Todos diferentes mas todos iguais! – Raquel Santos

Sabias que apesar de sermos todos diferentes somos iguais? É estranho eu sei, mas é mesmo verdade!

Há quem diz que os bebés quando nascem são todos lindos, que são todos iguais. Mas na verdade não o são. Não é pais, que estão a ler a cronica?!

Todos nós já fomos bebés, passamos pela juventude, pela fase adulta até chegarmos à velhice. O Manuel também foi assim, tal como todos nós.

Nasceu numa família humilde, com bom coração. Família esta, conhecida na aldeia como a “Família Mãe”. Isto porque, mãe é símbolo de cuidado, atenção, carinho e afeição. E esta família era tudo isto. Manuel tinha tudo para ser feliz.

Durante o seu crescimento passou por algumas fases mais complicadas, nomeadamente a fase da adolescência que é muito caracterizada como a idade da parvoeira!

É aqui, durante a sua fase de secundário, quando Manuel entrou para o 8º ano que foi posto à prova. Nesse ano tudo mudou. Na sua turma entrou três alunos novos: dois alunos ciganos e um angolano. Eles tinham acabado de chegar à sua cidade e ainda não conheciam ninguém. Eles sentiam-se perdidos e por isso juntaram-se mais. Durante esse ano, houve algumas mudanças. A maior parte dos seus colegas olharam para eles com desprezo acabando por os deixar sozinhos. Começaram a dar-lhes alcunhas, desde “oh preto”, “oh deslocado”, “é só ciganada” e outras, sob o olhar atento do Manuel. Vários foram os dias, passando por semanas chegando mesmo a atingir um mês. Manuel não gostava da forma como os colegas os tratavam e comentava com eles. Apesar disto, eles não mudavam a atitude e continuavam a ter comportamentos racistas. Já cansado disto, saiu do seu grupo de amigos e dirigiu-se aos alunos novos. Não foi uma decisão fácil de tomar pois começou também a ser alvo de chacota dos seus supostos amigos! Sim supostos, porque amigo que é amigo não faz uma coisa destas. Manuel ficou sem os amigos, que ele achava que o eram e passou a fazer parte de outro grupo.

Os novos colegas ficaram contentes por sentirem o apoio de alguém e sentiram que tinham um colega de turma em quem pudessem confiar. Manuel ficou surpreso com a atitude do seu ex-grupo. Os dias começaram a ser diferentes, passava por eles e eles fingiam que não o conheciam. Por vezes, apercebia-se que eles se riam dele e até gozavam por ele estar no grupo deles. Triste não é?

Com o dia-a-dia Manuel conseguiu ver algo que mais ninguém viu. Os três novos amigos de Manuel eram como cada um de nós. Acima de tudo eram seres humanos e deviam de ser respeitados por isso. Além disso, eram voluntários numa casa de apoio aos desfavorecidos e todos os fins-de-semana iam a casa de alguém mais pobre para fazerem um pouco de companhia. Manuel ficou encantado com esta atividade que também começou a fazer parte da sua vida.

Afinal, somos ou não todos iguais? Todos nós temos a nossa personalidade, somos diferentes a nível exterior, mas lá no fundo somos todos iguais e temos bom coração! Até nas pessoas que são mais más de espirito, quando lhe acontecer algo que lhes toque lá no fundo, as boas energias vêm ao de cima.

Todos diferentes mas todos iguais!

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