Serviços Públicos? Só se eu puder evitar! – Teresa Isabel Silva

Ao que parece as pessoas actualmente só se sabem queixar da crise. Fazem protestos, fazem queixinhas e lamentações, mas aqueles que ainda tem a sorte de ter emprego (na função publica) parecem não precisar dele.

Todas as regras têm excepção, mas eu cá, conheço por estas bandas uma junta de freguesia onde os funcionários parecem não dar valor ao emprego que tem. Ou isso ou das duas uma: ou de facto não sabem mesmo o que estão a fazer, ou então sofrem mesmo de um enorme desprezo pelos utentes.

Nada contra com as pessoas mais velhas (quase fosseis) que trabalham, aliás acho isso admirável, mas meus senhores, haja limites, ou hajam formações, porque as três pessoas que estão ao balcão de atendimento, parecem morrer de medo das novas tecnologias.

No meio destes três indivíduos (as), estava uma funcionária que saltava á vista até de um míope. E não sobressaía pelos melhores motivos, ela sobressaia pela lentidão EXECESSIVA com que trabalhava e com que escrevia no teclado.

Será que ela acreditava que o ENTER a ia morder? Ou então que a tecla “espaço” ia soltar um gritinho sempre que ela lhe tocasse?

Bem, seja como for, eu tive que me deslocar a um local onde o funcionamento é igual ao descrito em cima, tirei a minha senha e depois de ter quase 20 pessoas á minha frente, decidi sentar-me a observar.
(tenho consciência que sítios como este dão boas crónicas, mas nunca pensei que fosse tanto!)

A tal sujeita que tem medo do computador demorou a atender uma pessoa o tempo que eu demorei a esperar que as 20 pessoas que estavam á minha frente fossem atendidas. E pelo que eu percebi da conversa (a senhora do balcão não era nada discreta nem modesta no tom de voz) estava apenas a escrever um requerimento. Pois bem, ela estava a tentar arduamente escrever, uma tecla de cada vez, um acento de cada vez, e ora apaga e volta a escrever, enquanto a fila atrás de mim aumentava á velocidade que os coelhos e os chineses se multiplicam.

Por algum motivo, a senhora que estava a ser atendida pela funcionária que estava em modo barata tonta, questionou-a se era normal esse tipo de requerimentos demorarem tanto tempo, ao que a funcionária respondeu, muito calmamente, como se não percebesse que a culpada de todos os atrasos era ela: “Eu tenho que ver bem isto porque se isto for com algum erro… bem temos que ir com calma… temos que ter calma”.

Realmente nem eu nem as outras pessoas tínhamos reparado que aquela senhora era muito calma. Ninguém diria! E claro, tal como eu, toda a gente na fila fazia rezas silenciosas para não ser atendido por aquela sujeita. Afinal de contas seria mais lento ser atendido por ela do que ficar na fila mais uns minutos e ser atendido por um dos outros funcionários ineficientes, mas mesmo assim mais eficientes que ela.



Soube que o caldo estava entornado quando a expressão “ai que o meu sistema está todo empancado” foi proferido quase como um sacrilégio pela boca da funcionária! Ninguém tem coragem de lhe dizer que não é sistema que está empancado, mas sim ela? Nenhum responsável tem olhos para ver que aquela pobre mulher não percebe patavina do que está a fazer? E pior, por culpa da falta de atenção e formação que foram dadas a estes funcionários, aquela (e possivelmente muitas outras juntas de freguesia), estão com atendimentos rudimentares, aliás quase arcaicos! As filas aumentam em vez de fluir.

E ao muito me engano, mas a ideia de sistemas informáticos era ajudara a fluir, não criar (mais) filas de espera!
A verdade a meu ver só pode ser uma: se os nossos governantes tirassem os olhos (por cinco minutos que fossem) dos empréstimos e das dívidas externas e se concentrassem naquilo que os seus serviços públicos estão a passar talvez muita coisa se resolvesse.

Nada contra, mas os macaco para experiências são nos laboratórios e não nos serviços de atendimento publico!

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas