Secadores de mãos – Bruno Neves

Pois esta semana trago-vos um tema tão simples quanto pertinente: secadores de mãos. Era no que estavam a pensar não era? Claro que sim, não me desmintam que só vos fica mal!

Este é daqueles utensílios a que não damos qualquer importância mas que nos facilitam imenso a vida. Eles existem em diversos modelos, de todas as cores e feitios. Talvez afirmar que existem “de todas as cores” seja um pouco exagerado dado que é difícil encontrar um que não seja branco ou quanto muito preto ou cinzento.


Tempos houve em que tais maquinetas existiam apenas nos filmes de ficção científica, e que remédio tínhamos nós se não contentarmo-nos com os bons e velhos papéis. Papeis que eram muito pouco práticos visto ser necessário utilizar cerca de 132323 folhas para ficarmos com as mãos razoavelmente limpas. Atenção, não era ficar com as mãos secas! Era ficar com as mãos razoavelmente limpas, que é muito diferente. Era claramente uma má prática ambiental dado o elevado número de papéis gastos a limpar as mãos, e um mau negócio para o proprietário do estabelecimento em causa também.

Se não estou em erro houve uma fase intermédia em que já não havia os ditos papéis, mas sim uma máquina com uma espécie de pano, em que nós descíamos o dito pano e limpávamos as mãos. Como que uma toalha fofinha e macia para cada um de nós (mas sem a parte do fofinha e macia, claramente).

Foi então tempo de aparecerem os secadores de mãos. A humanidade estava finalmente pronta para esta invenção! Existem poucas coisas mais irritantes do que uma máquina destas estar regulada para expelir ar excessivamente quente? Obviamente que não! E há lá cena mais embaraçosa do que um homem estar a tentar secar as mãos quando o ar que sai da máquina em causa é excessivamente quente? Por acaso até há, mas são muito poucas.

Recentemente eu próprio fui vítima deste autêntico flagelo. Ao tentar secar as mãos, confiei demasiado na máquina e na sua capacidade de me secar as mãos sem me queimar. Claramente fiz mal. Estava eu com as mãos esticadas por debaixo da máquina, e entretido a olhar para os azulejos lindos da parede em frente (pronto, não eram assim tãoo bonitos, mas era o que havia, e eu não sou pessoa de me queixar), quando começo a sentir calor. Um calor que não era suposto, visto estarmos em Janeiro.


Pensei: “Homessa, que calor é este que estou a sentir progressivamente nas mãos? Nas mãos? Que sentido faz eu estar com calor nas mãos se nem estou a secar as mãos numa casa de banho nem nada?” Foi aí que eu olhei para baixo e constatei para (surpresa?) minha que estava mesmo a secar as mãos. Retirei rapidamente as mãos do secador, olhei em volta e constatando que estava sozinho soltei uns quantos impropérios do calibre de “macacos me mordam” ou mesmo um “chiça penico”. Posto isto constato que me queimei ao de leve no dedo mindinho da mão direita.

Tudo foi mau: em dez dedos o escolhido foi o mindinho e nem sequer me queimei a sério, foi apenas ao de leve. É que se fosse queimado a sério ainda impressionava alguém, agora assim é apenas embaraçoso e estúpido. A típica cena que só acontece ao Mr. Bean.

E o que nos reservará o futuro neste sector tão específico? Pois, eu também não faço ideia. Parece que vamos mesmo ter de esperar pelo futuro. Dizem que ele está atrasado, mas que não demora.

Boa semana.
Boas leituras.
E já sabem, cuidado com os secadores de mãos!

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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