Segunda: A vida que me escolhe a mim.

São quatro horas da tarde. Segunda-feira. Com um pijama vestido. Sentada no sofá. Uma manta sobre as pernas. A olhar o mau tempo lá fora, trovoada, chuva, dia escuro e cinzento. Uma caneca de café bem quente na mão. E é isto, hoje que me faz bem. Amanhã? Amanhã não sei, será outro dia que minuto após minuto se irá delinear.

São quatro horas da tarde. Segunda-feira. Qualquer um estará a trabalhar. E agora o que me apetece é beber esta chávena de café bem quente e ficar em Paz. Sem ouvir nada, sem ouvir ninguém, só consigo ouvir a chuva a bater lá fora. No meu pensamento não me ocorre nada mais. Estou cansada? Talvez.

São quatro horas da tarde. Segunda-feira. E se te dissesse agora que ias ficar desempregado? Ficavas assustado? Com medo? Aliviado mas reticente? Ficava simplesmente calma, arrumaria tudo o que já não importa, não faz falta, é passado e levava apenas o que é inevitável.

Saíra, mais uma vez, daquela a que tinha delineado como “zona de conforto”. Sim mais uma vez. Mas como já vos escrevi, não procuro mais razões. Procuro apenas a minha Paz. Hoje, ontem e sempre soube que não sou eu que escolho a vida mas é a vida que me escolhe a mim.

Acreditar, todos os dias, que é ela que me escolhe não é fácil. Talvez por isso tente contrariar muitas vezes aquilo que ela quer de mim e de vez em quando lá vem chamar-me à razão. E é quando me manda parar que eu acredito que tem muito mais para mim.

Tem muito mais que uma chávena de café quente todos os dias. Tem muito mais que um dia chuvoso. Tem muito mais do que tudo o que já vivi. Tem para mim um novo recomeço, como a primavera traz consigo as flores, as andorinhas, o tempo bom, assim ela está para mim. Ajuda-me a descomplicar, a não ter medo de ser quem sou, a aceitar novos desafios mesmo quando nunca tinha pensado fazê-los, ajuda-me a escolher um caminho.

O caminho que sempre me escolheu foi o do amor. Talvez hoje fique muito mais por escrever e por dizer, talvez a cronica fique em aberto, talvez não coloque um ponto final e tudo porque só agora vou começar a encontrar-me.

Só agora vou agarrar na minha vida e sair sem bagagens, sem certezas mas com uma leveza própria de quem caminha à procura de si