Sou gay, e então?

A intimidade é um abraço que nos aperta a essência fundamental da vida. Que nos enlouquece. E pede por mais.

Sou gay, e então?

Com o Miguel aprendi a diminuir a ansiedade. Confrontei o romance. Através da paixão. A que nos arranha a pele desde sempre. Com o Miguel aprendi a ficar mais um pouco. A demorar-me. Num tempo perpetuado pela atração física. Num espaço inteiramente dedicado à sexualidade.

“O amor gay é o mais puro e verdadeiro, pois muitos homossexuais são capazes de lutar contra a sociedade por alguém.” – Edimar Luiz Müller

Com o Miguel aprendi a perder a noção das horas. A importância dos minutos. E o relógio sempre voa quando nos entregamos ao poder do amor e da sedução.

O que nos enlaça não mais é um número de fadas. E não de terror. É em nós que reside o real caráter distintivo do amor; num mundo onde as mais variadas formas de afeto íntimo são uma constante.

“O amor gay é o mais puro e verdadeiro, pois muitos homossexuais são capazes de lutar contra a sociedade por alguém.” – Edimar Luiz Müller

O amor tem vida própria. É inquestionável. São mais as vezes que não sinto as pernas. Quando levito ao teu lado.

O amor que aquece o viver. Que embriaga o espírito. Que aproxima a pele. Que sobrevive à mesma desumanização dos heterossexuais. Um amor que não está à venda. Semelhante ao respirar que deixámos no Alentejo. O charme idêntico ao teu. O vinho que degustámos de um trago só. A música que nos fez dançar até cair. Nos braços um do outro.  A região que fascina pela paisagem. O Alentejo é a minha terra. O teu corpo é a minha casa. O teu coração é o meu sonhar acordado. E tu és a vida que sempre sonhei. Para mim. Para nós.

Sou gay, e então?

Somos jovens. Estudamos. Trabalhamos. Construímos sonhos em cima de pedras. Convivemos com o preconceito. Caraterísticas válidas para as mais de sete mil milhões de pessoas que habitam o planeta.

Só te quero a ti. Sortudo que sou.  Porque o amor arrebatador só se vive uma vez.