Top 10 – Evidência de Paz (3)

 

Por entre momentos de «graúdos e miúdos», nos vamos vendo numa sociedade quase consciente daquilo que vê e faz. «Ontem morreu tal…com 40 anos», e «também morreu tal…com 30 e tal anos»; «em x dia foi o pai que violara a filha» e em «y dia, foi um homicídio passional», mais «aquela rapariga que espancara a colega no balneário»…Desliguem-me a televisão ou mudem de canal…ou se tiverem a possibilidade liguem o baby TV depois das 22:00 que emite faixas sonoras como estruturas construtoras de bem-estar, quase como uma psicanálise domiciliária; quase como sons… desobrigando os nossos problemas e bloqueios emocionais a constarem na nossa consciência. E diante dos nossos olhos, a humanidade a cair. E o que te vou oferecer «se em meu coração não tiver amor?». Agir como flecha disparada, com o objetivo último de acertar no núcleo do 100 pontos? E o processo do agir? Com serenidade, em beleza, em bem e em amor? Somos capazes disso? Vemos por aí tantos casais…se um abdica do «tempo de futebol» outro pode abdicar de outra coisa, não é? Mas sem obrigação e por amor.

Sem obrigação e por amor, acabámos por realizar muitas ações lindas e felizes, capazes de abrigar a bondade e a pureza em seu sentido mais lato e conceptual. A questão é: «o que é obrigação?», é diferente do «sentido de compromisso»…eu acho que é! O «sentido de compromisso» para com o nosso dever reserva na nossa mente a ideia de que toda a gente se recupera da vantagem, seja ela qual for, caso cumpramos com esse dever, que sem ser por obrigação, nos traz uma felicidade gradual, possibilitando o nosso potencial máximo. Cada vez mais se fala em questões como felicidade no trabalho…«Que bom, levantar de manhã, com sentido de compromisso, cumprindo o nosso dever, nas melhores condições possíveis para receber um feedback positivo e sentir que pudemos tornar a vida de alguém um pouco mais feliz, e consequentemente, a nossa também». Mas se é o interesse que nos cerca, então não! Isso não vale a pena! «Tira o cisco do teu olho e depois retira o do outro». Lembro-me muitas vezes desta frase que exponencia a competência com que trabalhamos em liberdade…com dever. «E se nos achamos as melhores pessoas do mundo, dentro da nossa menoridade, então não estamos a pensar como pessoas…e se nos achamos as piores pessoas do mundo, dentro da nossa condição humana, então não temos auto- estima, tampouco nos valorizamos»…mas, «quem agrada a toda a gente, não agrada ninguém», e por isso reformularmos diariamente, onde estamos, quem somos e o que queremos; reformularmos estruturas holísticas de saúde, resistentes, para que a sedentariedade não se denote no nosso espaço de ser. «E será isso o suficiente?»; é claro que não é. Interagir socialmente, presencialmente, dentro das condições imediatas que temos, implica estarmos treinados até ao excelso nível de coração e alma puras, para que nada de desfavorável se denote em nosso Ser; e já nem digo isto pelas consequências que se tem num depois, digo isto para que as frustrações e as dores e a mesquinhez não retornem até nós nem criem inimizades, nem oportunidades de raiva e desafeto e desamor para com o nosso próprio ser.

Se 80% do nosso tempo é aplicado no trabalho, então teremos de ter condições ao mais alto respeito, em reciprocidade aplicada, denotando o nosso compromisso, em felicidade para com o outro e para com nós mesmos. «Mas interagir socialmente é preciso e faz bem, só assim conseguimos uma verdadeira proximidade de afeto, de partilha, de amor»; e digo verdadeira porque do nosso Eu também faz parte o nosso físico e a nossa imagem; tal como a imagem de uma empresa, que nasce desde a sua aparência exterior até à sua natureza interior, intelectual, organizacional, estrutural e humana. Se entrámos numa empresa de paredes espelhadas, mostrando a beleza dos seus produtos à partida nos parece uma empresa de qualidade; mas se chegados à receção nos vêm de mala, já olham de soslaio e pensam baixinho «mas o que é que este tipo quer vender?», e afinal a única coisa que queremos é falar com o diretor porque até somos amigo(a) dele. Esta é a nossa condição humana. E se até treinamos a paciência, podemos esquecer a má cara e ‘bola pr’á frente’, mas se não o somos, até podemos dizer ao diretor, isto e aquilo, porque afinal até somos amigos…e amizade até implica algum tipo de influência nisto e naquilo; quer para o bem, quer para o mal. Por isso a imprescindível condição de alma, coração e Eu puros.

«Mas ser assim, nesse grau de excelência pretendidos é pedir demais, porque Deus que é Deus não agrada a toda a gente»; mas eu nunca disse que não era demais…é claro que confluir tudo isto e ser verdadeiramente feliz numa impermanência intemporal é realmente complicado…isto é quase como pedir uma vida estruturada e timing a timing com um sentido de vida excelentemente importante e feliz para o nosso Eu, conjuntamente com todas as pessoas que nos rodeiam e para quem fazemos a diferença…mas nós sabemos que a vida nos vai pregando partidas para ver até onde conseguimos chegar, e por isso os recursos que nos disponibiliza para superarmos etapas…tal como uma escada – descendo e subindo, descendo e subindo, e desengane-se aquele que acha que estando no patamar de baixo não sobe, bem como aquele que acha que estando no patamar de cima não desce.

E isto tudo nos permite a uma impaciência que nos leva quase ao limite; como nos darem uma mão e querermos um braço, porque sentimos tamanho afeto e amor por alguém que a necessidade de ser verdadeiro e natural, fala muito mais alto, porque sentimos que tal amor até nos poderia curar, se quisesse e se sentisse o mesmo que nós. Mas os problemas afloram e até desculpámos as nossas falhas com os problemas exteriores a nós, ou então nos denominámos num laissez-faire, num vamos indo por aí, ou então, cansados, extenuados de contestar pelos nossos ideias de valores, largámos tudo e nos refugiámos em puro silêncio e numa dor manifestada em raiva, frustração e desamor. «E pudéssemos saber sem experienciar!»…e a ilusão e a desilusão vão caminhando juntas, passo a passo, sustentáveis, mas queira Deus e o homem que numa condição num para sempre saudável e holísticamente feliz.

…e sei que a vida não são rosas, mas por alguns minutos me parece e por 1 segundo pensar que poderia ser sempre assim, um lado-paz.