Se isto piorar, a culpa é do SEF!

Ora vamos lá a ver uma coisinha: o português é um nadinha masoquista, não é? Essa é a única explicação possível que consigo descortinar, assim que tive conhecimento do que aconteceu no passado domingo, no Aeroporto da Portela, em Lisboa. Então, com tanta personagem que visita este pequeno jardim plantado à beira-mar para embirrar, e vão escolher logo quem deveria ser o menos incomodado possível? O que se passa com os portugueses? O que se passa com a malta do SEF que controla a entrada de estrangeiros no nosso pais, para decidir barrar o chefe do FMI destacado para a missão portuguesa à chegada ao nosso país? «Ah, mas o senhor Subir Lall, não possuía um visto válido para a entrada no país, naquele dia. O seu visto apenas autorizava a sua estadia no país, a partir de segunda-feira…» E então? Deixai-o estar lá quietinho, pá… Isso é lá malta que se deva importunar? Agora admirem-se que o homem fique de tal forma agastado com esta situação, que se lembre de vingar-se de nós, impondo mais cortes em pensões e subidas de impostos! Se isso vier a acontecer, é pegar no menino que achou uma boa ideia barrar o homem à entrada em Portugal, atá-lo a uma cadeira, pegar num ferro em brasa e enfiá-lo no seu esfíncter ao som de música indiana, que é para aprender a ficar quietinho!

Agora vamos entrar no campo da ficção, tentando descortinar como se passou esta situação, e como terá sido o diálogo entre Subir Lall, e o agente do SEF que o barrou à entrada no nosso país? A meu ver, terá sido algo assim:

(Subir Lall chega ao posto de fronteira do aeroporto de Lisboa, e dá de caras com o agente do SEF…)

 Agente: Ora muito bom dia! Bem-vindo a Portugal! Bem-vindo a um país pequeno, mas com uma história enorme! Bem-vindo a um país com uma beleza rara, que possui várias riquezas escondidas, mas…

Subir: Riquezas escondidas?! Ai, sim…? Não me diga… Hum, gostaria muito de descobrir essas riquezas escondidas… Sabe, porventura, onde poderei descobrir essas riquezas escondidas…?

Agente: Ora, sei lá eu! Mas, basta chegar lá fora, chamar um táxi e tenho a certeza que o taxista irá levá-lo a conhecer essas riquezas escondidas… Começando pelo Intendente, Martim Moniz… Ou então, o Elefante Branco, onde pode encontrar uma ucraniana que upa, upa, é do melhor… Bom, mas chega de conversa fiada, que a fila atrás de si já se encontra bastante extensa. O seu visto, ó fáchavôr!

Subir: Hum… Ok, ok… Aqui está.

Agente: Eh lá… Bom, ó senhor Subir Lall, parece que temos aqui um problemazito… É que o seu visto não é válido!

Subir: Hã?! Não é válido? Como assim, não é válido?!

Agente (pensando): Olha-me este… deve ser surdo ou qualquer coisa parecida… (dirigindo-se a Subir Lall) Sim, não é válido! A data do seu visto só é válida a partir de amanhã…

Subir: Mas, como assim…?

Agente: Olhe, ó meu amigo: eu tenho mais que fazer, sabia! Agora, lamento, mas não o posso deixar entrar no país hoje, só o poderá fazer a partir de amanhã…

Subir: Mas o que vem a ser isto?! Mas que ultraje vem a ser este?! Mas você sabe quem eu sou, por acaso?!

Agente: Sim, sei. Diz aqui no seu visto que se chama Subir Lall… (pensando) Ah! Ah! Que raio de nome mais estúpido…

Subir: Sim, eu chamo-me Subir Lall! E sou o chefe do FMI!

Agente: Ah, o chefe do FMI… Pois, pois… E eu? Sabe quem eu sou?

Subir: Um agente do SEF…?

Agente: Nã… Eu sou o Batman! Não, espere… Eu sou o Homem-aranha! Hum, melhor ainda: eu sou o Zorro! Vá, homem, desimpeça-me a loja, e ponha-se a andar! Ah, e volte cá amanhã… se quiser mesmo entrar no nosso lindo e maravilhoso país…

Subir: Eu vou já resolver isto! Deixe-me só ligar ao seu chefe, e vai já ver como elas mordem…

Agente: O meu chefe está de férias, homem! Vá ponha-se a andar!

Subir: De férias, o Passos Coelho…?

Agente: O Passos Coelho?! Meu chefe…?

Subir: Sim, seu chefe, o meu pau-mandado… Você já vai ver como elas mordem, seu espertalhão… Onde é que isto já se viu, um ser inferior destes a barrar o chefe do FMI… Era o que mais faltava…

(Alguns segundos depois de Subir Lall falar ao telemóvel com Passos Coelho, decide passar o telemóvel ao agente do SEF…)

Agente: Estou sim? Quem fala?

Passos Coelho: Daqui é o Primeiro-ministro, o Passos Coelho! Ó minha besta quadrada, tu queres ficar desempregado, é?! Tu queres pagar mais impostos?! Tu queres levar mais cortes no ordenado, é?! Mas tu és doido, ou quê? Deixa lá passar o homem, pá! Ele é o chefe do FMI! Tu és maluco, ou quê?!

Agente: Com que então, eu estou a falar com o Primeiro-ministro… Pois muito bem… E o senhor sabe com quem é que está a falar…? Sabe…?

Passos Coelho: Sim, sei! Com alguém que vai juntar-se à legião de desempregados deste país, se não faz o que eu lhe digo!

Agente: Não… Nada disso, meu amigo… Se você é o Primeiro-ministro, então eu sou o Robocop! E sabe que mais? Aqui o Robocop vai desligar-lhe a chamada na cara, e vai mandar o senhor «Chefe do FMI» ir dar uma volta! Adeusinho, sim!

 (E o agente da SEF desliga a chamada…)

Passos Coelho (pensando): Ora bolas… Estou tramado amanhã, na reunião com o chefe do FMI… Nota mental: amanhã levar pastéis de Belém para adoçar o indiano…

E pronto. Foi isto que se passou…

Até para a semana, malta catita…


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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