As Terríveis Sanguessugas Vendedoras! – Ricardo Espada

Existem pessoas que sabem como levar outras pessoas ao limite humano da paciência. Pessoas que nascem com um dom específico para implementar o chamado «Azucrinamento Psicológico» noutros seres humanos (E acredito, veementemente, que nem os animais se escapam…). Não existe ser que consegue escapar a estas «Terríveis Sanguessugas Vendedoras!», acabando – quase todos! – por cair na sua teia. Refiro-me aos «Vendedores de cartões de crédito do Barclays Bank». Esta malta é uma praga, que infesta os centros comerciais de norte a sul do país, e que nos deixa completamente agastados.

Falo por mim: eu fico extraordinariamente agastado com esta malta. Todos os dias, eu vou almoçar ao maior centro comercial de Portugal e da Europa (E não vou aqui dizer o nome por motivos óbvios. Nunca se sabe de onde pode surgir um processo judicial por difamação… DOLCE VITA TEJO! Ah, porra… Isto está sempre a acontecer-me! É uma espécie de Síndrome de Tourette, mas sem asneiras. Será que isto tem cura?). E todos os dias sou interpelado por uma destas «Terríveis Sanguessugas Vendedoras!». E todos os dias perco a cabeça. E todos os dias fico visivelmente transtornado depois de ser, uma vez mais, interpelado por uma destas sanguessugas. E todos os dias, o raça do almoço cai-me mal no estômago derivado dos nervos que fico depois de ser interpelado por uma destas sanguessugas. E todos os dias, fico com pensamentos psicopatas depois de ser interpelado por uma destas sanguessugas. E todos os dias… Bom, acho que o leitor já entendeu onde eu quero chegar. Fico simplesmente alterado!

«Porra, ó Ricardo. Não achas que estás a exagerar um pouco, não?» Não, não acho. Estou a ser até brando demais, para o que sofro nas mãos destas sanguessugas. Todos os dias, sou abordado pelo mesmo vendedor do Barclays Bank. Todos os dias, esta espécie de sanguessuga me inquire sobre se conheço o cartão de crédito do Barclays Bank. Todos os dias, ele pergunta-me se estou empregado. Todos os dias, ele pergunta-me qual é minha profissão. Todos os dias, ele pergunta-me se quero aderir ao Barclays Bank. E todos os dias ele aponta-me o dedo proferindo as seguintes frases: «E aqui este meu caro amigo, já conhece o cartão de crédito do Barclays Bank?»; «Posso perguntar ao meu caro amigo, qual é a sua profissão?» E todos os dias eu respondo de várias formas: «Não estou interessado!»; «Não quero saber!»; «Desculpe, mas estou com muita pressa!»; «Já tive o cartão de crédito do Barclays Bank e desisti. Não quero, obrigado!» Mas, mesmo assim, parece que nenhuma destas respostas parece ter algum tipo de credibilidade para aquela verdadeira sanguessuga.

Primeiro que tudo, eu não tenho nada contra a pessoa em si, mas sim, contra a forma absolutamente incrível e extremamente aborrecida como ele leva a sua profissão longe demais. Como é que ele afirma «E aqui, este meu caro amigo, já conhece o cartão de crédito do Barclays Bank?», quando eu não sou seu amigo? Acho que este senhor tem um conceito de amizade muito bizarro. Será por eu ser umas das poucas pessoas que lhe dá resposta – mesmo sendo sempre negativa, e com um claro intuito de «Eh pá, tu larga-me da mão!» –, que ele assume-me automaticamente como um amigo? «Ah, olha lá vem o meu amigo. Todos os dias eu faço-lhe perguntas pertinentes e aborrecidas, e ele responde-me sempre! Não é como as outras bestas que viram a cara para o lado, só para não falarem comigo. Não entendem que eu apenas quero fazer amizades, e quero lá saber dos cartões de crédito Barclays Bank…» Será que ele pensa assim? Se sim, então, tenho de passar a ser uma das bestas que lhe vira a cara para o lado, porque já estou a dar em doido com esta suposta «amizade» que o senhor possui por mim.

Eu não entendo o facto de ele não conseguir entender o «NÃO!» que todos os dias eu, de uma forma até algo agressiva, lhe forneço gratuitamente. Das duas uma, ou este homem é uma máquina mortífera treinada por cientistas loucos que o Barclays Bank contratou apenas para implementar no cérebro dos seus vendedores o conceito «Insistir até ao fim! Até à morte! Até não restar um pingo de paciência nos possíveis clientes!», ou este senhor sofre de Alzheimer! Todos os dias ele me aborda, porque simplesmente não se lembra de mim. Aposto mais na primeira hipótese.

Depois de tantas negas tenho a certeza que, a primeira vez que eu disser que sim – que quero conhecer o cartão Barclays Bank, e que quero finalmente aderir ao cartão de crédito –, ele ficará muito atrapalhado e triste, porque irá perder para sempre um amigo…

Questão: O leitor acha que eu deveria acabar com este flagelo pessoal, aceitando fazer o raiosmaparta do cartão de crédito, ou continuar a ser «amigo» desta sanguessuga, respondendo-lhe todos os dias às mesmíssimas aborrecidas questões…?

Até para a semana, malta catita!


RicardoEspadaLogoCrónica de Ricardo Espada
Graças a Dois
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