Suicidal games: A invenção de Jorge Jesus

Mourinho poderá não ter criado os mind games, porém, ficou com essa fama. Jorge Jesus não quis ficar atrás, e como nunca ele copiou algo de outro treinador, criou um conceito próprio: os suicidal games. São conceitos idênticos com resultados diferentes.

Os mind games são ações que tentam provocar uma reação no rival, seja a tomada de decisões baseadas numa qualquer psicologia inversa, seja enervá-lo para lhe lhe retirar discernimento nas escolhas que tem a fazer, seja mesmo a acalmá-lo, dando-lhe a falsa sensação que a competição acabou e que poderá relaxar.

Ou seja, tudo isto tem um propósito claro, prejudicar o rival para facilitar a vitória.

Os suicidal games são a mesma coisa, só que completamente oposta. Confusos? Ok, eu vou tentar explicar. São ações à procura duma reação do mundo, só que resultam no fortalecimento do rival em vez do seu enfraquecimento.

Ou seja, o propósito é convencer o mundo da sua superioridade, mesmo que o preço a pagar seja o reforço do rival.

Vamos a exemplos de mind e suicidal games:

Quando o menos espampanante, e nunca reconhecido, Vítor Pereira atirou a toalha ao chão no final da época 2012-13, deu a sensação ao rival, que no caso era Jorge Jesus, de que poderia relaxar, o campeonato estava ganho. Ou seja, um propósito, fazer relaxar o rival, uma ação para conseguir isso mesmo, e uma recompensa, o título nacional. Não imagino melhor exemplo da produtividade dos mind-games.

Do lado dos suicidal games à lá Jesus temos como exemplo máximo o seu comportamento para com os jogadores e treinador do Benfica. De facto, quando ele ataca um inseguro Rui Vitória no início do ano, a mãos com um plantel cheio de carências e muita juventude, com uma pré-época mal planeada, e fundamentalmente, com os jogadores desconfiados da sua valia, não está mais que a fazer um suicidal game.

Não havia nada a ganhar ao atacar quem já estava no chão, as sucessivas vitórias que ia obtendo em campo já faziam o trabalho de colocar em evidência a sua valia, mas Jesus atacou. E ao atacar, uniu.

Quem desconfiava passou a acreditar, quem estava inerte enervou-se com o gozo de Jesus, estamos todos recordados do episódio Jonas-Jesus, e todos eles o treinador sportinguista acordou porque ninguém quer ser considerado um adereço.

Ora aqui está um suicidal game, houve uma ação, gozar com o adversário, que obteve uma reação, união de todo um plantel à volta do seu treinador, e no final, um fortalecimento do adversário, com uma muito provável vitória no campeonato.

O que significa que o melhor mind game possível, na ótica benfiquista, veio do rival, nada agregou mais um grupo cheio de problemas que Jesus a colocar o seu colega deste “tamanhinho”, ao profetizar a desgraça dos seus ex-jogadores acéfalos porque o cérebro não estava lá, e tudo isto na ótica sportinguista foram suicidal games. Ou em português, a morte do artista, ou mais graficamente, um valente tiro no pé, melhor, um míssil.

E não é a primeira vez que Jesus os utiliza, tentou menosprezar o jovem André Villas-Boas, acabou a 20 pontos de distância; tentou menosprezar o adjunto Vítor Pereira, acabou atrás dele duas vezes seguidas; tentou usurpar o trabalho de Domingos no Braga, acabou eliminado da Liga Europa por ele, e poderia continuar…

Talvez, não sei, permitam-me a ideia rebuscada, ele ganhasse mais em somente treinar do que em fazer suicidal games, é que assim talvez tivesse mais títulos, ou não, porque ouvindo os Santos comentadores deste País, o objectivo dos suicidal games foi alcançado, nas palavras destes, Jesus é o melhor treinador deste e do outro mundo, ganhe ou perca.