Trump: que paródia de candidato

Donald Trump disse no outro dia que “podia chegar à Quinta Avenida, dar um tiro a alguém e não perdia votos”. Trump, milionário norte-americano, acha que tem os apoiantes mais leais. E, pelos vistos, parece não contar com a inteligência desses mesmos apoiantes.

Trump é um dos candidatos republicanos às Primárias do partido para as eleições presidenciais norte-americanas. Ele, que parte como grande favorito para essa corrida à nomeação republicana, apenas faz o que melhor sabe fazer: causar polémica. Trump fê-lo também aquando da divulgação do seu primeiro spot publicitário da sua campanha para as eleições Primárias no Partido Republicano, onde aparecem imagens de imigrantes a tentar entrar num território. Ora, mesmo considerando que essas imagens foram recolhidas em Marrocos, isso constitui prova da recuperação de um tipo de política que recupera valores próprios do fascismo, por parte de Trump. Mas será antes Trump um político fascista ou meramente um milionário populista?

Donald Trump, que tem origens escocesas, opõe-se fortemente à imigração ilegal, e um dos seus alvos reside na imigração de cidadãos mexicanos. Para combater o fluxo migratório vindo da fronteira a sul dos Estados Unidos da América (EUA), Trump quer construir um muro a separar fisicamente os dois países.

O que diria Benito Juarez, fundador do México moderno, acerca desta paródia de candidato? O que diria George Washington, um dos fundadores dos EUA, acerca deste putativo candidato a Presidente dos EUA?

Um dos lemas da campanha de Trump até à Casa Branca é, e será, a oposição à imigração. O candidato milionário Trump, colando-se à imagem do xenófobo milionário e político italiano Sílvio Berlusconi, também será favorável à proibição da entrada de cidadãos muçulmanos nos EUA. Berlusconi, diga-se, sendo mentor do movimento Liga Norte, de extrema-direita em Itália, sempre foi opositor à imigração e nunca escondeu ser xenófobo. No seu partido, aliás, destacados membros e dirigentes assumem ser não só xenófobos, mas igualmente racistas.

Outra estratégia de Trump, e que foi emprestada por Berlusconi, é a difamação. Para Trump, é normal e legítimo criticar a vida íntima de Hillary Clinton, provável candidata democrata à sucessão do Presidente Barack Obama, também ele democrata. Trump disse ainda que o senador republicano John McCain, ex-candidato a Presidente, que foi prisioneiro de guerra no Vietname, não foi um herói, “por se ter deixado capturar”. A intolerância de Trump também critica os gays, simplesmente porque o são.

Parece que Trump explora as ideias mais provocantes por forma a obter disso dividendos políticos. Provavelmente causará embaraço a alguns norte-americanos admitirem que poderão vir a votar em tal candidato, tal é o extremismo das suas ideias. A certeza é de que Donald Trump é um candidato às Primárias do Partido Republicano dos EUA para levar muito a sério, mesmo tendo em conta a manipulação levada a cabo a troco de “um punhado de dólares”.

Seja Trump um fascista moral, compre ele as sondagens que comprar, pague ele a quantos apoiantes “leais” o que ele pagar, conseguiu controlar o fluxo de notícias saídas na imprensa norte-americana, e assim limitar os danos causados à sua candidatura. Enquanto Trump for ditando os seus soundbites, a imprensa estará ocupada de dar essas notícias ao público, enquanto que o escrutínio ao seu ideário estará irremediavelmente adidado sine die.