Pára Tudo: O Dragon Ball Está de Regresso!

Lembram-se dos momentos épicos da vossa infância em que a única coisa que interessava era assistir ao mais recente episódio do Dragon Ball? Se a resposta foi positiva isso significa, desde já, duas coisas: simpatizo muito com vocês e tenho notícias épicas para vos dar. Então não é que dezoito anos depois Akira Toriyama (para os mais distraídos refira-se que é o criador original da série) se lembrou de fazer regressar os melhores desenhos animados de sempre? É verdade: aquilo que parecia material do qual são feitos os sonhos vai tornar-se realidade! Ainda este ano teremos uma nova série de Dragon Ball, intitulada Dragon Ball Super! É caso para dizer que o tema do “Desnecessariamente Complicado” desta semana é uma autêntica capsula de regresso ao passado (viram como eu fiz, logo aqui no primeiro parágrafo, uma referência ao Dragon Ball Z e às viagens no tempo efectuadas pelo Trunks?).

Vamos por partes: os leitores mais incautos que desconheciam o regresso de Son Goku e companhia estão com os nervos em franja e querem saber tudo sobre isso logo vamos começar precisamente por aí.

Dezoito anos após o final de Dragon Ball GT, uma nova série de Dragon Ball vai estrear este verão: Dragon Ball Super! A confirmação foi dada pela Toei Animation, produtora oficial do Dragon Ball, acrescentando que a nova série vai começar algures onde o Dragon Ball Z acabou. No comunicado oficial podemos ler que “O Sr. Toriyama desenvolveu um enredo que não é apenas um sonho tornado real para milhões de fãs do Dragon Ball, mas também é um sonho que irá afectar uma nova geração de espectadores”. E sabemos também que esta nova série irá estrear em Julho, ou seja, não falta tanto tempo quanto isso!

Ou seja, de uma só vez temos várias boas notícias. Por um lado o regresso da série. Por outro o regresso do Sr. Toriyama que assim concretiza o desejo de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. Mas também o facto de vermos confirmado o Dragon Ball GT como sendo “não oficial”. Para tudo isto ser perfeito falta apenas termos a garantia da transmissão por parte de um canal nacional (sendo que os puristas, como eu, dirão sempre que Dragon Ball que é Dragon Ball dá na SIC) e a dobragem ser feita pelos actores originais. Se, por algum milagre, tudo isto se concretizar eu irei cumprir uma promessa qualquer que farei entretanto (nada que exija demasiado esforço, não vá depois ter de a concretizar, não é verdade?) ou não fosse eu um dos maiores fãs nacionais de Dragon Ball (mas isto vale pouco tendo em conta que todos os fãs dizem algo semelhante a isto, não é?).

O que ainda desconhecemos na totalidade é o foco desta nova série. Teremos Son Goku de novo em destaque ou o foco vai recair mais nas personagens “secundárias”? Irá Krillin bater o recorde de vezes que uma personagem morre numa só série? Teremos novos vilões ou o regresso dos antigos? Enfim, são questões, e mais questões, e mais questões, todas elas sem resposta. Pelo menos para já, porque existe sempre a esperança de sabermos algo antes da série estrear.

Dadas as novidades gostaria de contar um episódio da minha vida ao qual o Dragon Ball estará para todo o sempre ligado. É, muito provavelmente, o episódio mais épico de toda a minha existência (tendo inclusivamente dado origem a uma crónica por si só). Contudo, dado o tema era obrigatório conta-lo novamente. Fãs de Dragon Ball, juntem-se a mim neste meu regresso (momentâneo) à infância. Peço-vos paciência (dado que a história é algo longa), mas juro-vos que toda ela é verdadeira!

Antes de mais deixem que vos situe no tempo e espaço. Estamos em meados dos anos 90 (muito provavelmente 1994/1995, não sei precisar confesso), em Azambuja, concelho pertencente ao distrito de Lisboa. Era final de tarde, e certamente seria inverno, visto que apesar de não ser muito tarde o pôr-do-sol rompia por entre os estores, iluminando levemente a sala de estar.

Do alto dos meus quatro/cinco anos estava, como sempre, sentado no sofá a ver os meus desenhos animados favoritos. E sendo eu um rapaz, e decorrendo a acção em meados dos anos 90, acho que é bastante óbvio que falo de…Dragon Ball! Os meus pais tinham saído para ir às compras (aquelas compras do mês que demoram uma eternidade) e eu encontrava-me sozinho em casa com a minha bisavó. A nossa sala de estar era composta por um móvel (onde estava a televisão) que continha um bar no canto superior direito da sala, uma pequena mesa de madeira a meio da sala, um sofá individual ao lado da mesa (virado de frente para esta) e dois sofás (um individual e outro maior, para três pessoas).

Continha também duas portas que davam acesso ao quintal (visto ser o rés-do-chão) e um candeeiro grande, lindo, majestoso. E o cadeeiro não ficou para o fim por acaso. Era um candeeiro de tecto com pendentes, tantos pendentes que nunca soube ao certo quantos eram. Mas na altura pareciam-me mais de mil.

Bem, lá estava eu sentado no sofá a seguir com toda a atenção mais um episódio do Dragon Ball Z quando, por algum motivo que não faz parte da memória que tenho dos acontecimentos, decido saltar para cima do sofá (o grande, no canto da sala e de frente para a televisão). Certamente a acção estava entusiasmante e o nervoso miudinho era tanto que não aguentei sentado (logo eu que nunca gostei nada de estar quieto e calado). Todo eu era emoção, e nervosismo, e adrenalina. A acção estava ao rubro e certamente que na caixinha mágica acontecia um combate absolutamente épico e imperdível (daqueles que durava 20 episódios, como não podia deixar de ser) que eu acompanhava com murros e pontapés disferidos na atmosfera num inimigo invisível.

Mas eu só podia dar murros e pontapés enquanto que as personagens podiam voar, não era justo. Eu também queria voar, mas sabia que isso era impossível. E aí olho em frente e para cima. Os meus olhos encontram-se com o candeeiro, mais concretamente com os seus pendentes. Os desenhos animados perdem interesse por momentos.

Num acto repentino (e claramente irreflectido) decido saltar e esticar os braços em direcção ao candeeiro. Inesperadamente as minhas pequenas mãos agarram alguns dos pendentes e eu fico pendurado no candeeiro (o facto de ser pequeno permitia-me estar a uma altura considerável do chão). O facto de ter saltado de cima de sofá deu-me balanço suficiente para que viajasse, por meros segundos, pela sala. Afinal era possível eu voar! Agora sim, estava em vantagem na batalha, agora o meu inimigo invisível não teria hipótese de vencer! Todo eu era felicidade, afinal de contas estava a voar em plena sala de estar!

Mas assim que pensei isto para mim mesmo fiquei preocupado, visto que era preciso sair dali rapidamente e eu não sabia como o fazer. Tomei então a liberdade de me soltar, em pleno voo, não fazendo a mínima ideia de onde iria aterrar. Mais uma vez a sorte esteve do meu lado e aterrei no pequeno sofá individual que estava ao lado da mesa de madeira, no centro da sala. Ao aterrar fiquei sentado de lado, ou seja, as pernas em vez de estarem para a frente estavam para um dos lados, viradas para a televisão.

Caí, percebi que tinha ficado sentado, e ri-me. Obviamente que não tinha a mínima consciência do que tinha feito, e muito menos dos riscos que tinha corrido. “Durou pouco, mas foi engraçado” pensei eu. E mal acabo de pensar isto oiço um estrondo como nunca tinha ouvido na vida! O ruído estrondoso foi acompanhado de uma quebra de luz em toda a casa, excepto na televisão que continuava a mostrar uma batalha de proporções épicas. O meu peso, ainda que pouco, foi o suficiente para fazer cair o candeeiro e fazer toda a casa ficar sem luz tendo eu escapado por meros segundos (e milímetros).

Mas e onde estava a minha bisavó durante todos estes….dois minutos? Não fazia ideia, mas descobri segundos após a queda do candeeiro. Ela mandou um grito que me fez tremer tanto quanto a própria queda do candeeiro. Estava noutra divisão e não se apercebeu de nada, coitada. Realmente as crianças não podem ficar sozinhas mais do que trinta segundos!

Seguiram-se gritos e ameaças de sovas de proporções tão épicas quanto a batalha que dava na televisão (e que eu ainda assistia, não ligando nada ao ralhete que me era dado, visto que a televisão era a única coisa na casa inteira que funcionava). A sova não seria dada por ela mas sim pelos meus pais, que quando chegassem teriam um ataque cardíaco. Ou dois ou três logo de seguida. Pelo menos era o que eu pensava.

Ok, admito que estava com medo. Aliás, eu estava com muitoo medo, porque sabia exactamente o que me esperava assim que eles chegassem a casa. Esta era a época anterior aos telemóveis, à internet, ao Facebook. Nada havia a fazer e nenhuma forma havia de lhes comunicar o sucedido! Eu estava metido num grande sarilho!

As horas passaram e eles lá chegaram. Todo eu tremia tamanho era o medo do que me esperava. Nunca tinha levado grandes sovas, apenas alguns encostos com as costas da mão. Do que se seguiu tenho poucas, ou nenhumas memórias. Sei que coube à minha bisavó contar o que se tinha passado e que eu me escondi no quarto (antevendo o castigo que aí vinha).

Sabem qual foi o desfecho? Por incrível que pareça…não levei um único estalo, nem um único castigo. Aliás a minha mãe estava tão surpreendida com tudo aquilo que quando ouviu a história ficou completamente em pânico e sem reacção (pensando apenas naquilo que podia ter acontecido, coitada). Ou seja, a mais épica das minhas aventuras acabava de ser tornar ainda mais épica pelo facto de não ter levado uma única chapada. Foi a única vez que não fui castigado por alguma patifaria que fiz.

Hoje esta história serve para ser contada à mesa (nas reuniões de família e entre amigos) e para eu “gozar” com a minha mãe por me ter conseguido escapar de uma sova das antigas. Mas serve também para relembrar os bons momentos passados em frente à televisão a ver Dragon Ball Z e para me aperceber do quanto a minha vida podia ter mudado se aquele candeeiro me tivesse caído em cima (nem que fosse parcialmente). A vida é feita de sorte e azar. Nesse final de tarde tive sorte a quadruplicar: tive uma aventura épica; o Son Goku venceu a sua batalha; eu pude ver a batalha até ao fim e ainda por cima escapei a uma sova das antigas e a um castigo dos grandes. Se os humanos também tiverem sete vidas como os gatos de certeza que eu esgotei uma das minhas nessa tarde.

Contado o episódio da minha infância interessa realçar, novamente, o aguardado regresso de Son Goku, Vegeta, Krillin, Bulma e restantes personagens que tanto nos dizem. Agora resta-nos esperar por Julho e pelo Dragon Ball Super!

Boa semana.
Boas leituras.
E que o Tartaruga Genial esteja convosco!