Setembro – O mês do regresso!

Ora sejam muito bem vindos a mais uma fantástica crónica do Pai Sofre! (A rubrica semanal mais consegue falhar com os seus leitores… Ora há, ora não há, ora há, ora não há, não há, não há… ) Confesso que não me orgulho minimamente dessa situação mas tenho a perfeita noção que falho mais vezes convosco do que um desempregado falta às apresentações no Centro de Emprego! E já que estamos a falar em emprego… Aproveito para desvenda o tema da minha crónica de hoje (truuuuuuuu… rufar dos tambores): Setembro – O mês do regresso!

O regresso do Outono, o regresso ao emprego, às aulas, aos infantários, e regresso dos emigrantes aos países “fabulásticos” onde trabalham. Porquê “fabulásticos”? Pois não sei… Isso têm que perguntar a todos aqueles que enquanto cá estiveram fartaram-se de dizer que “lá fora é que é bom” e que “por isto, ou por aquilo, é que este país não anda para a frente!”

(Peço desculpa… Exaltei-me. É que acabei de atender um “avec” que fez questão de me informar “que estava a viver em Paris, que dinheiro não lhe faltava, que tinha 2 Mercedes lá em casa, e que se fartava de alugar carros em todo o mundo e nunca lhe pediram caução! Lá fora é que é bom e nós aqui somos todos uns atrasados…” Ao que, simpaticamente lhe respondi que atrasado é a co… da mãe dele!!!!! «Claro que não lhe respondi isso… Mas vontade não me faltou.»)

Bom… Adiante. Como lhe tinha dito anteriormente, hoje irei falar-lhe um pouco sobre o mês dos regressos. Sinceramente não sei se será mais difícil regressar ao trabalho ou à escola. É que se por um lado voltar ao trabalho após estarmos 15 dias, ou até 1 mês de férias, pode ser deveras desmotivante para alguém que não tem filhos, para quem os tem a sensação de deixar se ser pai 24h por dia, 7 dias por semana, é fantástica! Poder voltar a ser o eu, o Gil, e não o pai da (…) é maravilhoso! Poder realmente fazer coisas que gosto (apesar de ser no intervalo daquelas que não gosto, tipo trabalhar) é maravilhoso. É que por muito que ame passar tempo com a minha filha também gosto imenso de passar algum tempo comigo. E isso, nas férias, foi coisa que não aconteceu.

Já no que toca aos pirralhos acredito que a coisa não seja bem assim. Chega Setembro e vem a creche/escola. O lugar onde eles deixam de ser os bebés queridos dos pais, tios, primos e avós e passam a ser apenas mais um menino(a) da sala. Acabam-se os miminhos 24h por dia, acaba-se a praia (pelo menos durante a semana), não há geladinhos a meio da tarde, nem passeios depois do jantar. O que há é acordar cedo, ir para a escola, vir da escola, fazer os deveres, jantar, tomar banho e dormir. Vá… com um pouco sorte, pelo meio desses afazeres todos, até é capaz de existir 1 ou 2h de brincadeira à mistura. Mas claro que para eles isso é muito… muito… pouco.

Depois temos também o caso daqueles que, como a minha filha, não irão regressar à escola mas sim iniciar a sua vida escolar. Com um ano de vida, concluímos que estava na altura para aprender o quanto a vida custa! (lol). Falámos com os avós (que em certa parte até ficaram aliviados) e fomos em busca de um infantário que reunisse todas as condições necessária. Verdade seja dita não procurámos muito porque a tia dela trabalha num infantário (o que nos facilitou à brava a escolha…) e acabámos por inscrevê-la lá.

Se a adaptação ao sitio foi fácil, às pessoas foi ainda mais fácil. Sorte ou azar o raio da moça é um amor de pessoa (e não estou a dizer isto apenas por ser minha filha). Ela distribui “olás”, sorrisos, “adeus” e beijinhos por toda a gente que vê na rua. Por vezes penso que podia ser um pouco mais antipática (tipo a mãe, lol)… Ao fim ao cabo há muita gente mal intencionada por aí e uma criança assim tão simpática torna-se um alvo fácil. (Felizmente ela não é grande fã de colos e costuma afincar dentadas, socos, e pontapés quando a tentam agarrar sem ela querer.)  No entanto a adaptação à hora de alimentação e «ó-ós» tem sido bastante difícil.  É que dormir apenas 1h30 durante todo o dia quando antigamente dormia 5 ou 6h, na casa dos avós, rebenta com a gaiata. Se antigamente a nossa dificuldade era conseguir que ela parasse quieta para comer, agora é que ela não caia com a cabeça no prato da sopa. Se antes tínhamos que a forçar a deitar-se antes das 22h, agora é uma sorte se a conseguirmos manter acordada depois das 20h. Jantar?! Banho?! Brincar depois do jantar?! O que é isso?! Ok, nós sabemos que é só uma fase, e que faz parte da adaptação ao infantário. Mas que nos deixa a pensar que a vida de criança também não é fácil lá isso deixa…

“Ai! Ai! Criança Sofre!”