Toothpick – O Palito anda a monte!

Ora viva! Este mês a crónica “C’um Catano” traz até si uma história tão trágica, tão trágica, que acaba por ser cómica… É certo e sabido que há coisas com as quais não devemos brincar. Nomeadamente, fogo, facas, armas e sogras. Mas sinto-me compelido a falar-lhe sobre um tipo que brincou com todas elas ao mesmo tempo e sobreviveu para contar.

Epalito que tipo é esse? Perguntarão os meus queridos leitores. Eu digo-lhes: Manuel «Palito» Baltazar! Sabe quem é? Não?! Pois… O problema é mesmo esse. Muita gente não sabe. Inclusive alguns polícias!  Como é que é possível que um dos nossos maiores fugitivos à polícia, seja desconhecido para tanta gente? Como foi possível que o Palito passasse duas ou três vezes por elementos da GNR e estes não o reconhecessem?! E como é que o sujeito, mais procurado do país, conseguiu ir até à freguesia de Trevões comprar pão, sem que nenhum polícia ‘desse de caras’ com ele? Sabe o que lhe digo?! A nossa polícia não vê um Palito em frente aos olhos, é o que é!

(AH! AH! Peço desculpa pela piada à Fernando Mendes…)

Agora falando um pouco mais a sério… A questão que se coloca é: num país onde tanto se fala sobre turismo, porque é que não aproveitámos o facto de termos um fugitivo a monte (ou neste caso, um fugitivo a monte no monte) durante a final da Liga dos Campeões Europeus, para ficarmos na boca do mundo?? Imagine lá a cobertura mundial que tínhamos tido se alguém se atrevesse a lançar o boato que o Palito tinha sido avistado em Benfica…

(Já estou a imaginar as capas dos jornais europeus: «Cuidado Ronaldo! El mondadientes esta ahí» ou então: «Toothpick threats Madrid!» ou ainda: «Madrid, a hard tooth to pick!»)

É este tipo de mediatismo que faz falta a portugal. E, diga-se de passagem, ao Palito também! Que raio assassino é que é conhecido como «Palito»? É que se pensarmos bem, é uma cognome extremamente fraquinho… «Toothpick» seria muito melhor! Soa a mais perigoso, já para não falar que fica no ouvido!

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(Um pequeno aparte: como é que ninguém se lembrou de procurar o Palito no Facebook?! Na volta ele até tinha partilhado onde estava e postado uma selfie junto de umas cabras… Cabras – animais – não seja perverso!)

Outra coisa que se podia ter feito era merchandising em torno do Palito… T-shirts (do Palito), pins (do Palito), ímanes para o frigorífico (do Palito), bonés (do Palito), palitos (do Palito), etc… Mas não. Nada! Zéro! Népias! Nicles batatóides… Ninguém naquela povoação teve a (in)feliz ideia de fazer este tipo de coisas. E porquê? Porque ninguém dá valor aquilo que é nosso! Se fosse nos Estados Unidos aposto consigo que existiriam grupos de apoio ao Palito. (Já estou a imaginá-los, todos de t-shirts com a cara do Manuel Baltazar estampada, segurando cartazes a dizer: “O Palito é nosso amigo, não merece o castigo!” ou ainda: “Palito, amigo, nós estamos contigo…”. Mas não, em Portugal nunca se apoia aquilo que é nosso! Nunca. Temos sempre a mania que o que vem lá de fora é que é bom… Impressionante!

Nem a TVI, que apoia tudo que é desgraceira, embarcou neste projecto. Podíamos perfeitamente ter transmitido em directo as buscas do Palito… Fazia-se um género de COPS de São João da Pesqueira, onde teríamos imagens em tempo real, da caça da GNR ao Palito. Seriam 3 episódios, diários da GNR no meio do mato à procura dele e outros 31 em casa, à espera que ele chegasse. (Até porque ninguém me tira da ideia que o Manuel Baltazar só não foi encontrado mais cedo porque a polícia desistiu de o procurar e foi para casa. Tal e qual como fazíamos quando éramos miúdos e estávamos a brincar às escondidas no meio da rua…)

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E já agora, porque não escrevem um livro com a história deste homem? Ou então um guião de um filme? Ao fim ao cabo estão lá todos os ingredientes de um livro do José Rodrigues dos Santos: amor, viagens, traição, bebedeira e crime.

Escritores, cineastas, jornalistas e directores de marketing, oiçam o que vos digo, leiam o que vos escrevo. Explorem bem o potencial deste homem pois tão cedo não teremos outro igual. E se quiserem até vos dou uma ajudinha para guião do filme…

Título: “Toothpick – O Palito anda a monte!”

Realizador: Manoel de Oliveira (Até porque só este homem conseguiria fazer um filme onde o fugitivo passa 34 dias desaparecido no meio do mato sem haver qualquer tipo de acção!)

Sinopse: “É mais fácil encontrar uma agulha num palheiro, que um palito numa aldeia! Conheça toda a história de Manuel Baltazar, o homem que foi brincar às escondidas e demorou mais de um mês para voltar!”

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EH! EH! C’um Catano!

Artigo de Gil Oliveira