Team ICO – Pedro Nascimento

Eis uma respeitosa equipa de técnicos-artistas devota à mais recente adição artística da humanidade – o videojogo. Ou, pelo menos, uma das que jus tem feito a essa visão. Team ICO, conjunto desconhecido do comum mortal, é responsável pela criação de dois artefactos de culto dos anos 00 desta cultura. Torna-se legítimo esperar uma obra-prima de The Last Guardian – jogo em desenvolvimento desde 2007 e sem data de lançamento anunciada.

Quem se lembra de Caio Mecenas e da prática que o mesmo – em Roma – tornou uma realidade com a ajuda do primeiro imperador Octávio Augusto? O Mecenato tem sido uma alavanca a desencravar impossibilidades financeiras de intelectuais e artistas por todo o mundo desde então. Team ICO é um desses casos de belas mentes criativas patrocinadas por alguém disposto a não querer saber de tempos nem lucros. Aqui, a Sony investe pelo bem da saúde da indústria – pelo progresso estético e técnico. Acreditam neles, porque não deveremos nós também?

ICO, publicado em 2001, foi o primeiro mundo criado. Ico é um rapaz que nasceu com chifres. Ostracizado devido à má sorte que a vila sentia no seu duplo corno, guerreiros decidiram prendê-lo numa fortaleza abandonada. Mas há males que vêm por bem: Yorda é uma donzela que ciranda por aqui perfumando as ruínas de mistério. Afinal, amor à primeira vista é possível. Por favor Ico, não percas de vista a tua paixão. Segura-lhe a mão! Não haverá outra. As sombras irão perseguir-vos. A ganância, cega de vaidade, não quer que a juventude floresça. Foge do castelo, usa a tua inteligência e intuição.

Shadow of the Colossus, publicado em 2005, foi o segundo mundo criado. Wander é um rapaz a quem vai nascer chifres. Encontra-se num lugar chamado Terra Proibida. Procura resgatar Mona do mundo dos mortos. Para consegui-lo deve vencer 16 colossos. Só isso. Encontrá-los, estudá-los, e derrotá-los. Gigantescos, megalómanos, são vilões que arranham os céus. Wander deve servir-se da sua égua Agro e da espada ancestral como extensões do seu corpo. Só assim conseguirá aceder ao Santuário da Devoção e ressuscitar Mona. Conseguirá? Trata-se de uma epopeia de 16 cantos a cumprir.

Lançados como exclusivos para a Playstation 2 e reavivados numa colecção HD para PS3, tanto um como o outro são obras de proficiência técnica do meio: as narrativas são sólidas e fechadas; as cores e as formas reflectem direcções artísticas únicas; e as jogabilidades, característica maior, destilam eficácia e originalidade.

Jogos assim não merecem crónicas – não existe como lhes fazer justiça. Merecem artigos ou ensaios. Talvez livros teóricos. Há mais um na calha, The Last Guardian. De que serve a minha opinião? Vejam os trailers. Por arrasto, que se vejam também as box art dos dois tesouros anteriores – belíssimas. Uma palavra para Fumito Ueda e seus colegas: fantástico. Outra: continuem.

L2R2 X-Δ, para vocês.


Crónica de Pedro Nascimento
L2R2 X-Δ