Somos de um tempo, outro tempo….

A geração de 80/90 deixa saudades….

Só nós sabemos o quanto era bom, acordar bem cedo para ir ver os desenhos animados para a sala, embalados por Dartacão, Tom Sawyer, Fábulas da Floresta e os fantásticos Amigos do Gaspar entre outros, num velho televisor da Minerva, não, não tínhamos 100 canais, nem Disney Channels, nem Pandas.

Somos de um tempo em que vielas e pequenas ruas  se transformavam em autênticas pistas de fórmula 1, percorridas a “grande velocidade” num carrinho de rolamentos feito por nós e era engraçado ver a importância do travão depois do típico acidente!

Mais longe as meninas jogavam à macaca, ao elástico e ao macaquinho chinês, raramente havia misturas, e muito menos confusões, a não ser que existisse uma paixoneta selada por uma carta de amor digna de um Shakespeare.

Nessas mesmas ruas, autênticos dérbis de futebol , tal e qual Porto vs Benfica tomavam lugar que só terminavam ao cair da noite ou então quando o dono da bola assim o decidisse, pequenas e constantes lutas em resposta ao “Quem diz é quem é”, na altura sim, isso parecia ofensivo, rasgávamos calças, sujávamos roupa e desfazíamos  ténis,  sabíamos bem que um castigo se aproximava mas valia a pena,  no bolso uma fisga feita de um galho de árvore, que aventuras tínhamos, trepávamos árvores  tipo gatos, descer era mais fácil a solução muitas vezes era cair, não havia canseira, nunca eram demais as brincadeiras na rua, e a imaginação levava-nos a tantos sítios.

Trocávamos Tazzos e Matutolas como o diabo esfregava um olho,  Jogávamos Tetris numa Brickmania rafeira comprada numa loja dos 300 qualquer, e o Tamagotchi?!  Bichinho electrónico que no meu caso falecia vezes sem conta, nada que um reset não resolvesse!

No Walkman rolava uma cassete, somos do tempo dos Onda Choc, Spice Girls e afins, da tradicional musica de Natal do Coro de Santo Amaro de Oeiras, não era natal sem ela, isso e o velho anúncio das Fantasias de Natal, “O coelhinho vai com o Pai Natal de comboio ao circo!” dizia a menina ao velhinho que mais parecia o próprio Pai Natal.

Lembram-se das tardes perdidas a ver o “Agora Escolha” apresentado pela Vera Roquette, programa de imortais séries como Macgyver, A-Team, Kung-Fu e a desilusão que era quando a nossa série não ganhava?

A brincadeira na rua só acabava quando um grito bem sonoro das nossas mães saia disparado, avisava ela a hora do jantar, quem nunca colou um pega monstro ao tecto da cozinha mesmo na hora de jantar que atire a primeira pedra, podia demorar, mas acontecia sempre!

A noite chegava, pois já tinha dado a musica do “Vitinho” sabíamos que não tardava a hora de recolher a cama, não sem antes colarmos à televisão para ver os Jogos Sem Fronteiras, isso, ou o Festival da Canção, numa altura em que o Festival da Canção era importante e que todos nós sabíamos que Portugal ia dar os 12 pontos à Espanha e em troca a Espanha nos daria os malditos 6.

Isto sim era uma infância!

Meus caríssimos, se se identificaram com isto, não pensem que estão a ficar velhos, estão sim a tornar-se um clássico, e caramba não há melhores clássicos como os de 80 e 90!

sergiomartinslogoCrónica de Sérgio Martins