há meio de lavrar uma acusação a sério contra si.

FIM

10 – “Jesus recebeu conselhos de Marcelo no jogo com o Setúbal para a Taça”

Acendemos a televisão e vemos Marcelo. Ligamos o rádio e ouvimos Marcelo. Abrimos um jornal e vemos novamente Marcelo.

Também é sabido que Jorge Jesus fora expulso na partida anterior ao jogo do Sporting em Setúbal para a Taça. O que não se sabia, é que do camarote, de onde tentava dar orientações por telemóvel ao seu adjunto Raúl José, por lapso chegou à fala com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que estava em Belém a descansar de uma visita a um lar de idosos em Alcoentre.

“Devo ter marcado mal o número e quando dei por mim, em vez de estar a falar com o Raúl, que estava no banco, tinha em linha o Prof. Marcelo. Nem sei como isto aconteceu.” Afirmou o treinador leonino arrependido de ter marcado o número. E concluiu: “Continua a querer dar opiniões sobre tudo, como fazia quando estava na TVI, antes de ser Presidente. E eu juro que nem sabia que ele estava a ver o jogo pela televisão. Primeiro, deu bitaites sobre a minha tática e só não substituí o Bas Dost mais cedo a seu especial pedido. Depois queria por força que eu metesse o Matheus Pereira a avançado-centro e ficou despontado quando soube que nem sequer o tinha convocado. Por fim, recomendou-me que lesse toda a obra de Fernando Pessoa para ver se melhorava o vocabulário. O que aprendi? Bem, que já estou pronto para atender o telemóvel mesmo que liguem de um número anónimo. Sinto-me vacinado e preparado para enfrentar qualquer vendedor de telecomunicações a tentar impingir-me qualquer coisa.” Disse.

FIM

11 – “Tempo de espera nos hospitais vai contar para a Reforma”

Destinada a promover uma maior justiça social, vai ser contado como tempo trabalhado, nas contas para o cálculo da Reforma, o tempo perdido pelos portugueses nas filas de espera dos Centros de Saúde e hospitais do Serviços Nacional de Saúde.

Quem contrapõe, alega que o tempo não devia ser contabilizado, porque não são horas trabalhadas. Contudo, um alfaiate que esteve 4 horas à espera do resultado de umas análises, garantiu que no seu atelier teria tido tempo de fazer umas calças. Outro utente, um cavaleiro tauromáquico, diz que em 12 horas de espera para ser atendido, conseguiria ter lidado 6 touros e ainda ter dado banho e escovado os seus 3 cavalos.

FIM