Rocket League

Quando falamos de desportos muitos de nós pensam logo em futebol, mas passados tantos milénios de invenções desportivas, um videojogo vem juntar duas coisas à partida muito desligadas: o já habitual esférico… e carros. Sim! Carros! Rocket League, criado pela Psyocix, é uma sequela de um outro videojogo que passou relativamente despercebido, ao ponto de pouca gente se lembrar dele, Supersonic Acrobatic Rocket Powered Battle-Cars, um titulo difícil de decorar, e talvez por isso, a nova instalação tenha optado por duas palavras que resumem na perfeição o seu intuito. O videojogo tornou-se rapidamente um fenómeno que cruza plataformas, permitindo que jogadores de PS4 e PC se defrontem nas mesmas arenas. Mas o que há de tão especial com Rocket League? O que o torna um jogo tão popular?

Rocket League pode parecer caótico à primeira vista, e embora vá claramente buscar influências ao futebol, transporta o jogador para uma arena onde não conta só a sorte mas também a habilidade e controlo do seu carro. Num campo sem linhas laterais, cantos ou faltas, pode dizer-se que tudo é permitido, com a vantagem de não existir arbitragem para culpar, nem qualquer outro tipo de influência alheia. O jogo requer coordenação e trabalho de equipa, capacidade de antevisão, o que requer perceber bem como as leis da física são administradas de forma a estar exactamente no sitio onde a bola vai cair, proporcionando um bom remate ou assistência.

2015-09-07_00003O campo sem arestas nem vértices, é constituído por duas balizas que devem ser defendidas da melhor maneira possível pelos jogadores, recorrendo ao auxilio de algumas liberdades tecnológicas dos seus carros. Além de poderem saltar têm também um propulsor, ou booster, que embora se consuma com alguma facilidade, pode ser recarregado através de pequenas áreas no campo. A conjugação de salto e propulsão dá azo a jogadas completamente incríveis e golos inimagináveis que divertem jogadores mesmo quando estão a perder por uma quantidade desmoralizante de golos. É também possível destruir temporariamente os carros dos adversários, usando a velocidade estonteante dos boosts para destruir o adversários mais desatento.

Embora sem uma história perceptível, o jogo permite competição offline, com uma espécie de campeonato por eliminatórias, e claro, treinos aplicados para remates e defesas. É, no entanto, a vertente online que se destaca pela possibilidade de jogar tanto em casual como em competitivo, este ultimo formato muito mais difícil, requerendo respeito entre jogadores e capacidade de adaptação ás situações e às equipas, que podem ser constituídas de amigos ou desconhecidos. Os modos de jogo vão do convencional duelo a 3 vs 3, com o modo casual a introduzir o caótico modo de 4 vs 4. Este último modo é constituído por um sistema de ranking (bronze, silver, gold), fazendo o jogador começar nos grupos mais baixos, subindo através de um sistema de pontuação que tem em conta a prestação em cada jogo.

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O jogo parece, no entanto, pecar por falta de variedade de desafios, ao contrário do seu antecessor que trouxe consigo mapas com alguma variedade em termos de formato. As arenas de Rocket League podem ser agradáveis à vista, e com temas bastante diversificados, mas o formato do campo é sempre igual. Pode ser opção que visa a trazer jogos consistentes a nível competitivo mas peca numa vertente casual por não adicionar originalidade.

Ainda fora do jogo é possível modificar o carro de maneiras quase infinitas através do desbloqueio das mais variadas e hilariantes adições para o veiculo do jogador. Desde da cor às rodas e badeirinhas, tudo é modificável numa variedade de combinações que destaca um carro dos demais e faz rir pela originalidade de alguns jogadores. O formato dos veículos é a única coisa que faz a diferença dentro do jogo devido às suas diferenças de tamanho. Pode dizer-se que até em Rocket League o “Gordo vai à Baliza”, com jogadores com veia de guarda-redes a preferir um carro mais robusto de forma a ocupar com mais eficiência a baliza. Outro preferem um carro mais ajustável às varias situações e ao seu modo de jogo. Escolha é algo que não falta em Rocket League! Pena é, no entanto, não existir maneira de salvar as criações, sendo que cada vez que o jogador modifica o seu carro, tem de substituir o modelo anterior, perdendo assim combinações únicas que pode já não conseguir replicar (como as que apresento nas imagens).

Sim este carro é magenta e azul, tem um sombreiro e um coração! Porquê? E porque não?
Toda a virilidade dos velhos Vikings aliado ao cor-de-rosa gloss de um bâton berrante, tudo é possível em Rocket League.

A banda sonora é também um dos pontos fortes, especialmente pela qualidade das musicas do menu inicial. Mike Ault tem aqui a sua oportunidade para brilhar desde Angel Wings (feat. Avianna Acid) a Flying Forever (feat. Morgan Perry), contribuindo para dar um ambiente calmo e moderno ao jogo.

Com um preço aceitável de 20 euros, vai fazer sair DLCs de tempos a tempos, não comprometendo de forma alguma os jogadores que não os comprarem, uma vez que apenas adicionam novas características visuais para aplicar no seus carros.

Rocket League é um jogo fácil de entender, embora complexo nas suas dinâmicas, com muita margem para se tornar um fenómeno competitivo sem precedentes, que pode ganhar o seu lugar nas grandes competições internacionais. Uma ideia de génio que proporciona horas de diversão, sozinho ou com grupos de amigos. Resta desfrutar e treinar para marcar golos estonteantes, e perceber se irá ocupar um lugar cimeiro por muitos anos, ou vai desvanecer como uma moda que marcou um pequeno espaço de tempo.

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Volto para o próximo mês com mais videojogos…