A Sra Albuquerque e os desfavorecidos

Há pessoas que vivem no seu próprio mundo. Nalguns casos até pode ser um problema de saúde e devem ser consultados especialistas. Mas quando se tratam de governantes ou altas figuras do Estado em geral, torna-se particularmente preocupante.

A Sra Albuquerque diz que a protecção dos desfavorecidos têm sido sempre uma preocupação do Governo. Só consigo entender esta afirmação se for gralha da publicação onde li a noticia e, em vez de “desfavorecidos”, a Sra Albuquerque tenha dito “favorecidos”. Ou então – sem querer aqui usar de afirmações típicas de Louça ou Jerónimo de Sousa mas aproximando-me deles –  só se a Sra. Albuquerque acha que os accionistas das grandes empresas como Galp, EDP, bancos privados em geral, etc, são desfavorecidos. Aí entende-se.

Se quiserem, podemos dizer que tanta preocupação com os desfavorecidos tem a Sra. Albuquerque, como teve o capitão do ferry que virou na Coreia do Sul pelos passageiros e restante tripulação, tendo sido o primeiro a abandonar o navio.  Mas não vamos por aí, senão os caríssimos leitores dirão que esta comparação é abusiva. Pode ser. Mas reparem que, sofremos (inclusive os mais desfavorecidos) com a austeridade, sofremos com a diminuição de rendimento disponível que dela resultou, sofremos com o encerramento de várias empresas fruto da austeridade e diminuição de poder de compra, sofremos com o aumento do desemprego que resultou dos factores atrás referidos que, por sua vez, provocou (entre outras coisas) o aumento da dívida pública, cuja intenção da austeridade era diminuir. A única coisa que se diminuiu foi mesmo o dinheiro nos bolsos dos portugueses. O resto tudo aumentou.
Onde está a protecção dos mais necessitados que eu não dei por ela?

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…