Taça Davis

Olá de novo caro/a leitor/a. Pronto/a para mais uma crónica sobre ténis? Então vamos a isso! Desta vez trago uma crónica não sobre um Grand Slam, até porque não houve nenhum desde o mítico torneio de Wimbledon, mas à falta de Grand Slams, não se aliou a falta de ténis, muito pelo contrário, dado que se disputou a segunda eliminatória da Taça Davis. “E o que é essa taça?”, pergunta o/a caro/a leitor. Ora ainda bem que pergunta, dado que é exactamente sobre isso que esta crónica se debruça. Vamos a isso então!

Ora a Taça Davis é a primeira competição internacional masculina por equipas, que já se realiza desde o início do século passado, em 1900. Esta competição é organizada pela International Tennis Federation (ITF) e é realizada por eliminatórias. Na altura em que a Taça Davis começou, a competição era apenas entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América. Passados mais de 100 anos, em 2015, participam 125 países. É um número considerável, não acha?

Ao longo destes 115 anos de torneio, quem conquistou mais torneios foi os Estados Unidos da América, que ganhou por 32 vezes e foi finalista vencido por 29 vezes. Segue-se a Austrália com 28 vitórias na competição e 19 vezes como finalista vencido. Actualmente, a equipa campeã em título é a Suíça, que venceu no ano passado a França. Foi, sobretudo, graças ao trabalho de Stanislas Wawrinka e Roger Federer que a Suíça conquistou este torneio.

Roger Federer e Stanislas Wawrinka
Roger Federer e Stanislas Wawrinka

Mas vamos à história desta Taça Davis. No ano anterior ao início da competição, em 1899 era concebido o torneio por quatro membros da equipa de ténis da conceituada Universidade de Harvard. Estes quatro membros queriam desafiar a equipa britânica para uma competição de ténis. A ideia foi aceite pelas duas federações  e foi então que um dos quatro membros da equipa de Harvard, Dwight Davis projectou um formato para a competição e, como tal, encomendou um troféu a uma das mais antigas empresas norte-americanas, a Shreve, Crump & Low. Davis foi mais tarde um político importante nos EUA, nos anos 20, ocupando o cargo de Secretário de Estado da Guerra (1925-29) e Governador-geral das Filipinas (1929-32).

Na primeira edição, em 1900, a equipa norte-americana venceu a britânica por 3-0, ou seja, os EUA venceram 3 encontros à Grã-Bretanha. Em 1901, não se realizou, mas a desforra britânica não se fez esperar. Em 1902 e até 1905, a Grã-Bretanha venceu os EUA.

Taça Davis
Taça Davis

No início, o torneio denominava-se International Lawn Tennis Challenge, mas rapidamente ficou conhecido com o nome que tem actualmente. Inicialmente a competição fazia-se com várias equipas a defrontarem-se pelo direito de defrontar a equipa vencedora do ano anterior. A partir de 1905, o torneio começou a expandir-se, chegando à Bélgica, à Áustria, à França e à Australásia, equipa conjunta da Austrália e da Nova Zelândia que durou até 1914. Mas a expansão da competição continuou no ano de 1923, quando a torneio se dividiu em duas zonas: a zona americana e a zona europeia. Os vencedores de cada zona encontravam-se numa outra zona, denominada de Zona Interzonal. O nome peca pela originalidade como o/a caro/a leitor/a pode reparar. Nos anos 20, mais de vinte países disputavam a Taça Davis.

Até 1927 apenas três países tinham vitórias nesta competição, até que chegou a equipa francesa dos “4 mosqueteiros” que dominaram a Taça Davis durante 6 anos seguidos.

Os Quatro Mosqueteiros do Ténis francês
Os Quatro Mosqueteiros do Ténis francês

Em 1955, nasce uma nova zona: a zona Este. Mas aqui nasceu um problema na questão de apurar o vencedor, que foi resolvida ao atribuir uma vantagem a uma das equipas vencedoras das três zonas, passando directamente para a final. Mas em 1966, criou-se mais uma zona, dividindo a zona europeia em duas: Zona Europeia A e B.

Já em 1972, o formato é mudado. A mudança foi feita no sentido de o vencedor da edição anterior não competir só na final, tendo assim que disputar o torneio completo. Até 1974, apenas quatro países tinham vitórias na Taça Davis, França, Austrália (Australásia), Grã-Bretanha e Estados Unidos, mas nesse ano começa uma mudança, com a vitória da África do Sul, seguida no ano seguinte pela Suécia, em 76 com a Itália e com a Checoslováquia em 77. Foi o início das mudanças que se viviam dada a mudança do formato e, também com o início da Open Era em 1968.

Mas houve mais uma alteração no formato, que é o vigente, no ano de 1981. É criado um sistema de ligação, num grupo denominado de Grupo Mundial competem as equipas de 16 países, os mais bem cotados no ranking da própria Federação Internacional de Ténis. São estes países que disputam realmente a Taça Davis. “Então e as outras equipas?” pergunta o/a caro/a leitor. Pois bem as outras equipas competem em grupos divididos por três regiões e o objectivo é conseguir o melhor ranking possível e não ser despromovido para os grupos mais baixos: a Zona Americana (3 grupos), o a Zona Europeia/Africana (4 grupos) e a Zona Asiática/Oceânia.

 

joao sousa
João Sousa a actuar pela selecção portuguesa

Este ano, Portugal está no Grupo II da Zona Europeia/Africana e na primeira ronda venceu a equipa de Marrocos por 4-1, ou seja, quatro vitórias em cinco encontros. Na segunda ronda, disputada ainda este mês, já considerado os quartos-de-final, a equipa portuguesa voltou a ganhar quatro encontros em cinco jogos disputados. A semi-final vai opor a equipa portuguesa à equipa da Bielorrússia.

Espero que a equipa que conta com Rui Machado, Gastão Elias, João Sousa, João Domingues e Frederico Silva consiga chegar à Final e que ganhe contra a equipa que lá chegue, seria um excelente resultado. Porém, não seria o melhor de sempre, dado que Portugal já conseguiu chegar aos Playoffs do Grupo Mundial no ano de 1994. Vamos torcer pela nossa equipa em Setembro (18 a 20) e pelos nossos grandes tenistas, dado que até se joga em Portugal. Esta poderá muito bem ser uma página bonita na história do ténis português.

É tudo por este mês. Espero que tenham gostado.

Até para o mês que vem.
Boas jogadas!