Tudo o que precisa de saber sobre o Ébola

Sempre que uma nova doença surge todos nós trememos de medo e entramos, quase imediatamente, em pânico. O que faz um certo sentido, uma vez que a saúde é aquilo que temos de mais precioso. Recentemente surgiu uma nova doença que deixou meio mundo infectado e a outra metade aterrorizada. Dá pelo nome de Ébola e apesar de ter sido detectada em África já chegou aos Estados Unidos e a Espanha. Mas afinal o que é o Ébola e o que deve fazer em caso de contágio? Respire fundo e acalme-se que não é caso para alarme, o “Desnecessariamente Complicado” explica-lhe tudo.

Comecemos pelo princípio. Afinal o que é o vírus Ébola? É uma infecção de natureza viral que foi identificada pela primeira vez em 1976, numa remota região do antigo Zaire (agora denominado República Democrática do Congo), junto ao rio Ébola. E tal como já devem ter percebido é exactamente por isso que o vírus se chama Ébola.

Só conseguirá perceber se está infectado se souber quais são os sintomas. E são eles: febre acima dos 38º graus; vómitos; dor de garganta; cansaço excessivo e fortes dores de cabeça. Claro que alguns destes sintomas fazem parte de uma normal constipação (apenas para citar um exemplo) não tendo sempre de corresponder ao vírus Ébola. É então necessário ter a perfeita noção do seu estado assim como o tempo a que se encontra assim.

Mas se os sintomas o deixaram algo confuso quando souber como é transmitido o Ébola vai ficar esclarecido. Sendo claro e directo: um ser humano que esteja infectado pode transmitir a doença aos restantes através dos seus líquidos orgânicos. E o que são os líquidos orgânicos? São o sangue, a saliva, a urina, as fezes e os vómitos. E respondendo à pergunta em que pensou imediatamente: sim, dar um beijo à sua esposa (ou ao seu esposo, obviamente) pode ser um grande risco uma vez que ocorre troca de saliva. Em caso de suspeita de infecção o melhor é mesmo prevenir e deixar de lado não só os beijos como qualquer contacto directo.

Quais são os países onde se registaram surtos? Por agora são três: Libéria, Guiné-Conacri e Nigéria. Se você, ou alguma pessoa que conhece, esteve em algum destes países e sofre de algum dos sintomas acima descritos então pode ser considerado suspeito. Contudo falta referir outra questão da máxima importância: qual o período de transmissão? Só pode estar infectado quem esteve num dos países acima citados nos últimos 21 dias. Se esteve noutro país africano (ou se esteve num dos referidos mas há mais tempo) então não corre qualquer perigo.

Mas se estiver desconfiado que está infectado o que deverá fazer? O primeiro passo é o mais importante: ligar para a linha da Saúde 24 (evitando assim deslocar-se a um hospital) seguindo posteriormente as indicações prestadas pelos profissionais que se encontram do outro lado da linha.

Outra questão de extrema importância e que ainda não foi abordada neste artigo: como evolui a doença? Em metade dos casos a evolução é no sentido da cura, sendo a outra metade no sentido oposto (como de resto temos tido conhecimento através dos noticiários). Actualmente decorrem estudos em busca de uma vacina que possa ajudar a debelar com sucesso o Ébola, sendo impossível de prever se a mesma irá algum dia surgir.

Felizmente em Portugal ainda não foi detectado nenhum caso positivo de Ébola, mas se o mesmo acontecesse e o estimado leitor, por acaso, tivesse estado em contacto com essa pessoa…podia ter estado em contacto com o doente e não ter desenvolvido o vírus? Os profissionais de saúde ainda não possuem uma resposta definitiva para esta pergunta, contudo tudo indica que tal não seja possível.  Contudo apenas quando forem realizados os trabalhos de campo necessários é que pode surgir uma resposta definitiva.

Por último, mas não menos importante, é fundamental referir que em Portugal os casos suspeitos são encaminhados apenas para três hospitais, nomeadamente: São João (no Porto), Curry Cabral (em Lisboa) e Dona Estefânia (no caso do suspeito ser uma criança).

Dito tudo isto chegamos à conclusão de que é importante estar informado, atento e ser cuidadoso. Contudo o alarmismo não tem qualquer razão de ser uma vez que, como certamente percebeu, apenas poderá contrair Ébola em situações muito particulares. Por enquanto ainda não foram registados casos positivos em Portugal, mas não estamos imunes a que tal aconteça. É por isso importante apostar na formação dos profissionais de saúde (começando logo pelos operacionais que estão no atendimento da linha Saúde 24) de modo a que estejam preparados para qualquer eventualidade.

Aguardamos com atenção, e alguma ansiedade, a evolução da doença mantendo a esperança de que a mesma se mantenha afastada desta extremidade da Europa a que teimosamente chamamos Portugal.

Boa semana.
Boas leituras.