The Weatherman – Ao Vivo no Cais do Sodré

Olá a todos!

Estranha ver-me por aqui novamente? Pois é, mas este mês é especial. Desta vez não vos trago sugestões sobre o que poderá fazer por Lisboa, (deixarei isso para a crónica do próximo mês), mas venho-vos aqui falar um pouco da minha experiência ao ter assistido ao concerto de The Weatherman, esta quinta-feira, 23 Junho, de apresentação do seu mais recente álbum, Eyeglasses for the Masses.

Não sabe de quem se trata? O leitor anda a falhar e parece-me que não leu a crónica do Bruno Neves, onde expõe uma entrevista exclusiva que o Ideias e Opiniões realizou ao artista português! E que belíssima entrevista! Assim que puder, faça o favor de a ler e partilhar!

Antes demais, quero agradecer o convite e a oportunidade que a direcção do Ideias e Opiniões me deu em ter ido assistir, em representação do nosso projecto, ao concerto de The Weatherman (tudo graças à Raquel Laíns e à sua Let’s Start a Fire!). Foi uma experiência muito gratificante e espero não vos ter falhado!

Vamos então começar a nossa jornada. O espectáculo estava previsto que começasse às 22h30. Posto isto, fiz questão de fazer uso da minha pontualidade britânica e estar à porta do Sabotage Rock Club, no Cais do Sodré, às 22h15. Não fui sozinho, fui com a minha tia, à qual agradeço imenso, o tempo e a disponibilidade. Toquei à campainha, pensando que o alguém estivesse lá dentro pronto para nos receber… mas não… estava vazio e por isso, ninguém nos abriu a porta. Decidimos esperar…

Fonte: Facebook Oficial do Sabotage Rock Club| Autor: Luís Sousa|Música em DX

Entretanto, reparámos que tinham chegado algumas pessoas. Primeiro, uma senhora que, de um modo apressado, tão depressa abriu a porta como a voltou a fechar. Rapidamente, um grupo de homens apressou-se a ir atrás. Batemos à porta do Sabotage, mas sem resposta novamente. Tinham o seu estilo próprio, hoje em dia um pouco em desuso, mas muito característico dos anos 70 e 80…. Pois é, eram alguns dos membros da banda de The Weatherman. Confesso que, à primeira vista, não tinha a certeza se eram eles ou não, até porque, em preparação para o concerto, só os tinha visto em algumas fotos. Contudo, eram um pouco diferentes, mais antigas e o meu ar reservado, não me permitiu ir tirar a dúvida. Já lá dentro havia de perceber que um dos elementos que estava cá fora não era o The Weatherman, mas sim o seu baixista, Nuno Melo. Em suma, evitei um pequeno mal-entendido!

Os minutos passavam e alguns curiosos, que haveriam de ir assistir ao concerto, começaram a juntar-se à porta do clube. A maioria deles de idade adulta, por volta dos seus 30 e poucos anos. Outros, mais jovens e da minha faixa etária e ainda alguns espectadores mais velhos, com roupa mais adequada ao estilo rockeiro, com a qual se identificam.

Entrámos, finalmente, no clube, marcava o relógio 23h10. Um episódio engraçado foi o facto de o meu nome na guestlist não estar totalmente correto. Vi a minha vida andar para trás. Sim, fui chamado de André Santos, tal como o jogador de futebol. Quando disse que vinha da parte do Ideias e Opiniões então aí sim, fui autorizado a entrar. E assim foi.

O espaço do Sabotage é, como o próprio nome indica, muito dedicado ao rock: paredes escuras e cheias de cartazes de promoção de concertos que ocorreram no espaço (alguns exemplos: “Capitão Fantasma”; “Baile Rock” ou “Os Mutantes”, mas havia muitos mais por lá!), um palco pequeno, bem iluminado com o típico jogo de luzes, composto pelos mais variados instrumentos musicais – bateria, guitarras, uma double neck, piano), a zona da plateia não é muito extensa, mas suficiente para se estar à vontade e dançar (se for caso disso). Não existem lugares sentados e o bar tem imensa oferta. Em suma, é um espaço pequeno, mas muito agradável para se estar e passar uns tempos de uma forma diferente e descontraída.

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Interior do Sabotage Rock Club com as paredes repletas de cartazes. Autor: Luís Sousa|Música em DX

Enquanto não começava o espetáculo, o DJ ia metendo algumas músicas para dinamizar o ambiente. Entre as que passaram destacam-se: The Beatles – “Tomorrow Never Knows”; “T-Rex – “Get It On”; “Screamin Jay Hawkins – “I Am the Cool” e “Soledad Brothers – “Handle Song”. Confesso, mais uma vez, (parece que estou num confessionário de uma Igreja), que sou péssimo em identificar bandas e nomes de músicas. Por isso, fiz uso da aplicação Shazam e, assim, consegui identificar algumas destes trabalhos.

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Lucky Lupe em atuação. Foto: André Silva

O concerto começou. Eram 23h30 e a primeira parte do espectáculo foi protagonizada pelos Lucky Lupe. Foram cerca de 40 minutos de um grande concerto em acústico, de uma sonoridade fantástica (um pouco de indie rock, post rock e experimental) e de grande combinação de instrumentos.

O grupo é composto por duas pessoas: na bateria, Tiago Salsinha – o “baterista mais internacional do Mundo”, assim caracterizado pelo seu colega e frontman, David Ferreira, dono e senhor da double neck, com a qual deu um grande show e mostrou muita destreza no uso daquele instrumento.

Apresentaram o seu disco de estreia, com o mesmo nome do grupo “Lucky Lupe”. Em traços muito sucintos, e depois de fazer uma pequena pesquisa porque não sou um entendido na matéria como os meus colegas cronistas de música Vasco Wilton e Nuno Pitt, este dueto instrumental faz uso das chamadas loopstations, uma espécie de pedais eletrónicos, que permitem a sobreposição de várias sonoridades, ao mesmo tempo que os instrumentos tocados por ambos os artistas, são tocados. Cria-se, desta forma, um quadro sonoro muito complexo, mas cujo resultado é deveras fantástico. Vale a pena conhecer esta banda e o seu trabalho.

Depois de um intervalo de cerca de 20 minutos e de recuperarmos as energias, gastas enquanto se dava um pezinho de dança ao som da banda anterior (sim, não resisti, caro leitor), The Weatherman chega ao palco e pela primeira vez no Sabotage Rock Club. Infelizmente não pôde estar presente o baterista da banda por motivos pessoais, mas, segundo Alexandre Monteiro, espera-se que “esteja de regresso na próxima semana”.

O início do seu concerto foi um pouco tremido, motivado pelos problemas técnicos e de som. Foi obrigado a recomeçar, pelo menos, duas músicas. Todavia, não se deixou afetar por estas pequenas conturbações e arrasou por completo. Deitou, literalmente, a casa abaixo! O seu estilo pop é inegável, de grande qualidade (made in Portugal, como se sabe), fazendo-nos voar nos nossos pensamentos e dimensões alternativas através das suas músicas, que vão desde um estilo mais melancólico e calmo, ao mais mexido e irreverente! É isto, essencialmente, que caracteriza o trabalho de The Weatherman.

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Capa do álbum Eyeglasses for the Masses

Como já disse, este concerto serviu para apresentar o seu álbum de estreia “Eyeglasses for the Masses”, mas abriu com uma faixa do seu segundo disco Jamboree Park at the Milky Way, de 2009, com o nome “Follow You Everywhere”. Que abertura, caro leitor! Fiquei rendido! Seguiram-se alguns temas do novo álbum, entre eles “To The Universe”, o single “Ice II”, uma autêntica referência e homenagem a Vanilla Ice (leia a entrevista ao artista, para perceber o que The Weatherman diz sobre esta referência), “One of these Days” e “Calling All Monkeys”.

Quero, aqui, destacar algo que achei muito curioso durante a actuação. Aquando da apresentação das faixas do novo álbum, passavam na parede do palco, os videoclips alusivos a cada uma dessas músicas. Uma forma muito interessante, a de combinar a música ao vivo e o vídeo, no sentido de apelar a atenção do público e publicitar o trabalho deste artista. Excelente ideia e muito bem conseguida!

Chegamos, assim, à parte final do concerto. Considero este momento até o ponto alto da noite, onde houve bastante interacção com o publico presente que, acompanhou brilhantemente The Weatherman. Finalizou a actuação com o seu single do 3º disco Weatherman, de 2013, de seu nome “Proper Goodbye”. Fazendo, aliás, todo o sentido tendo em conta o nome da faixa.

Sumarizando, então, esta review, o meu feedback é extremamente positivo! São duas bandas, com os seus próprios estilos é certo, mas com uma qualidade reconhecida. Merecem, totalmente, a atenção de todos nós. O meu especial voto de parabéns para The Weatherman, pela actuação que possibilitou, tanto a mim, que desconhecia o seu trabalho e que vou passar a seguir, como também a todos os presentes no Sabotage Rock Club. Notou-se que estavam todos muito satisfeitos com o resultado do trabalho de Alexandre Monteiro.

Posto isto, resta-me terminar e despedir-me de quem nos lê, mas sem antes de fazer algumas considerações finais:

A Reter: A internacionalização de The Weatherman e dos Lucky Lupe (já actuaram em muitos outros países e com sucesso);

Um Conselho: Oiçam (e, se possível, vejam ao vivo) o talento nacional que é The Weatherman (mas não descurem ouvir também os Lucky Lupe, claro);

Positivo: O ambiente no Sabotage e a simpatia de quem nos recebeu;

Negativo: Os problemas técnicos e de som que afectaram o inicio do espectáculo de The Weatherman; A falta do baterista da mesma banda (justificada por motivos pessoais); O pouco público presente;

Um Desejo: Mais reconhecimento (nacional) para estas bandas e que os pequenos espaços como Sabotage apostem em concertos com artistas como Lucky Lupe e The Weatherman;

Um obrigado a todos e um agradecimento especial, aos elementos do Sabotage Rock Clube e ao convite da Raquel Laíns e da sua Let’s Start a Fire!

Não percam, caríssimos leitores, as próximas crónicas e reviews de futuros concertos a que poderemos vir a assistir. Espero que tenham gostado e continuem-nos a seguir.

Um bem-haja!