Tenho saudades daquele tempo…

Ora viva!
Com o avançar dos meses sinto-me cada vez mais melancólico e saudosista. Tenho saudades do tempo em que dormia a noite inteira… Tenho saudades do tempo em que a minha única preocupação, ao fim-de-semana, era saber onde ir passear… Tenho saudades da minha barriguinha lisa… (sim, porque quando as mulheres engravidam os homens também ganham barriga! Não sei se é por osmose, se por solidariedade para com a grávida, ou pura e simplesmente por castigo. O que é certo é que ficamos – literalmente – grávidos. A maior prova disso é a minha barriga, que de há 8 meses para cá tem vindo a aumentar exponencialmente.)

A saudade é uma coisa curiosa. Há uns meses atrás, se as minhas calças se rasgassem ou uma t-shirt deixasse de me servir, eu pensaria: “Raios, tenho de ir comprar roupa outra vez. Lá vou ter de ir para a porcaria de um shopping.” Hoje em dia era capaz de matar para ter tempo (e dinheiro) para adquirir uma peça de roupa só para mim.
É certo que ter um bebé é maravilhoso. (Quer dizer, dizem… Eu por enquanto apenas posso dizer que “estar grávido” é muito bom.) o problema é que estes pequenotes são umas máquinas de sugar dinheiro. Entre a minha filha, que está para nascer, o Passos Coelho e a Merkel, as minhas poupanças ficaram reduzidas a mínimos históricos. Qualquer dia armo-me em Tsípras e recuso-me a pagar seja o que for.

Agora vamos esquecer, por momentos, que sempre que vou a uma superfície comercial é para adquirir algo para a minha filha. Ou para o quarto da minha filha. Ou para o nascimento da minha filha. Ou até para o rabo da minha filha (sim, porque assim que as pessoas souberam que íamos ser pais aconselharam-nos logo a adquirir fraldas à bruta: “Sempre que encontrarem fraldas, em promoção, vocês comprem.” – disseram eles. Resultado: neste momento tenho mais fraldas, em casa, que toda a Papua Nova Guiné junta).

Imagine o leitor que vai ao IKEA (aquela loja onde só vamos para provar às nossas esposas que somos perfeitamente capazes de carregar um móvel sozinhos, e ainda o conseguimos montar sem olhar para a instruções) esta superfície comercial de homem! Uma loja de macho com uma ou outra mariquice para alegrar a vista às senhoras, agora resume-se a um simples passeio onde tento, a todo o custo, encontrar algo “giro” para o quarto da minha filha… Isto não se admite.

Mas parece que tenho de aguentar, não é verdade? Como dizem os meus amigos: “Pensavas que era só dormir sem cuecas?!”  ou ainda: “…os filhos são o reflexo dos pais.”. Sabem o que vos digo?! Isso é mentira! Analisando a parafernália de coisas que tenho vindo a adquirir para o bem-estar da minha filha, sou gajo para vos dizer que a cachopa é o reflexo da economia portuguesa antes da crise.

“Faz falta? Compra-se! É capaz de fazer falta? Compra-se também! Não faz falta? Compra-se na mesma porque pode vir a fazer… Não há dinheiro para comprar? Não faz mal, a loja vende a crédito.”

É que os produtos de bebé são tão caros, mas tão caros que as lojas especializadas permitem comprar carrinhos, berços e outros artigos até 12x sem juros. Só para terem uma ideia, sai mais barato uma pessoa comprar um Fiat Uno de 92, que um carrinho de bebé da Chicco.

Para terminar quero só deixar bem claro que não estou minimamente arrependido da decisão que tomei. Muito pelo contrário! Quanto mais perto da hora estou, mais entusiasmado eu fico. Até porque já me disseram que entre o nascimento do bebé e a ida para o infantário costumamos ter uma abébia a nível das finanças. E, com um pouco de sorte, com o dinheiro que pouparei enquanto ela gasta as fraldas, que já cá tenho em casa, e for bebendo o leite da mãe, ainda deve dar para comprar uma T.V. nova para a sala. (Para ela, atenção! Tudo para o bem-estar da minha filhinha… É porque diz que o Panda em Ultra HD fica muito mais realista…)

Ai! Ai! Pai Sofre!